A Mascote do Tirano - Capítulo 67

67: Princesa herdeira 67: Princesa herdeira Aries estava na varanda de seus aposentos, olhando na direção onde o palácio proibido se localizava. O palácio Rosa e o palácio proibido estavam de ponta a ponta, muito longe dela.

O pensamento do filho de Abel nunca deixava sua mente. Não que lhe importasse se ele tivesse um filho ou uma dúzia. Mas Aries estava preocupada com o bem-estar da criança. Essa notícia não a incomodaria tanto se a morada deste príncipe fosse tão boa quanto o palácio Rosa. Até mesmo a metade tão boa quanto o dito lugar.

Mas não era.

Era desolado, abandonado e sinistro. Infelizmente, isso era algo que ela não deveria tocar. A criança não era seu filho. Era lamentável que seu pai fosse um tirano louco.

Um suspiro raso escapou de seus lábios. “Nesta noite… eu me pergunto se ele está bem?” ela ponderou, suspirando pela enésima vez.

Talvez fosse porque o príncipe tinha a mesma idade que sua irmãzinha, Alaric, que ela estava incomodada. Isso a fazia lembrar que Alaric não gostava do escuro. Ela se lembrava de quantas vezes Alaric entrava em seu quarto, querendo dormir juntas porque sempre tinha medo de ter pesadelos.

Embora Alaric tivesse seus próprios aposentos, ela frequentemente saía escondida no meio da noite para dormir no quarto de Aries. Então ela não podia deixar de se preocupar com o jovem príncipe. Embora ele fosse um menino, ainda era uma criança.

Havia alguém que estava lá para segurar as mãos do príncipe? Além de fantasmas? Ele recebia o suficiente de calor? Obviamente, Aries não esperava que Abel agisse como um pai adequado. Mas ainda assim… seu afeto afetaria grandemente seu filho.

Se uma criança fosse negligenciada, os servos também negligenciariam a criança. Esse era o destino dos nobres e das crianças na família real. A vida que eles viveriam era determinada pelo afeto de seus pais.

O motivo pelo qual o pai de Aries amava seus filhos igualmente. Ela vinha de uma família carinhosa com pais amorosos. Mas não era nenhuma novidade para ela saber dessas coisas, já que ela frequentemente se envolvia nos assuntos do reino e era ativa na alta sociedade.

“Eu nunca agradeci verdadeiramente ao Pai por…”

“Bu!” Aries pulou de surpresa quando Abel sussurrou em seu ouvido, olhando para trás para ele com olhos arregalados. “Uau, amor. Você tem medo de fantasmas?”

Abel deu um passo para trás, caminhando ao lado dela e depois pulando sobre as grades. Ele sentou casualmente sobre a grade, com os pés para dentro da varanda. Ele apoiou a palma da mão no traseiro, inclinando a cabeça para o lado.

“Você nunca agradeceu verdadeiramente ao Pai por?” ele repetiu suas palavras, piscando inocentemente, pois ela parou quando ele a assustou.

Aries soltou um suspiro profundo, encarando o homem que quase lhe causou um ataque cardíaco. “Por amar seus filhos igualmente.”

“Ah…” ele balançou a cabeça languidamente. “Ele era gentil?”

“Muito.” Ela encostou os braços na grade, lançando um olhar para Abel, que estava sentado nela. “Pai é a pessoa mais gentil que conheci com um coração de ouro. Às vezes, eu desejava que ele fosse um pouco egoísta.”

“Porque se ele fosse, Rikhill não seria arruinado?” ele adivinhou com um tom insensível. Neste ponto, ela já estava acostumada com seus comentários insensíveis, já que eram a verdade. Então ela assentiu, de boca fechada.

“Ele sempre nos diz que antes de ser um rei, ele é nosso pai. Um pai que faria qualquer coisa para proteger seus filhos,” ela compartilhou; algo que nunca compartilhou com ninguém após a ruína de sua terra natal. Ela olhava para frente, inalando a brisa noturna que soprava por ela.

“Talvez por isso, fomos todos criados teimosos. Ao contrário da maioria das famílias reais, tivemos muita liberdade. Recebemos educação igual ao príncipe herdeiro. Inúmeras oportunidades nos aguardavam, e éramos livres para seguir qualquer coisa.” Ela sorriu, os olhos se suavizando enquanto se lembrava desses tempos no passado. “Não importa se queríamos ser um cavaleiro, um músico ou nos tornar um erudito. Desde que pudéssemos e provássemos que podíamos, nos era permitido ser quem quiséssemos. Também não havia tratamento especial para nós.”

“Huh… sortudos.”

Ela sorriu e lançou-lhe um olhar rápido. “Nós éramos sortudos, de fato.”

“Então, que tipo de carreira você estava tentando seguir?” ele perguntou por pura curiosidade, olhando para o perfil lateral dela. O lado de seus lábios se curvou num sorriso, olhando para ele mais uma vez.

“O trono.” As sobrancelhas de Abel se elevaram enquanto ela desviava os olhos dele. “O príncipe herdeiro, meu irmão mais velho, é muito bondoso. Não estou dizendo que ele não é capaz, mas na verdade, ele não é tão ambicioso. Ele é como o Pai.”

“Mas você é?”

Aries deu de ombros enquanto sorria. “Você pode dizer que eu já fui ambiciosa. Antes de Rikhill se tornar vítima nas mãos do Império Maganti, eu recebi permissão para lutar contra meu irmão mais velho. Não nos odiávamos, porém. Se eu ganhasse, isso significava que eu era mais capaz. Mas se eu perdesse, então eu não era tão boa quanto pensava.”

“Você parece uma jovem senhora obstinada. Eu gosto disso.” Ele sorriu, aproveitando esta narração livre da velha Aries com sua própria iniciativa. “Você ganhou antes dessa trágica série de infortúnios?”

Ela apertou os lábios em uma linha fina e mudou sua atenção para ele. “Adivinhe.”

“Mhmm…” Ele coçou o queixo, estreitando os olhos enquanto estudava sua expressão. Aries escondeu quaisquer traços que pudessem dar a ele uma dica da resposta. Então, ele simplesmente tinha que confiar em seus instintos.

O lado de seus lábios se curvou, cruzando os braços. “Agora isso faz mais sentido.”

“O que faz mais sentido?” ela perguntou, inclinando a cabeça para o lado.

“Meu amor, minha querida doce valentona, não é essa a razão pela qual a nação inteira lutou por você?” ele inclinou a cabeça para o lado, falando num tom entendido enquanto lhe mostrava um sorriso orgulhoso. “Simplesmente não faz sentido que Rikhill tenha sido arruinado apenas porque uma princesa recusou uma proposta de casamento. Deve haver uma razão mais profunda do que isso, estou correto, minha princesa herdeira?”

Ela mordeu o lábio inferior, desviando os olhos dele. No entanto, ele riu de sua reação. Ela nem confirmou nem negou, mas já era óbvio.

“Você me orgulha.” Ele cutucou sua bochecha com o indicador. “Tão incrível.”

Aries franziu a testa enquanto ele mantinha o dedo em sua bochecha, lançando-lhe um olhar. Ela não conseguia ficar brava com ele assim que viu o orgulho em seus olhos como se ele estivesse muito orgulhoso dela.

“Claro, eu sou incrível.” Ela limpou a garganta, olhando para o lado. No entanto, mesmo que ela tentasse esconder, Abel ainda notou como a ponta de sua orelha estava pintada de vermelho.