Capítulo 651: [Capítulo bônus] Isaías, vamos enterrá-la novamente.

“É por isso! Que! Devemos! Deixá-la! Em! Paz!”

O rosto de Aries se contorceu quando Conan já estava ofegante depois de gritar cada palavra com tanta paixão. Então, ele também estava com medo, hein?

“Ela com certeza vai me dar trabalho esta noite.” Abel franziu a testa enquanto esfregava o queixo. “Vamos adiar isso por cerca de um mês, já que quero aproveitar nossa lua de mel, querida. Não quero alguém invadindo nosso quarto enquanto estou dentro de você.”

“Abel!” O rosto de Aries ficou instantaneamente vermelho.

“Ah. Foi mal!” Abel riu e depois seu olhar caiu sobre Sunny. “Esquece que ouviu isso.”

Sunny apenas piscou. “Quem dera.”

“Tsc.” Aries estalou a língua em irritação. “Vou contar até três. Se você não desenterrar meu mestre, vai enfrentar as consequências — um!”

Abel desviou o olhar enquanto a expressão de Conan se tornava ainda mais sombria.

“Dois!” Aries cerrava os dentes enquanto olhava de um para o outro. “Trê —”

“Tá bom!” Conan exclamou, arrastando os pés para a frente. “Lá vou eu desenterrar essa mulher podre, tá bom!”

Abel manteve seu rosto impassível, mas estava claramente aborrecido. Ele apontou para Aries enquanto passava por ela.

“Não me culpe se eu esmagar o crânio dela se ela disser mais alguma palavra que menospreze minha inteligência.”

Dito isso, Abel e Conan começaram a cavar a terra. Isaiah também se juntou a eles. Enquanto isso, Sunny e Aries assistiam de longe, comendo alguns lanches e suco. Após um tempo, Aries e Sunny se levantaram do tecido em que estavam sentadas e se aproximaram do buraco que os três haviam cavado.

Isaiah ainda estava dentro da cova enquanto Abel e Conan estavam em pé na superfície, de frente para Aries e Sunny. Abel apoiava a mão no quadril, a pá no ombro. Enquanto isso, Conan segurava o cabo da pá, o queixo sobre os punhos, e a pá cravada um pouco no chão para sustentar sua postura preguiçosa.

Isaiah olhou para cima enquanto eles estavam de pé sobre o caixão simples. Ele viu Aries fazer um gesto com o queixo, dizendo casualmente, “abra.”

Um suspiro fraco escapou dos lábios de Isaiah. Por que ele tinha que ser a pessoa a abrir o caixão? Ele só encontrou Marsella uma ou duas vezes antes de Abel enterrá-la, mas em todos esses encontros, Isaiah só tinha uma opinião sobre ela.

Marsella… era uma maluca. Pior que o Abel. Ou melhor, é que agora Abel parece um pouco mais domesticado por causa da Aries.

Isaiah cuidadosamente abriu o caixão com sua pá, revelando uma bela mulher com cabelos prateados sedosos e brilhantes. Marsella costumava ter cabelos dourados brilhantes, mas seu cabelo desbotado também lhe caía bem. Ele deu vários passos para trás quando os olhos de Marsella se abriram.

A primeira coisa que ela viu foi Abel, Conan, Aries e Sunny olhando para ela.

“Mestre!” Aries chamou aliviada. Ela era a única pessoa que tinha algum sentimento positivo sobre isso. Até a expressão de Sunny estava difícil de discernir enquanto olhava para Marsella.

“Olá, querida irmã,” Abel sorriu ironicamente quando encontrou os olhos de Marsella novamente. “Como foi a sua estadia neste lugar? Gostou?”

“Ahh…” Marsella murmurou o resto de suas palavras para si mesma, fazendo Aries olhar para todos.

“Ela está bem?” perguntou Aries baixinho, observando Conan fixar o olhar nela.

“Você acha que ela está bem de alguma forma?” Conan franzia o nariz. “Essa mulher nunca foi sã. O quão ruim você é julgando pessoas?”

“Sou tão ruim que pensei em você como meu amigo?”

“Ei! Isso é ofensivo!”

“O Tio Bonitão está dizendo a verdade,” Sunny comentou, segurando a mão de Aries. “Até minha linda vovó concordaria com ele.”

“Viu?” Conan olhou para Aries de cima a baixo como se julgasse sua existência inteira, mas a última o ignorou.

“Por que ela não está se mexendo?” Aries perguntou curiosa.

“Porque ela é louca!” Abel intonou, olhos em Marsella. “Ela está conversando consigo mesma, pensando em quem deve mandar para o inferno primeiro.”

“O duque!” Conan imediatamente levantou a mão. “Eu voto para que Sua Graça vá primeiro!”

“Eu indico a mesma pessoa.” Sunny também votou como se a votação oficial acabasse de começar.

“Uh…” Aries olhou para Conan e Sunny antes de fixar os olhos em Isaiah. Este último olhou para ela e depois para os outros dois que foram descarados o suficiente para entregá-lo sem a menor hesitação. Aries poderia estar irritada com Isaiah, mas não a ponto de querer ele morto.

Mas, pensando bem, Isaiah era capaz o suficiente para se defender.

“Mesmo…?” Aries levantou a mão relutantemente enquanto desviava o olhar do grande duque com uma leve culpa.

“São quatro votos para o Isaiah, Marsella.” Abel riu contente como se Isaiah não estivesse lá para ouvi-lo, apontando enquanto falava em ordem. “Você ataca ele primeiro, e depois Conan, Sunny antes de mim. Isso me dará tempo de cobrir minha esposa de amor e carinho sem fim.”

Para surpresa deles, Marsella não se mexeu do caixão e simplesmente fechou os olhos.

“Vocês palhaços vão me deixar em paz?” ela disse sarcasticamente. “Estou tendo um bom momento aqui.”

“Hã?” Aries franzia a testa enquanto os olhava novamente. “Ela disse que quer ficar enterrada?”

“Disse.” Sunny assentiu. “Acho que ela quer viver na solidão.”

“Ela amadureceu?” Conan murmurou incrédulo. “Ela quer agora viver na reclusão?”

“Essa é definitivamente um tipo diferente de reclusão,” Aries apontou com a cara contorcida.

“Isaiah, vamos enterrá-la de novo,” Abel ordenou casualmente.

“E quanto a mim?” Aries perguntou quase imediatamente, atraindo a atenção de todos.

“Vovó, você quer ser enterrada também?” perguntou a menina, mas antes que Aries pudesse esclarecer, Conan já tinha falado.

“Eu sei que bruxas gostam de viver na reclusão, mas não pensei que você já tinha adotado esse hábito.”

“Querida, temos palácios, mansões, um império e lugares para onde ir. Eu não sabia que você quer que a gente viva debaixo da terra?” Abel adicionou incrédulo.

“Devo preparar um caixão grande o suficiente para dois?” Isaiah perguntou mas foi ignorado.

“Eu —” Aries apertou o vão do nariz, sem conseguir discernir se aquelas pessoas tinham um acordo silencioso para agir sem noção. O que ela estava querendo dizer era ‘e quanto ao treinamento dela?!’ mas obviamente eles entenderam de outra maneira. “Deixa pra lá. Se meu mestre concorda com isso, então deixem ela viver na solidão.”

Abel sorriu satisfeito, olhando para o poço novamente. “Apenas saia daí quando você puder manter Marsella sob controle, Vera. Eu quase a matei se você tivesse chegado um segundo atrasada.”

“Hã?” Aries franzia a testa, e, felizmente, Sunny estava lá para explicar.

“A pessoa que abriu os olhos não era a bonita Vovó, mas a verdadeira Marsella,” disse Sunny. “Se não fosse pelo Vovô e o Duque Deadmore mantendo-a sob controle, ela teria te dividido… bem no meio.”

“Ah, vamos lá, Sunny. Você vai assustar minha esposa! Isso não vai acontecer. Não enquanto eu estiver por perto.” Abel manteve seu sorriso. Aries abriu e fechou os olhos, estudando o sorriso de Abel, em seguida, a expressão preguiçosa de Conan enquanto olhava de volta para ela, e então o rosto adorável de Sunny.

“Vocês… todos sabiam?” ela falou em voz baixa, e Sunny assentiu. A resposta da menina a deixou sem palavras.

“Ram,” Marsella chamou, com os olhos ainda fechados, mas falou de novo quando sentiu o olhar de Aries sobre ela. “Lembre-se de tudo o que eu lhe ensinei. Se precisar de ajuda, esse maldito feiticeiro aqui pode ajudar. Vou descansar por um tempo.”

“Que tocante,” comentou Abel, mas Aries e Marsella o ignoraram.

Aries manteve seus olhos em Marsella e assistiu a última abrir os olhos devagar.

“Lembre-se…” Marsella hesitou antes de Isaiah fechar abruptamente a tampa, seguida pela risada sinistra vinda de dentro do caixão. “Maléfica!! Eu vou te matar! Haha!”

Aries sentiu um arrepio na espinha enquanto ela se assustava, um pouco surpresa com a mudança de tom de Marsella. Mas sabendo que havia duas almas naquele corpo, Aries sabia que a pessoa rindo uma vez que Isaiah fechou o caixão não era sua mestra, mas a verdadeira Marsella.

“Mestre…” Aries sussurrou, ouvindo a risada abafada e as ameaças de Marsella. “… Eu vou, não se preocupe.”