646: Tire minhas roupas e eu tirarei sua dignidade 646: Tire minhas roupas e eu tirarei sua dignidade “Estou cansado, Aime. Estou exausto de tudo. Ser o príncipe herdeiro, esses deveres árduos, as expectativas irreais, o peso que tenho que carregar, e tudo mais. Está me esmagando.”

Aries cerrou os dentes, mantendo os olhos nos dele, suaves. O silêncio seguiu os comentários de Davien, pois nenhum dos dois falou por minutos, apenas se olhando silenciosamente.

“Você está desistindo agora por causa dela?” ela sussurrou incrédula, incapaz de acreditar como ele podia dizer tudo isso logo após uma desilusão amorosa. Claro. Aries entendia sua dor, mas ela não tinha ideia da profundidade dela, porque nunca se apaixonou por ninguém — ela nunca precisou de um plano; nunca precisou de um.

“Não.” Davien balançou a cabeça. “Sempre me senti exausto. Ser o herdeiro não é só sobre o glamour e o poder, junto com o título de príncipe herdeiro. Todas as vidas estavam em minhas mãos e cada uma era pesada, suas mortes ainda mais pesadas. Uma decisão errada e todos podem morrer. Não posso nem chorar porque não posso ser fraco, Aime. Mas eu sou fraco; nem sempre sou forte e destemido e altruísta. Eu… por uma vez, também queria fugir, respirar, viver. Mesmo que por um momento. Mas estou com medo; sempre estive.”

Seus lábios se curvaram amargamente. Ele sabia que não deveria estar lhe contando isso agora, mas não podia mais se conter. Como príncipe herdeiro, ele era responsável por muitas coisas e era obrigado a manter coisas como problemas pessoais para si. No entanto, ele explodiria se não desabafasse essas frustrações.

Davien havia sorrido e festejado durante todo o banquete com todos, mas por dentro, ele estava morrendo uma morte lenta e dolorosa. A traição foi simplesmente a gota d’água. Ele suportou tudo, sabendo que seria recompensado, apenas para descobrir que seus esforços foram jogados no lixo — Davien estava perdido.

Ele estava confuso; ele estava desmotivado. Ele não sabia mais o que fazer e tudo o que podia sentir era o aflitivo tormento e a paralisante exaustão. Ele não sabia como começar de novo. Estava completamente esgotado.

E Aries sentiu-o. Ela sentiu aquela impotência e seu grito silencioso por ajuda em seus sentimentos. A fúria em seu coração gradualmente arrefeceu enquanto seu coração amolecia. A raiva que ela sentia lentamente se dissolveu em compaixão. Seu irmão estava sofrendo e ela nunca o havia percebido. Ninguém viu.

“Minha oferta…” ela sussurrou, acariciando seus cabelos gentilmente. “… você ainda se lembra dela?”

“Hm?”

“Naquela época, debaixo daquela árvore de tília…”

“Aime.”

“Case comigo, Davien,” Aries pediu sinceramente, olhando para ele enquanto sua cabeça ainda estava em seu colo. “Pode se tornar um enorme escândalo, mas nosso povo nos conhece, a você e a mim. Eles nos adoram e servimos a eles com bons corações e intenções. Pode ser difícil no início, mas eventualmente aceitarão nossa união.”

“Aime,” Davien chamou-a novamente para parar com suas bobagens.

“Eu quis dizer, Davien. Naquela época… e até agora, eu ainda quero. Vamos nos casar.”

“Aries Aime Heathcliffe,” a voz de Davien se tornou séria e firme, fazendo um esforço para se sentar. Ele se virou para ela e balançou a cabeça, soltando um suspiro cortante. “Você… não precisa ter pena de mim.”

“Eu não tenho pena de você, Davien.”

“Então, devo dizer que você não conhece a profundidade do que está falando tão levemente?”

“Eu definitivamente sei do que estou falando, Davien.” Desta vez, seu semblante se firmou, assim como sua voz. “Vou me tornar sua esposa, sua princesa herdeira, sua rainha. Estou ciente de que não posso estar com outro homem além de você, mas nunca quis estar com outro homem. Ser esposa de alguém nunca esteve em meus planos.”

Aries respirou fundo. “Mas se for você, não me importo. Sei que posso confiar em você.”

Davien abriu e fechou a boca, olhando para ela em descrença. Sua teimosia nunca deixava de o deixar sem palavras. Ele sabia que ela insistiria nesse assunto a partir desse momento para lhe dar um respiro, mas Davien não tinha coração para deixá-la carregar esse pesado fardo.

“Você… realmente quer ser minha esposa?” ele perguntou em um sussurro enquanto mantinha seu olhar.

“Sim.”

“Pode provar isso?” ele imediatamente lançou sua pergunta complementar, fazendo suas sobrancelhas se franzirem.

“Como?” ela respondeu.

Davien a olhou silenciosamente e sensualmente, lançando-lhe o olhar que um homem lança a uma mulher. Ele se inclinou lentamente com o rosto para frente, inclinando a cabeça. Vendo sua ação, todo o corpo de Aries se enrijeceu enquanto ela apertava a saia.

Quando ambos podiam respirar o hálito um do outro, Davien parou.

“Ser minha esposa… não significa apenas compartilhar meu fardo nos assuntos de estado, Aime. Também teremos que cumprir deveres conjugais, e você terá que carregar nosso filho. Precisarei gerar um herdeiro, e teremos que fazer isso várias e várias vezes até produzirmos pelo menos alguns filhos. Você entende o que precisamos fazer para que isso aconteça, certo?” Davien lentamente afastou a cabeça para olhar para sua expressão atônita. Ele não queria fazer isso, mas a única coisa que poderia deter a teimosia dela era se ele a assustasse um pouco.

“Seu coração, sua mente e seu corpo serão meus, Aime. Eu posso fazer o que eu quiser com eles, tê-los a qualquer hora do dia,” ele continuou, enfatizando cada sílaba de sua frase. “Os homens são feras, e eu não sou exceção. Se isso não te repugnar, então seja minha convidada. Tire minhas roupas e eu tirarei sua dignidade, assim não terei desculpas para não me casar com você e torná-la minha princesa herdeira.”

Um sopro superficial escapou pelos seus lábios enquanto ele sorria fracamente, esperando que ela o olhasse de volta. “Mas francamente, eu não posso fazer isso com você, Aime. Eu te adoro e valorizo tanto que não posso permitir que você faça isso por mim.”

Seus olhos se suavizaram, erguendo uma mão para afagar a cabeça dela. “Estou apenas feliz que você está aqui para confortar seu irmão patético e agradeço seu coração por desejar me ajudar em tudo o que puder. Isso por si só já me fez sentir muito melhor. Obrigado.”