A Mascote do Tirano - Capítulo 38

38: Correspondente 38: Correspondente “Você acha que estou brincando?”

Aries e Abel se encararam em silêncio. As engrenagens em sua cabeça giravam em uma velocidade inimaginável, pensando se isso era uma armadilha. Ela entendia seu humor caprichoso, mas isso não era assunto para brincadeiras, nem algo que eles poderiam levar tão na leveza.

“Isso é estranho,” ele falou depois de algum tempo em silêncio, pousando um polegar em seu queixo. “Outros certamente se alegrariam se eu oferecesse a sua filha este título, mas você… não o quer? Havia algo que você desejaria de mim além de não matá-la?”

Abel inclinou a cabeça para o lado, piscando sem entender. “Como posso mimá-la se você não me pede nada?”

“Eu… apenas não aceito coisas que sei que não posso,” saiu uma voz suave, olhos naquele par de perigosos rubis profundos. “Ser imperatriz está além de mim.”

“Você parte o meu coração. É só essa a razão? Ou você simplesmente não quer carregar meu sobrenome?” Por um breve segundo, o amargor ressurgiu em seus olhos, mas instantaneamente se desvaneceu sem deixar rastro.

“Não é assim.” Ela baixou os olhos. “Simplesmente não desejo cobiçar algo que não deveria.”

Abel apertou os lábios e os cantos caíram. “Se é isso o que você diz. Minha oferta permanecerá. Uma vez que decidir ser imperatriz, eu a farei uma.”

Ao retirar o polegar do queixo dela, Aries lançou um olhar furtivo a ele. Seus lábios formaram uma linha fina, percebendo o ar distinto ao redor dele que ela não poderia descrever em palavras.

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O dia passou como um borrão. Aries acompanhou Abel durante o dia; encontrando nobres, indivíduos chave que contribuíam para o império e permanecendo em seu escritório até que a noite se aproximasse. Essa tinha sido a rotina dela pela última semana.

Hoje foi diferente.

Aries foi incomodada durante todo o dia após a estranha conversa com ele. Assim, ela não conseguia dormir. Então ela foi até a varanda para tomar um pouco de ar.

Ela escondeu o corpo com o xale enrolado ao redor dela, olhando a vegetação escura do palácio em que ela estava hospedada. “Uma Imperatriz, hein?” ela sussurrou, respirando fundo o ar fresco enquanto a brisa noturna beijava suas bochechas.

“Por que ele me olharia com aqueles olhos vazios novamente quando eu recusei?”

Na verdade, Aries era inteligente e talentosa o suficiente para assumir o papel. Se ela se entregasse de corpo e alma, ela poderia ser uma governante justa de um império. No entanto, aceitar esse papel também significava que ela estaria para sempre ligada a Abel. Não que isso já não fosse o caso.

No fundo, ela ainda tinha a esperança de que Abel a libertasse um dia desses. Embora… houvesse esse sentimento arrepiante de que isso seria mais difícil do que ela pensava.

Ela abriu os olhos devagar. “Ele… está ficando obcecado comigo?” ela perguntou-se, segurando o xale com mais força.

Até agora, Aries tratava Abel de acordo com o esperado, dizendo as coisas que ele queria ouvir e agindo confortavelmente. Houve vezes que seu rosto se iluminava com bondade, mesmo que por um breve segundo. Ela passou dias e noites com ele, exceto esta noite, mas durante todos esses tempos, ela deve admitir que ele estava se tornando menos aterrorizante.

Embora Abel ainda pudesse ser assustador às vezes, ela já estava acostumada. Mas suas ações causaram um efeito diferente do que ela antecipava?

“Sinto que estou sempre acuada e preciso tomar uma decisão de vida ou morte,” ela murmurou com um suspiro profundo. “É bom que ele tenha dito que está ocupado esta noite. É por isso que ele não virá. Acho que posso respirar por enquanto.”

Justo quando Aries estava prestes a voltar para o quarto, ela franziu a testa. Um corvo pousou de repente na grade. Seus olhos instantaneamente caíram sobre o rolo de papel, fazendo-a olhar ao redor.

“É uma carta para mim?” ela perguntou-se, aproximando-se cautelosamente do corvo. Quando ela teve certeza de que o corvo não a atacaria, ela cuidadosamente alcançou para desatar o rolo de papel amarrado em seus pés.

[ Acordada? — Abel ]
“Hã?” Aries verificou o verso do pequeno papel para ver se era só aquilo. Estava vazio. “Ele enviou um corvo apenas para enviar essa única palavra?”

Ela olhou para o corvo que estava olhando de volta para ela. “Estava esperando por uma resposta minha?” Aries estudou o corvo por um minuto antes de verificar a carta novamente.

“Ele está me assustando,” ela sussurrou antes de voltar para dentro, deixando a porta entreaberta. Aries não se demorou e se sentou na cadeira diante da escrivaninha, escrevendo uma resposta para ele.

[ Sim. ]
Aries parou após escrever sua resposta. Mas encarando os espaços do papel, ela se sentiu um pouco… culpada. Como eles podiam desperdiçar papéis assim? Então, ela escreveu mais.

[ Eu estava na varanda e notei que consigo ver o palácio do imperador daqui. Não pude deixar de pensar em como o imperador é trabalhador para estar trabalhando até tarde da noite. ]
Ela leu novamente, arrependendo-se imediatamente de ter escrito isso. No entanto, o arrependimento não foi suficiente para impedi-la de enrolar o papel. Usando a corda da carta que recebeu dele, ela o amarrou meticulosamente. Aries saiu, e o corvo ainda estava lá.

“Então ele está esperando uma resposta, hein?” ela murmurou, aproximando-se discretamente do corvo. Assim que ela amarrou a carta de forma segura nos pés do corvo, ele voou. Assim, sem mais.

Aries assistiu-o voar até que se desvanecesse na escuridão. “Ele estava entediado enquanto estava no meio de algo importante?” ela murmurou, lembrando-se de Abel chamando isso de um assunto ‘importante’.

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Enquanto isso, na área proibida do palácio do imperador…

Abel estava em pé diante da janela. Ele levantou um braço, permitindo que o corvo pousasse nele. O lado de seus lábios se curvou para cima, vendo um papel amarrado em seus pés. Ele cuidadosamente desamarrou, lançando o braço, fazendo o corvo voar para dentro do quarto.

“Ela realmente sabe o que eu quero ouvir…” ele murmurou contente. “… e me deixa louco.”

Ele leu a carta dela várias vezes antes de se virar. Abel caminhou sobre um corpo no chão como se não estivesse lá, dirigindo-se à escrivaninha para escrever de volta. Uma vez terminado, ele virou a cabeça para onde o corvo estava.

Seus olhos pousaram nas pilhas de corpos espalhados pelo quarto, ignorando o sangue espalhado pelo ambiente. Era uma visão terrível de se ver e mesmo assim ele estava imperturbável.

“Envie isso para ela,” ele assobiou, fazendo o corvo que bicava o olho de uma pessoa voar em sua direção. Abel amarrou a carta, e o corvo voou para o palácio onde Aries estava hospedada. Assim que o corvo fez isso, Abel se levantou.

“Me pergunto o que ela diria se eu lhe contasse sobre isso.” Ele respirou fundo, olhando para a bagunça que fez apenas para que ela não morresse em suas mãos. “Minha Aries… você não tem ideia de que quanto mais tempo você viver, mais pessoas morrerão em seu lugar…”

Abel caminhou até a janela aberta, mão no peitoril. Ele respirou fundo através de dentes cerrados, deixando suas presas laterais se esticarem até se tornarem caninos. Ele virou o pescoço para o lado, olhos estreitando perigosamente.

“… e eu estou bem com isso.”