306: Trabalho 306: Trabalho ****4 MESES DEPOIS****
O despertar repentino de Stella foi desencadeado por uma série de batidas estrondosas ecoando na entrada do quarto, acompanhadas de gritos abafados do outro lado da porta. Pânico correu pelas suas veias enquanto ela voltava o olhar para Matteo, ainda aninhado nos lençóis amassados.
“Matteo, acorda!” Sua voz tremia com urgência, o desespero transbordando em suas palavras. “Como você consegue dormir quando—”
“Ela tá em trabalho de parto!” A voz de Damien, tensa com ansiedade, atravessou a porta. Os olhos de Stella se arregalaram, uma súbita compreensão a atingindo. A gravidade da situação pesou sobre ela enquanto os gritos angustiados de Beatriz ecoavam pelo corredor.
“Ai, meu Deus… Matteo! Acorda!” A urgência de Stella se intensificou enquanto ela dava um golpe forte em suas costas, impulsionando-se para pôr-se de pé. Matteo gemeu e se mexeu na cama.
“Por que você tinha que me bater?” Sua voz estava sonolenta, carregada de irritação.
“Para de reclamar! Beatriz está em trabalho de parto!”
A urgência em seu tom o despertou completamente. Matteo levantou-se de um pulo, pegando uma camiseta qualquer do armário. Arrancando suas chaves, ele ajudou Stella a sair do quarto. Enquanto eles desciam correndo as escadas, ele parou no terraço com vista para o salão principal. Lá, ele viu Damien, Rhys e Bolívar, com rostos marcados pela preocupação, guiando Beatriz em direção à saída.
“Vamos, não fica parado aí!” Stella repreendeu, impaciente. Abotoando sua camisa, Matteo desceu as escadas em passos largos, juntando-se ao aglomerado de figuras ansiosas abaixo.
“Leva ela pro meu carro,” Matteo ordenou de forma assertiva, seu tom inflexível. Ele caminhou em direção à entrada decididamente.
“Eu vou levar ela mesmo,” Rhys protestou, a preocupação tecendo suas palavras.
“Você não tá em condições de dirigir,” Matteo afirmou, consciente, seu olhar fixo em Rhys.
“O que você quer dizer com isso?” A voz de Rhys chiou com uma mistura de preocupação e defensividade, seus instintos protetores acendendo.
“Não é hora de disputas,” Bolívar interveio, entrando no meio da crescente tensão. “Rhys, Matteo tem razão. Vocês dois estão preocupados demais com a Beatriz. Tomar decisões impulsivas nesse estado de espírito não é seguro. Deixa ele e a Stella cuidarem—”
As palavras foram cortadas pelos gritos agudos e agonizantes que emanavam do carro onde Beatriz agora estava sentada.
“Droga! Stella!” O grito de Matteo estava carregado de urgência enquanto ele disparava em direção ao seu carro.
“Tô indo!” A resposta de Stella foi rápida e resoluta. Ela deslizou para o banco de trás do Cadillac, apoiando a cabeça de Beatriz em seu colo. “Dirige com cuidado, Mat.”
“Vou fazer o meu melhor.”
“Só vai logo, caralho!” O grito impaciente de Beatriz pontuou a troca, seu sofrimento impelindo Matteo à ação imediata.
***
A sala de espera estava carregada de tensão. Os gritos abafados vindos do quarto de parto amplificaram a ansiedade no ar. Rhys, Damien, Matteo, Stella e Bolívar andavam de um lado para o outro inquietos, cada um absorto em seus próprios pensamentos. De repente, Remo irrompeu na cena, ofegante como se tivesse corrido até ali.
“O que?” Remo perguntou, seu tom tingido de curiosidade.
“Você estava tão preocupado?” Matteo perguntou com um tom surpreso.
“Por que pergunta?”
O sobrolho de Matteo se ergueu, divertido. “Você parece ofegante, como se tivesse corrido até aqui.”
“Bem, eu não queria perder toda a emoção,” Remo retrucou com seu sarcasmo característico.
“Se você acha isso divertido, seu senso de diversão é meio doentio,” Damien interveio. Suas palavras foram cortadas pelo chamado de uma enfermeira do berçário.
“Damien?”
“Sim, sou eu,” Damien respondeu, se adiantando.
“Ela quer você lá dentro,” a enfermeira instruiu com rapidez, fazendo sinal para ele seguir.
“Rhys!” A voz de Beatriz ecoou do quarto, congelando tanto Damien quanto a enfermeira em seus passos.
“Viu o que eu falei?” Remo interveio com um sorriso irônico, cutucando Matteo, que observava a cena se desenrolar com uma mistura de diversão e exasperação.
Pouco depois, Damien emergiu do quarto, com a mão pressionada na testa, visivelmente sobrecarregado. Stella correu para o seu lado, a preocupação marcando seu rosto.
“Como ela está? O que tá acontecendo?” Sua impaciência era palpável.
“É mais difícil do que eu pensava,” Damien confessou, seu corpo parecendo perder toda força enquanto ele se ajoelhava no chão, joelhos ao peito.
“O que você quer dizer?” Matteo perguntou.
“O coitado não aguentou ver ela com dor. Bem, você que procurou por isso,” Remo participou da conversa, sua risada misturada com um tom de provocação.
“Ela vai ficar bem,” Bolívar entrou na conversa, seu rosto iluminado com um sorriso esperançoso. A atenção do grupo se voltou para ele.
“Por quê? Porque você já passou por isso antes?” Matteo brincou.
“Exatamente.” O rosto de Bolívar se transformou em um de compreensão. Nesse momento, o quarto foi preenchido pelos suaves e alegres choro de um recém-nascido, deixando o grupo em um silêncio estupefato. O fôlego de Stella falhou, lágrimas escapando dos seus olhos.
“Ela conseguiu,” ela sussurrou fracamente, suas pernas quase cedendo sob ela. Matteo correu para o lado dela, envolvendo-a em seus braços.
“Você tá bem? Vamos pegar alguma coisa para—”
Matteo começou, mas Stella interrompeu.
“Não, eu quero vê-los,” ela insistiu, lutando contra o abraço dele. Como se em um sinal, uma enfermeira entrou na sala, sua expressão sem emoção. Vendo seu comportamento impassível, a expressão de Bolívar mudou de alegria para preocupação.
“Parabéns… é uma menina,” a enfermeira anunciou.
“E como está a minha princesa?” Bolívar perguntou com um tremor na voz, avançando timidamente em direção à enfermeira.
“Ela está tão saudável quanto pode estar. O parto foi bem-sucedido, e tanto a mãe quanto a criança estão seguras.”
A sensação de alívio de Bolívar era palpável enquanto ele deixava as lágrimas que se formaram em seus olhos escorrerem ao próprio bel-prazer.
“O que foi, pai?” Stella perguntou, avançando e colocando a mão em seu ombro.
“Por um momento, fiquei preocupado…” A voz de Bolívar tremia com emoção.
“Nós podemos vê-la agora,” a enfermeira sugeriu com um sorriso.
“Sério?” Os olhos de Bolívar brilharam.
“Claro. Mas por favor, mantenham a ordem pelo bem da mãe.”
“Sim, sim,” Bolívar respondeu, assoando o nariz. “Leva a gente até ela.”
Entrando no quarto, o grupo deparou-se com a cena comovente da bebê menina aconchegada no peito de Beatriz. Damien, que havia saído brevemente para se recompor, não conseguiu conter o fluxo de emoções ao ver a vulnerabilidade de Beatriz. Lágrimas não contidas desceram por suas bochechas enquanto ele se aproximava dela, ajoelhando.
“Me desculpa,” a voz dele vacilou com remorso.