A Luna Amaldiçoada de Hades - Capítulo 94
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94: Entre Meu Marido e Eu 94: Entre Meu Marido e Eu Este capítulo é dedicado a Bailee_Nelson e J_Iva, seus bilhetes de ouro não passam despercebidos. Obrigado por arriscarem na minha história •́ ‿ ,•̀
Eve
Kael me pegou bem a tempo, antes que eu caísse de cara no chão. Suas mãos eram leves enquanto meu rosto corava de vergonha.
“Talvez eu seja mesmo um cisne bêbado,” eu disse com uma voz pequena.
“Um cisne bêbado, mas ainda assim um cisne,” ele disse com uma voz dramática.
Eu não pude fazer nada além de olhar para ele e nós dois caímos na gargalhada. Ele me soltou e eu retomei a posição que ele havia me ensinado.
Kael deu um passo para trás, com os braços cruzados, um sorriso satisfeito puxando seus lábios. “Você está chegando lá, Vermelho. Um dia, você pode até me dar trabalho. Talvez.”
Eu revirei os olhos, ajustando minha postura como ele havia me mostrado. “Você quer dizer o dia em que você ficar velho e lento?”
Ele riu, o som quente e desprotegido. “Cuidado, ou vou fazer você correr até o amanhecer.”
Eu gemi dramaticamente, ganhando outra risada dele. Apesar das brincadeiras, a paciência e o encorajamento de Kael eram um bálsamo para as inseguranças que eu havia trazido para este empreendimento. Ele não era condescendente, nem me empurrava além do que eu poderia aguentar. Ele me deixava lutar, me deixava aprender, mas estava sempre lá para me pegar antes de eu bater no chão — literalmente.
“Certo,” ele disse, avançando e assumindo uma postura defensiva. “Vamos tentar de novo. Desta vez, não pense. Apenas mova-se.”
“É mais fácil falar do que fazer,” eu murmurei, mas empinei os ombros e me preparei. Kael estava certo, claro. Pensar demais sempre foi minha queda, seja no treinamento, tomando decisões, ou… lidando com Hades.
Hades.
O pensamento dele me enviou um arrepio pela espinha, embora eu não tivesse certeza se era de frustração, medo ou algo mais profundo que eu não ousava nomear. Eu quase podia sentir sua presença, o peso do seu olhar, a tensão que sempre parecia segui-lo como uma sombra. Ele havia me proibido de treinar, de aprender a lutar, como se eu fosse algum enfeite frágil para ser mantido atrás de vidro. E talvez uma vez, eu tivesse acreditado nisso também. Mas não mais.
Kael avançou sem aviso, tirando-me dos meus pensamentos. Eu desviei desajeitadamente, meus instintos tomando conta enquanto tentava contra-atacar. Meus movimentos eram desordenados, mas intencionais, um reflexo da determinação teimosa que havia me levado até aqui em primeiro lugar. Kael acenou aprovadoramente, seu sorriso se alargando.
“Melhor. Novamente.”
Continuamos por horas que pareciam intermináveis, cada rodada me empurrando mais, testando meus limites. Meus músculos ardiam, minha respiração vinha em suspiros curtos, mas eu não parava. Eu não podia. Cada tropeço, cada erro apenas me alimentava. Eu provaria a Hades — e a mim mesma — que eu era mais do que a mulher que ele pensava que precisava proteger.
Kael se aproximou, suas mãos tocando as minhas enquanto ajustava meu aperto. “Você consegue, Vermelho. Apenas mantenha seu peso equilibrado — assim, dessa forma.”
Eu assenti, meu foco se estreitando para a tarefa em mãos. Pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia forte. Capaz. Livre.
Mas o momento se estilhaçou como vidro quando a porta do ringue de treinamento se abriu com estrondo, a força dela reverberando pelo espaço. Kael e eu congelamos, virando-nos em direção ao som.
Hades estava na porta, sua expressão uma tempestade de fúria e contenção. Sua presença era uma força tangível, o ar crepitando com o poder mal contido do rei Lycan. Seu lobo ardia em seus olhos, crimson, como sangue brilhante, a raiva da criatura espelhada na linha dura de sua mandíbula e na tensão em seu quadro.
Kael se endireitou, sua postura casual desaparecendo enquanto ele encontrava o olhar de Hades.
“Vossa Majestade,” eu disse calmamente, embora houvesse uma leve beira em minha voz — um desafio, sutil sob o feixe de nervos.
Hades não respondeu. Seu foco estava totalmente em Kael, seus olhos escuros e ilegíveis. Engoli em seco, meu coração martelando enquanto eu dava um passo instintivo à frente.
“Nos deixe,” Hades disse, sua voz baixa, mas comandante. As palavras pairavam pesadas no ar, não deixando espaço para argumento. As marcas roxas no pescoço de Kael passaram pela minha mente e mantiveram meus pés colados ao chão.
“Não,” eu disse. “Eu não vou a lugar nenhum.” Eu disse a ele.
“Ellen…” Kael murmurou. “Você deveria—”
Eu fiquei diretamente na frente dele, entre ele e Hades, protegendo-o. “Se você tem um problema, vossa majestade. É comigo.” Eu disse com firmeza.
Os olhos de Hades se arregalaram antes de pousarem em mim. “Esta é sua última chance, Vermelho,” ele arrastou as palavras. A intensidade suficiente para tirar o ar dos meus pulmões.
“E esta é a última vez que vou dizer que estou ficando.” Eu retruquei com um olhar feroz.
Ele franziu a testa, seus ombros tensionaram. “Não seja ingênua, só porque eu fui leniente com você não significa que vou deixar você me subestimar!” Ele latiu. Ele apontou para a porta. “Saia agora.”
“Para você poder matá-lo desta vez?” Meu contra-ataque, meu corpo inteiro tremendo, não de medo, mas de raiva.
As sobrancelhas de Hades se juntaram antes que seus olhos disparassem para Kael, acusação escrita neles.
Eu me aproximei de Kael, “Ele não me contou. Eu descobri sozinha. Quem mais seria capaz de deixar marcas nele?”
Ele sorriu, mas era tudo dentes e veneno. “Então você tem cuidado das marcas dele?” Ele exigiu.
Minha frustração inflamou, minhas veias se enchendo com a vontade de dizer algo horrendo. “O fato de você não entender o ponto, é por isso que estamos nesta situação. Você só vê o que quer ver. Você vê traição onde não há. Você vê fraqueza em mim quando tudo o que estou fazendo é tentar ser mais forte — por mim, por você! Mas você não ouve, não é? Tudo o que você se importa é com controle, não com entendimento.”
Hades endureceu, seu rosto endurecendo ainda mais, mas por um breve segundo, pensei ter visto um lampejo de algo mais em seus olhos. Arrependimento? Dor? Desapareceu antes que eu pudesse ter certeza, substituído pela raiva fervente de seu lobo logo abaixo da superfície.
“Cuide de sua língua, Ellen,” ele disse, sua voz perigosamente baixa, mas isso não me intimidava mais.
“Não,” eu disse, minha voz se elevando. “Você que cuide da sua. Não sou sua marionete, Hades. Não sou um objeto frágil que você pode esconder enquanto o resto do mundo luta suas batalhas. Você não pode tomar decisões por mim sem sequer tentar entender por que estou fazendo isso.”
Kael se mexeu atrás de mim, e eu podia sentir sua tensão irradiando como calor. “Ellen—”
“Eu dou conta,” eu disse asperamente, nem mesmo me virando para olhá-lo. Essa não era sua luta. Era a minha.
Hades deu um passo à frente, e por um momento pensei que ele poderia fechar a distância entre nós completamente. Sua imponente figura pairava, sua presença sufocante, mas eu não me encolhi. Se alguma coisa, eu empinei a coluna, encontrando o olhar dele. “Kael,” eu murmurei. “Você está dispensado.” Eu amaciei meu tom.
“Sim, sua alteza,” ele disse antes de sair. Foi contraintuitivo me deixar sozinha com o touro furioso que Hades era, mas isso estava entre mim e Hades sozinhos. Havia coisas que eu queria dizer que eram apenas para os ouvidos dele.
“Você me desobedeceu,” ele disse através de dentes cerrados. “Você terá que pagar por isso.”
Eu dei de ombros. “Não será a primeira vez. Mas você não vai tocar um único cabelo na cabeça de Kael.”
Seu olhar se estreitou, ele deu um passo em minha direção. “E se eu fizer?” A ameaça estava pesada em seu tom baixo.
Um arrepio correu pela minha espinha. Aquele era seu beta, mas parecia que ele tinha pouco respeito ou moral para vê-lo como algo além de um rival ou uma ameaça. Meu queixo se apertou, e eu segurei minha posição, mesmo enquanto sua imponente figura reduzia a distância entre nós.
“Se você fizer,” eu disse, minha voz estável apesar da tempestade rugindo dentro de mim, “então você me perde. Eu desisti dessa merda que chamamos de casamento de conveniência há um tempo, mas se você machucá-lo novamente, não haverá nada para salvar. Eu vou embora, Hades. Não apenas de você, mas de tudo isso.” Minhas palavras eram uma aposta perigosa, uma que eu não tinha certeza se poderia sustentar. Mas eu precisava que ele me ouvisse, que me visse como mais do que apenas sua esposa prisioneira desobediente.
Eu o encarei, as palavras pairando no ar entre nós como uma lâmina pronta para atacar. Hades não recuou, seus olhos carmesins perfurando os meus com uma intensidade que enfraquecia meus joelhos, embora eu me recusasse a mostrar isso.
“Você não vai embora,” ele disse, sua voz baixa e inflexível, uma promessa perigosa na corrente. Ele deu mais um passo à frente, fechando a distância entre nós até que eu pude sentir o calor irradiando dele. “Você não pode ir embora, Ellen. Nós dois sabemos disso.”
Minha respiração engasgou, mas eu me fortaleci, recusando dar a ele a satisfação de ver meu medo. “Você está certo,” eu disse, minha voz mais aguda do que eu pretendia. “Eu não posso ir embora. Mas isso não significa que vou ficar parada enquanto você age como um tirano. Você não me possui, Hades, não importa o quanto você queira acreditar nisso.”
Seu maxilar se apertou, e seus olhos escureceram ainda mais. O lobo dentro dele agitou-se, uma presença quase tangível pressionando contra minha pele. “Você é minha,” ele rosnou, as palavras retumbando profundamente em seu peito. “Minha esposa. Quer você goste ou não.”
Eu zombei, embora meu coração martelasse no peito. “Você não me trata como uma esposa, Hades. Você me trata como propriedade. Como uma prisioneira.” Porque eles eram o que eu era, mas isso não significava que eu não tentaria sair de minha cela. “Não toque em Kael, Vossa Majestade.”
Sua mão disparou, agarrando meu queixo gentilmente, mas com firmeza, inclinando meu rosto para encontrar o dele. O movimento foi tão repentino, tão comandante, que eu esqueci de respirar. “Kael,” ele cuspiu o nome de seu beta com tanto veneno que meu estômago revirou. “Por que Kael?”
Eu pisquei para ele como se ele tivesse crescido uma segunda cabeça. Ele estava falando sério? Eu me soltei de seu aperto, apenas para ele me agarrar novamente, mais áspero desta vez.
“Fale, Vermelho,” ele exigiu. “Por que ele?” O carmesim de seu lobo cresceu mais intenso. Ele não iria desistir sem uma resposta.
“Porque ele apostou em mim!” Eu explodi. “Ele não me viu como nada além de uma maldita fraqueza.” Eu joguei suas palavras de volta para ele com tanto veneno. “Para ele, eu não sou uma distração chorosa. Ele vê algo que o seu ego se recusa a deixar você ver,” eu terminei, minha voz tremendo com a força de minha raiva. “Kael vê minha força, Hades. Ele acredita que eu valho mais do que um peão em seu torcido jogo de controle.”
Ele estremeceu como se eu o tivesse atingido.