A Luna Amaldiçoada de Hades - Capítulo 83
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83: Sua Responsabilidade 83: Sua Responsabilidade Eve~
Eu o observei rindo de mim, meu rosto ardendo de calor. Sua risada era intoxicante; enfumaçada e profunda, como uma melodia que dançava nas bordas do meu constrangimento. Mas também era enfurecedora e dolorosa.
“Você é um idiota,” eu murmurei, encolhendo-me ainda mais na água enquanto sua risada finalmente começava a diminuir.
Hades enxugou os olhos, o sorriso presunçoso ainda persistindo enquanto se agachava novamente, segurando o livro encharcado em sua mão como se fosse o artefato mais divertido que ele já encontrara. “Vermelho,” ele disse, sua voz rouca, impregnada de genuína curiosidade. “Não há necessidade disso.” Seu olhar se tornou sombrio com promessas de assassinato. Uma expressão que sempre me fazia arrepiar. “O que aconteceu hoje nunca mais acontecerá.”
Eu pisquei para ele. “Você sabe?”
Suas sobrancelhas se franziram, sua boca curvando-se para baixo em desgosto. “Por que eu não saberia o que acontece na minha torre?” Ele perguntou, ofendido.
Eu olhei para baixo. “É a família do Kael.”
“E daí?” Ele perguntou. “Eles ainda são meus súditos e você não está mais autorizada a entrar na ala esquerda nunca mais.” Ele falou em um tom que não admitia argumentos.
“Eu só continuo me escondendo?” Eu perguntei.
Seu olhar endureceu, sua mandíbula tensionando enquanto ele me observava. “Não se trata de se esconder, Vermelho,” ele disse, sua voz baixa e cortante. “É sobre ficar segura.”
Eu me irritei, a picada persistente da humilhação misturando-se com frustração. “Segura?” Eu repeti, minha voz subindo ligeiramente. “Segura do *quê,* Hades? Palavras? Desaprovação? Eu não posso viver minha vida encurralada em um canto porque as pessoas não gostam de mim.”
“Você não sabe do que meu povo é capaz,” ele retrucou, seu tom afiado. “Você não aprendeu com o que Felícia fez, ela—”
“me torturou,” eu interrompi, encarando-o agora. “E eu não pude fazer nada além de chamar por um lobo que não podia me ouvir.” Lágrimas picaram meus olhos, mas eu as contive. Este não era o momento de mostrar fraqueza. Eu não estava recuando. Assistir uma mulher sem lobo como eu se defender foi uma revelação. Eu perdi Rhea, mas isso não significava que eu tinha que ser vulnerável e inútil. Um fardo.
Ele se inclinou mais perto, sua sombra cobrindo-me enquanto seus olhos penetravam nos meus. “Você não precisa lutar suas batalhas sozinha. É para isso que eu estou aqui.”
“Não é esse o ponto!” Eu estalei, batendo as palmas das mãos contra a superfície da água. O som ecoou pelo banheiro, silenciando-nos ambos. Minha respiração veio rápida, meu peito subindo e descendo enquanto eu tentava me recompor. “Eu não quero ser só mais um problema para você resolver, Hades. Eu quero ser… útil. Forte. Como Jules. Ela não tem um lobo, mas isso não a impede. E nem deveria me impedir.”
Ele me encarou, sua expressão ilegível, seus ombros tensionados.
Eu continuei, minha voz mais baixa, mas não menos firme. “Você acha que está me protegendo me mantendo trancada, mas tudo que isso faz é me fazer sentir pequena. Indefesa. Como se eu não valesse a pena lutar porque você não me deixa lutar por mim mesma. Você mesmo disse, eu sou um fardo.” Eu joguei suas palavras de volta para ele, com mais veneno do que eu achei que era possível.
O silêncio entre nós se estendeu, o ar pesado com tensão não dita enquanto eu estava lá, meu peito subindo e descendo enquanto a tensão entre nós crescia. O olhar de Hades escureceu, sua mandíbula cerrada de uma forma que me avisava que suas próximas palavras não seriam gentis.
“Você acha que aprender com um livro vai te fazer forte?” Sua voz estava fria, cortando o vapor quente que pairava no banheiro. “Você acha que a força da Jules vem apenas das artes marciais? Ela luta porque foi endurecida por anos de dor e experiência. Isso não é algo que você pode imitar. E se tentar, só vai acabar machucada.”
Suas palavras eram como adagas, cada uma cortando mais profundamente que a anterior. Eu engoli em seco, me forçando a não chorar, mas o nó em minha garganta se recusava a desaparecer. “Então, o que? Você está dizendo que eu nunca serei forte o suficiente?” Minha voz quebrou, traindo a tempestade de emoções que fervilhava dentro de mim. “Que eu sempre serei a fraca, a indefesa, o fardo que você acha que eu sou?”
Seus olhos fixaram nos meus, e por um momento, eu pensei que vi algo mais suave, quase arrependido, mas se foi tão rápido quanto veio. “Você não entende o mundo em que você vive, Vermelho. Força não é algo que você pode pegar emprestado ou desejar. Ou você a tem, ou não.”
As lágrimas se acumularam apesar dos meus melhores esforços, borrando minha visão. Eu virei minha cabeça, envergonhada, mas era tarde demais. Ele as viu.
“Não chore,” ele murmurou, seu tom agora mais suave, embora ainda carregasse aquela borda de frustração.
Eu endureci quando seus dedos tocaram minha bochecha, enxugando uma lágrima solta. Seu toque era terno, delicado—em contraste com a dureza de suas palavras. Eu odiava que isso fizesse meu coração palpitar, que isso despertasse algo quente em mim mesmo enquanto sua indiferença doía.
“Eu não estou chorando,” eu murmurei, embora ambos soubéssemos que não era verdade.
Ele não respondeu. Em vez disso, ele pegou um pano do lado da banheira, mergulhando-o na água quente antes de torcê-lo. Meus olhos se arregalaram enquanto ele se aproximava, o calor de sua presença quase tão avassalador quanto o próprio banho.
“Hades—”
“Fique quieta,” ele ordenou, seu tom não deixando espaço para argumentos.
Eu congelei enquanto o pano tocava meu ombro, sua mão grande firme enquanto ele começava a me lavar. O calor da água e o suave arrastar do tecido contra minha pele eram reconfortantes, mas a intimidade do ato me deixava sem fôlego.
“Isso não é necessário,” eu sussurrei, minha voz trêmula.
Ele não respondeu, seu foco inabalável enquanto trabalhava. Seu toque era metódico, quase clínico, ainda assim havia uma gentileza que fazia minha pele formigar. Ele me lavava lentamente, seus dedos deslizando sobre meus braços, meu colarinho, minhas costas. Quando ele alcançou minhas mãos, sua pegada demorou, seus polegares traçando círculos sobre minha pele úmida.
Eu tremi, e não de frio.
Quando ele finalmente terminou, ele se levantou, sua imponente figura destacando-se sobre mim. Antes que eu pudesse reagir, ele se abaixou, seus braços deslizando por baixo de mim.
“Hades, não—” Eu protestei, mas ele me ignorou, me levantando da água como se eu não pesasse nada.