A Luna Amaldiçoada de Hades - Capítulo 355
- Home
- A Luna Amaldiçoada de Hades
- Capítulo 355 - Capítulo 355: A Arma Secreta de Darius
Capítulo 355: A Arma Secreta de Darius
Hades
Meu sangue gelou diante das implicações de suas palavras. Eu sabia tão bem quanto ela o que significava. Eu sabia o que as veias negras significavam. Mente se fraturando apenas para manipular o sujeito, garantindo que ele não se lembrasse, eu sabia o que tudo isso significava porque…
Eu havia tentado fazer o mesmo com Eve, fazê-la esquecer o que eu fizera a ela, mas ela estava alerta e Rhea não havia possibilitado. Então, eu soube instantaneamente que isso apontava para nada menos que a entidade que acabara de ser expurgada de mim. Não havia outra explicação. Mas como isso poderia ser possível.
A voz de Eve estava rouca quando ela falou novamente. “Você sente grilhões em sua mente?” Seus olhos estavam arregalados, e eu podia sentir seu cabelo se arrepiar onde eu estava ao lado dela, meu corpo espelhava a reação.
A pergunta dela fez a mulher na tela congelar.
Não apenas parada — mas petrificada.
Eve não havia elevado a voz. Ela nem sequer se inclinou. Mas o peso de suas palavras pousou como trovão em uma sala sem tempestade.
Você sente grilhões em sua mente?
Os dedos da Senhora Morrison se curvaram contra a blusa como se ela estivesse tentando se manter unida.
“Eu… eu não sei o que isso significa,” ela sussurrou.
“Você sabe,” Eve disse suavemente. “Você apenas nunca teve palavras para isso.”
Eu sabia que ela estava certa.
Porque eu havia vivido com esses grilhões.
Eu os deixei se enrolarem em torno de mim em meus momentos mais fracos, sussurrando dúvidas e promessas na mesma respiração. Eu os deixei entrar de bom grado. Mas eles não foram feitos para serem abrigados na carne.
Eram algo completamente diferente.
A mulher na tela tremia. “Às vezes… quando estou sozinha… sinto como se não estivesse. Como se algo… estivesse observando através de mim.”
Eu dei um passo à frente.
“Você já fala alto,” perguntei, voz baixa, “mas não lembra do que disse?”
Ela assentiu.
“Você perde a noção do tempo?” Eve acrescentou. “Acorda em um cômodo que não lembra de ter entrado?”
Outro aceno. Desta vez frenético.
“Você já pega o seu reflexo,” eu disse, estreitando os olhos, “e jura que ele piscou antes de você?”
Lágrimas escorreram pelo rosto dela. “Sim. Sim. Oh, Deus—o que está acontecendo comigo?”
“Não é você,” Eve sussurrou, sua voz agora trêmula, “é o que ele deixou dentro de você.”
Ela.
Isso.
Vassir.
Não apenas um deus.
Um parasita. Um legado. Uma mancha que não morreu quando seu corpo morreu.
A verdade torceu em meu estômago.
Ele sabia. O desgraçado sabia que nós o expurgaríamos.
E em seus últimos dias, ele plantou sementes em outro lugar.
A Senhora Morrison era apenas uma.
Olhei para Kael. Ele parecia abalado, lábios apertados, uma mão se movendo em direção à sua arma—não em agressão, mas por instinto. Como se estivesse pronto para lutar contra algo que nenhum de nós conseguia ver.
A voz de Cain era suave, mas com bordas de ferro. “Se o que ela está dizendo é verdade, não estamos apenas lutando contra um deus. Estamos lutando contra uma contaminação.”
Um vírus nascido na alma. Um que não precisava de sangue para se espalhar. Apenas um olhar. Um sussurro. Um sopro compartilhado na sala errada.
Eve estava olhando para a tela como se quisesse atravessá-la.
“Você sonha?” ela perguntou em voz baixa.
A Senhora Morrison piscou. “O tempo todo. Mas eles não são meus.”
“O que você quer dizer?” perguntei, mandíbula cerrada.
“Eles parecem… emprestados,” ela disse. “Como se eu estivesse assistindo a memórias que nunca pertenceram a mim. Sangue. Fogo. Gritos. E um rosto — o rosto dele. Não o do meu marido. O dele. Aquele com as veias negras.”
A voz dela caiu para um sussurro. “Ele sorri em todos eles.”
Um calafrio subiu pela minha espinha.
O Fluxo. Mesmo sem a presença completa de Vassir, o choque de sua mente estava ecoando por ela.
Contaminação residual. Como fumaça após uma explosão.
Virei-me para Kael. “Precisamos que os Deltas a examinem imediatamente.”
“Ela está à milhas de distância,” ele disse sombriamente. “Nossos Deltas não terão acesso sem a autorização de Morrison.”
“Então corte a burocracia,” eu retruquei. “Estamos sem tempo.”
Cain se colocou ao meu lado, voz pensativa. “Se Vassir fragmentou-se — espalhou pedaços de sua vontade para outros antes do Rito — então ele pode ter mais de um hospedeiro.”
Mas os olhos de Eve estavam se movimentando, como se ela estivesse tentando calcular algo em sua mente, eu podia ouvir seus pensamentos murmurados enquanto ela organizava o que sabia e o que descobrimos, incluindo aqueles que ainda não descobrimos.
Os lábios de Eve se moveram, quase inaudíveis. “Não. Não, isso não faz sentido.”
Eu me virei para ela.
Seus olhos estavam distantes, mas ardentes—como se ela estivesse olhando para o mundo através de um caleidoscópio de verdades despedaçadas.
“Ele se despediu,” ela murmurou.
“O quê?” Cain perguntou, franzindo a testa.
“Vassir. No Rito,” Eve disse, agora mais alto. “Ele se despediu. Ele me contou a verdade, me mostrou o que ele era, e então—ele me deixou ir. Esse foi o fim dele.”
Franzi a testa. “Eve—”
“Não, escute,” ela disse, girando em nossa direção com urgência. “Isso não pode ser o Fluxo. Não o que estamos vendo nela. É outra coisa.”
Cain exalou pelo nariz, o som agudo e desconfiado. “Ou ele mentiu.”
“Ele não mentiu.” A voz dela vacilou, mas seus olhos permaneceram firmes. “Ele queria ficar. Assumir o controle. Mas não fez isso. Ele soltou. Eu senti isso. Aquela coisa dentro de Hades—morreu. A Veia foi destruída. A conexão rompida.”
“Então, como você explica isso?” Kael perguntou sombriamente, gesticulando para a ainda apavorada Senhora Morrison congelada na holotela. “Essa mulher está infectada com algo.”
Eve ficou imóvel.
Como uma lâmina mantida perfeitamente ereta.
E então—sua cabeça inclinou, olhos se estreitando como se ela estivesse perseguindo algo no escuro.
Ela sussurrou, “A menos que não seja sobre a alma.”
Cain ergueu uma sobrancelha. “Então o quê?”
Ela encontrou meu olhar. “O corpo.”
A sala congelou com suas palavras.
“O que você quer dizer?” perguntei.
Eve se moveu para o centro da sala como se a tempestade estivesse se formando sob seus pés. “A Veia… a Veia do Vassir… foi extraída do corpo de Vassir, sim. Ela veio originalmente dos restos físicos de Vassir. É assim que começou—sua carne. Sua carne corrompida.”
“E?” Cain perguntou.
“E,” Eve disse lentamente, como um horror surgindo, “só porque nossas amostras foram eliminadas, não significa que todos os restos dele foram. O chifre ainda está lá fora, como Vassir disse.”
Um silêncio caiu.
E então Cain sussurrou isso.
“Darius.”
“Meu pai tem o chifre,” Eve sussurrou. “Pelo menos é isso que sabemos. Mas eu tenho certeza…”
A voz dela foi sumindo, mas meus pensamentos avançaram.
Eu entrei, voz baixa, grave. “Então não é apenas adoração. É manipulação.”
Todos olharam para mim.
Continuei meu olhar na holotela tremulante, embora eu não estivesse mais vendo a Senhora Morrison. Eu estava vendo ele. Darius Valmont. O fantasma por trás disso tudo. A única sombra que se recusava a desaparecer.
“Ele não está tentando invocar Vassir,” eu disse. “Ele está tentando controlá-lo. Dobrar o que resta de sua essência. O poder de Vassir deixou Morrison insano antes — mas agora essa mesma loucura foi reutilizada, redirecionada.”
O maxilar de Kael travou. “Você está dizendo que ele reverteu o efeito do Fluxo em Morrison?”
Eu assenti. “Se Darius tem acesso ao chifre, mesmo a um fragmento da fisicalidade decomposta de Vassir, então sim. Não seria necessário uma alma completa — apenas resíduos. Ecos. Os fragmentos certos embebidos em sofrimento. Ele poderia refiná-los. Alterá-los.”
Cain exalou bruscamente, o horror pleno despontando em seus olhos. “Transformá-lo de uma força corruptiva em uma força controladora.”
“Exatamente.” Eu me virei para os outros. “Isso explica tudo. A cura. A lucidez repentina. A devoção. Morrison não foi apenas salvo. Ele foi reescrito. Dobrado à vontade de Darius. O Fluxo uma vez o deixou louco — e agora está sendo usado para torná-lo obediente.”
O rosto de Eve estava pálido, mas sua expressão estava aguçada com compreensão — e medo.
“Vassir se destruiu no Rito,” ela disse. “Mas Darius recuperou as peças. Como reciclar um deus.”
Cain xingou em voz baixa. “Ele está construindo um panteão de fantoches.”
“E Morrison é apenas o começo,” Kael murmurou.
Eve exalou como se algo em suas costelas finalmente tivesse se quebrado. Sua voz estava firme, mas carregava aquele peso assustador — o tipo que vem quando instinto e medo se fundem em certeza.
“Precisamos encontrar o chifre. Agora.”
Todos os olhares se voltaram para ela.
Kael piscou. “Você acha que Darius ainda o tem?”
Ela assentiu. “Eu sei que ele tem. Ou ele está prestes a conseguir. De qualquer forma, todo este espetáculo — Morrison, a transmissão, a revolta no conselho — não é o desfecho. É uma distração.”
Cain cruzou os braços, inclinando-se levemente para frente. “Uma distração de quê?”
“Do alvo real,” Eve disse, olhando para mim. “É isso que ele está encobrindo com o caos.”
Senti um arrepio percorrer minha espinha.
Eve deu um passo em direção à holotela, onde a imagem da Senhora Morrison ainda estava congelada em confusão, tremeluzindo suavemente.
“Agora tudo faz sentido. Darius não se importava se Morrison queimasse todas as pontes que ele tinha. Ele só precisava que ele mantivesse a atenção por tempo suficiente. Manter a Torre Obsidiana em alvoroço, fragmentada, consumida com o controle de danos. Ele quer que fiquemos distraídos, ele está se movendo agora e não sabemos qual é o movimento.”
Kael xingou entre dentes. “Estamos perseguindo sombras enquanto ele move as peças no tabuleiro.”
Dei um passo à frente, com os punhos cerrados. “Então precisamos virar o tabuleiro.”
Mas a mão de Eve disparou, palma aberta. “Não. É isso que ele quer — reação, caos, calor. É assim que ele controla o ritmo. Se ultrapassarmos os limites, vamos cair direto na armadilha que ele preparou.”
A voz dela estava calma, mas o fogo em seus olhos desmentia isso. Sua mente estava à frente de todos nós.
Cain se recostou lentamente, os olhos se estreitando. “Então o que fazemos?”
Eve se afastou da tela, finalmente — como se Morrison não importasse mais. Ela era um sinalizador, não o fogo. Uma única pista dolorosa em uma rede muito mais profunda.
“Vamos esfriar,” Eve disse. “Deixe que ele pense que estamos fragmentados, atordoados. Deixe que ele pense que sua distração funcionou. Enquanto descobrimos o que ele está fazendo? Ou seremos pegos de surpresa, apesar de tudo que sabemos agora.”