A Luna Amaldiçoada de Hades - Capítulo 258
Capítulo 258: Morte dos EUA
Eve
Eu tentei não me encolher com sua picada dolorosa.
Ele continuou a falar. “Eu já me certifiquei e analisei seu sangue. Com aquilo que chamam de Marcador de Fenrir no seu sangue, você é de fato o ingresso de sobrevivência da minha matilha.”
Eu pisquei lentamente, suas palavras rastejando como aranhas sob minha pele.
Seu tom estava calmo demais.
Frio demais.
Como se ele não estivesse falando mais de mim. Como se eu fosse um recurso. Uma relíquia. Algo antigo a ser desenterrado e dilacerado em partes.
“Meu… sangue,” eu ecoei, a realização me inundando rápido demais, forte demais. “Você quer extrair—dar para os outros?”
“Para os civis da matilha, sim.”
Eu balancei a cabeça, minha respiração acelerando. “Você está falando de—de transfusões? Injeções? Experimentos—”
“Colheitas,” ele cortou.
A palavra me silenciou.
Era tão definitiva. Tão brutal. Tão desligada do homem que eu conhecia. Eu estava na Facul 14 novamente, e não era Hades quem falava comigo—era o cientista.
“Você não pode estar falando sério,” eu disse, minha voz fraquejando. “Hades, esse não é você—”
“Isso é necessidade,” ele retrucou, levantando-se com uma graça lenta e calculada. “Você não pode mais decidir o que é, Eve. Não depois das vidas que você tirou. Não depois do monstro que você se tornou.”
“Eu não escolhi isso—”
“Mas você deixou que vivesse,” ele disse lentamente. “Você deveria ter acabado com isso.”
Minha boca se abriu, mas nenhum som saiu.
Eu não conseguia falar.
Não porque não tinha palavras—mas porque tinha muitas.
Verdades demais que eu não conhecia.
Mentiras demais em que acreditei.
Meu corpo tremia, mal segurado pelas amarras fixadas na cadeira. Meus pulsos ardiam onde eu puxava contra elas—onde o metal penetrava na pele crua em uma tentativa vã de escapar.
Mas não havia como escapar disso.
Não dele.
Não da verdade.
“Você não pode mais decidir o que é,” ele tinha dito.
E eu acreditei nele.
Porque a Eve que existia antes desta sala… antes deste momento… já havia morrido. Quantas vezes eu teria que morrer antes de finalmente parar de respirar?
“Hades…” eu engasguei, minha voz dilacerada. “Eu não sabia. Eu não sabia o que eu era. Eu não queria ser isso. Eu não pedi para nascer amaldiçoada. Eu não pedi para ser irmã dela—” Minha voz falhou, soluços se formando logo abaixo. “Eu não pedi por nada disso. Você tem que acreditar em mim. Não é o que parece.”
O silêncio após minhas palavras foi uma coisa cruel.
Indiferente.
Até ele se virar, apenas um pouco, para me olhar.
E então veio o prego final.
“Eu sabia,” ele disse simplesmente.
Eu pisquei. “Sabia… o quê?”
Ele respirou fundo.
Mas não foi firme.
Foi irregular. Afiada.
Dolorosa.
“Eu sabia que você era minha parceira,” ele disse, “semanas antes de te marcar.”
A sala girou.
Eu esqueci como respirar.
“Eu sabia,” ele repetiu. “E deixei que Amelia te fizesse acreditar que você estava morrendo—que o Hollowing estava finalmente te matando. Não o destino. Não doença. Eu.”
Eu gemi, um som que não reconheci como meu.
Ele se aproximou novamente, a voz baixa. “Eu precisava que você estivesse desesperada, Eve. Eu precisava que você me procurasse. Eu precisava que você quisesse seu lobo de volta o suficiente para seguir a única rota que restava.”
Meus lábios tremiam. “A marca…”
Ele assentiu. “Você era a única que poderia sobreviver à Lua de Sangue que estava vindo. Mas seu sangue—seu marcador—não estava pronto. A cepa de Fenrir em você estava dormente. Imatura. Inútil.”
Eu balancei a cabeça. “Então você—”
“Eu tive que trazer Rhea de volta,” ele disse, direto. “Seu lobo era a chave. O gatilho. Uma vez que ela retornou, o marcador começou a mudar. E você começou a mudar.”
Ele me olhou então—não como um amante. Nem mesmo como um rei.
Como um colecionador admirando algo finalmente completo.
“Eu fiz amor com você,” ele disse, a voz tão baixa que era quase terna. “Não por amor. Mas para reverter o Hollowing. Para catalisar a maturidade do marcador. Eu precisava do seu corpo preparado. Seu sangue viável. Nada mais.”
Meu grito saiu de mim antes que eu percebesse que tinha feito um som.
Não foi alto.
Mas estava quebrado.
Um som cru, áspero, nascido de muitas traições em pouco tempo.
“Você me usou,” eu sussurrei. “Você usou tudo o que eu te dei… cada parte de mim…”
Ele não negou.
Ele não se encolheu.
Eu mal conseguia ver através do borrão de minhas lágrimas.
Cada respiração que eu tomava arranhava meus pulmões. Cada palavra que ele falava parecia um corte que nunca coagularia.
“Eu te amava,” eu solucei, a voz mal audível. “Eu te amava com tudo o que me restava, e você—”
“Eu sei,” ele interrompeu. “É por isso que funcionou. Acho que me amar não fazia parte do seu plano.”
Eu tremi tanto que meu corpo inteiro sacudiu. “Não havia plano.”
Ele zombou. “Claro que não havia. É por isso que você tramou o sequestro de Elliot e seu resgate heróico.”
“Se você… tem tanta certeza… então me dê uma razão para eu ter feito isso,” eu quase gritei, tremendo.
Ele apenas me olhou, indiferente. “Essa merda não funciona comigo, especialmente quando eu já sei o porquê. Você queria parecer um herói para Obsidian. Uma princesa lobisomem em um trono Lycan seria escandaloso—você seria odiada, alvo—mas com um ato heroico,” ele continuou friamente, “você poderia mudar a narrativa. Poderia passar de ‘vira-lata amaldiçoada’ para salvadora. A garota que arriscou tudo para resgatar uma criança.”
Sua voz era como gelo escorrendo pela minha espinha.
Eu recuei como se ele tivesse me golpeado.
Porque ele tinha.
Não com suas mãos.
Mas com cada revelação que saía da sua boca.
Eu não era nada mais que um recipiente.
Um rato de laboratório envolto na ilusão do amor.
Ele me quebrou.
E ainda assim, uma parte arruinada de mim implorava para ele parar—apenas para que eu pudesse fingir, mesmo por mais um fôlego, que o que compartilhávamos era real.
Mas não era.
Ele se certificou disso.
E enquanto ele se virava novamente, se preparando para me deixar com essas confissões sangrando no meu peito como feridas abertas, eu sabia—
Isso não era punição.
Era aniquilação.
Não do meu corpo.
Mas de tudo o que eu sempre acreditei que o amor poderia ser.
Então ele sorriu novamente, um pequeno brilho nos olhos. “Isso é apenas o começo. Quando eu terminar, CADA. ÚNICO. LOBISOMEM. SERÁ. APAGADO.”
Eu parei na mesma hora.