A Luna Amaldiçoada de Hades - Capítulo 117
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117: Mentiras, Mentiras, Mentiras 117: Mentiras, Mentiras, Mentiras Eve
O medo se instalou no meu estômago, pesado como chumbo. Eu havia deixado escapar no calor do momento feito uma tola. Minhas pernas ficaram líquidas.
Ele me sacudiu, me arrancando violentamente do devaneio. “Então me diga, Ellen,” ele rosnou. “Do que você está me escondendo?”
Minha mente girava com mentiras que eu poderia cuspir, se ele continuasse a sondar, encontraria a enganação. Como eu temia, se ele alguma vez descobrisse, pagaria um inferno e tudo o que ele acabara de prometer apenas comprovava isso, sem dúvida.
Medo e horror percorreram meu ser, minha língua embaraçada por um longo tempo. Engoli em seco, tentando estabilizar minha respiração, mas meu peito parecia apertado, meus pulmões recusavam colaborar. O aperto de Hades era implacável, seus olhos ardiam com uma mistura de fúria e algo mais sombrio—algo primal. Cada fibra do meu ser gritava para correr, lutar, escapar, mas não havia para onde ir. Eu estava encurralada.
“Não estou escondendo nada,” eu disse, minha voz tremendo enquanto tentava mantê-la firme. “Você está exagerando.”
Ele inclinou a cabeça, seu olhar afunilando como um predador observando uma presa ousada o bastante para retrucar. O rosnado baixo que ressoou em seu peito enviou um calafrio pela minha espinha. “Exagerando? Escolha engraçada de palavras, considerando que você parece que viu um fantasma. Ou talvez…” Seus lábios se curvaram num sorriso predatório e lento. “Uma verdade que você não queria que eu descobrisse.”
Meu coração acelerou, minha mente buscando desesperadamente uma saída. Seu aperto em minha cintura se intensificou o suficiente para eu perder o fôlego. Tentei empurrar seu peito, mas sua força era intransponível, seu corpo uma parede de calor.
“Você está imaginando coisas,” eu disse fracamente, minhas mãos pressionando em seu peito numa tentativa fútil de criar distância. “Eu não sei o que você acha que ouviu, mas—”
“Não minta para mim, Ellen.” Sua voz estava calma, mas carregava o peso de uma tempestade prestes a eclodir. Sua mão livre deslizou até minha mandíbula, seu polegar roçando a curva da minha bochecha de uma maneira que enviou um arrepio involuntário por mim. O contraste entre a gentileza de seu toque e a aspereza de seu tom fez minha cabeça girar. “Eu posso sentir seu medo. É inebriante. Mas o que eu quero é a verdade.”
Seu polegar parou, pressionando justo abaixo da minha mandíbula, forçando-me a olhar para ele. A proximidade era insuportável. Sua respiração era quente contra meu rosto, entrelaçada com um leve aroma sanguíneo que turvava meus pensamentos. Ele se inclinou mais perto, e eu pude sentir o calor irradiando dele, envolvendo-me como um cobertor sufocante.
“Toda vez que você mente para mim,” ele murmurou, seus lábios mal tocando minha orelha, “piora para você. Você realmente quer testar minha paciência?”
Desespero arranhava minha garganta. “Juro que não há nada—”
“Chega.” Sua voz estalou como um chicote, aguda e fria. Seu aperto em minha cintura se tornou doloroso, e meu pulso acelerou enquanto ele me puxava ainda mais para perto, até não restar espaço entre nós. “Você é uma péssima mentirosa, Vermelho. Você acha que não percebi como você se encolhe quando menciono a maldição? Como seu coração acelera quando menciono qualquer coisa sobre seu passado?”
“Eu…” Minhas palavras falharam, e o pânico inundou por mim. Sua proximidade, o peso de sua presença, o modo como seus olhos penetravam em mim—era tudo demais. “Eu não sei do que você está falando.”
Seus lábios se torceram num sorriso cruel. “Não sabe?” Sua mão saiu da minha mandíbula, traçando meu pescoço para baixo, seus dedos roçando levemente sobre meu pulso. “Seu coração diz uma história diferente. É como um tambor, Vermelho. E eu estou ouvindo cada batida.”
Um tremor me percorreu enquanto seus dedos permaneciam no meu pescoço, logo acima do meu pulso acelerado. Minha mente gritava para pensar, inventar algo, qualquer coisa, para distraí-lo. Mas sua presença, sua voz, o modo como seu corpo enjaulava o meu—era impossível pensar claramente.
“Hades,” eu sussurrei, minha voz mal audível. “Por favor.”
“Por favor o quê?” Sua voz era aveludada, carregada de ameaça e algo mais perigoso. “Por favor, pare? Por favor, me solte? Ou…” Seus olhos escureceram, seu aperto suavizou o bastante para deixar seu polegar desenhar um círculo preguiçoso em minha cintura. “Por favor, continue?”
Minha respiração falhou, e seu sorriso se aprofundou. Ele se inclinou para baixo, seu nariz roçando ao longo da minha têmpora enquanto ele inalava profundamente. “Mel e lavanda. Sempre tão doce, mesmo quando está tremendo. Mas me diga, Ellen, quanta dessa doçura é real? E quanto é uma máscara?”
Engoli em seco, incapaz de desviar o olhar do dele. “Você acha que me conhece,” eu disse, minha voz quebrada mas tingida de desafio. “Mas você não conhece.” Era fingido, uma farsa. Meu coração estava na garganta.
O aperto dele em minha cintura se intensificou novamente, um brilho perigoso faiscando em seus olhos. “Então me mostre quem você realmente é. Diga-me o que está escondendo. Ou devo arrancar isso de você?” Seus lábios roçaram a concha da minha orelha, enviando um calafrio pela minha espinha. “Porque não se engane, Vermelho, eu vou descobrir. E quando eu descobrir, não restará lugar nenhum para você correr.”
“Eu não sei o que você quer de mim!” eu solucei. Ele tinha um pressentimento, apenas isso e nada mais. Porque se ele soubesse ainda mais, ele não estaria aqui me ameaçando a tirar a verdade de mim. Eu estaria em uma cela, amarrada a uma cadeira, me preparando para ser torturada até não ser nada mais que uma casca e Silverpine…
Eu apertei os olhos contra o cenário em minha mente. As favelas tinham sido nada, quando Hades terminasse com Silverpine, não seria nada além de um monte de cinzas e ruínas, e cada alma ali queimaria sob sua ira. A mera ideia disso enviava gelo pelas minhas veias. Eu não podia deixar acontecer. Meus segredos, meu passado—qualquer pedaço de mim que restava—eram a única coisa entre ele e a destruição de Silverpine. Se ele soubesse a verdade, não importaria que eu estava tentando protegê-los. Ele veria como traição, como engano, e ele desencadearia o inferno sem hesitar.
Abri os olhos para encontrar seu olhar penetrante ainda fixo em mim, sua expressão implacável. “Pare de brincar comigo, Ellen,” ele disse, sua voz um rosnado baixo. “Se você acha que vou parar nas palavras, é porque você não me conhece.”
Forcei uma respiração trêmula, o esforço para acalmar meu coração palpitante quase insuportável. “E se você acha que me ameaçar vai te trazer a verdade, então você também não me conhece.” Mentiras, mentiras, mentiras. Eu quase contei a verdade para Jules há apenas uma semana. Eu queria que Kael estivesse aqui para me salvar agora.
Seu aperto afrouxou levemente, o suficiente para eu pensar que tinha conseguido convencê-lo, mas então ele riu. Não era um som quente ou bondoso—era escuro, frio e carregado de descrença. “Você tem fogo, Vermelho. Dou isso a você. Mas não confunda minha paciência por mercê.”
Sua mão se moveu novamente, traçando meu lado, cada toque deliberado e lento, enviando uma estranha mistura de medo e algo muito mais inquietante por mim. “Você acha que está protegendo eles, não é?” Sua voz estava mais suave agora, quase zombeteira. “Silverpine. As favelas. Seu povo.” Ele se inclinou mais perto, seus lábios roçando a concha da minha orelha novamente, e eu estremeci apesar de mim mesma. “Mas veja bem, Ellen. A cada segundo que você me resiste, cada momento que você desperdiça mentindo na minha cara, você piora para eles.”
Minha garganta se contraiu, e eu sacudi a cabeça, o pânico rastejando por meu peito. “Eu não estou mentindo—”
“CHEGA!” Seu rugido foi agudo e definitivo, cortando o ar como uma lâmina. Seu aperto se tornou punitivo novamente, me puxando colada a ele, e eu ofeguei. “Cada negação é mais um fósforo à espera de acender o fogo. Cada batimento que me diz que você está segurando é outro motivo para eu destruir todos eles.”
“Não,” eu respirei, a palavra saindo antes que eu pudesse detê-la. Minha voz estalou, meu desespero sangrando no único sílaba.
Seus olhos se estreitaram, um brilho de triunfo piscando neles. “Então me diga, Ellen. O que você quis dizer quando disse que está amaldiçoada? Do que você está fugindo? Quem você está protegendo? O que você está me escondendo!” Ele estava tão perto da verdade que a bile subiu na minha garganta.
“Eu…” Minha voz ficou presa na garganta, o peso de suas perguntas e a impossibilidade de responder esmagando-me. Eu não podia dar a ele o que ele queria. Eu não podia. Mas o modo como seus olhos queimavam nos meus, como seu corpo prensava contra o meu como uma gaiola—eu não sabia por quanto tempo ainda conseguiria aguentar.
“Você é minha, Ellen,” ele disse, sua voz caindo para um sussurro perigoso. “E isso significa que seus segredos também são meus. Você não tem o direito de guardá-los de mim.”
Eu estremeci com suas palavras, meu peito se contraindo até eu mal poder respirar. Meus pensamentos estavam num redemoinho de caos, o suor frio escorregando pelo meu pescoço enquanto o peso de suas palavras pesava sobre mim como uma força sufocante. Ele não ia parar. Ele não ia deixar isso passar. E cada momento que passava sentia como se as paredes que eu cuidadosamente construí estivessem se esfarelando tijolo por tijolo sob sua pressão implacável.
“Eu sou sua,” eu disse, as palavras mal um sussurro, minha voz tremendo de medo e uma tentativa fraca de aplacá-lo. “Eu sou toda sua.”
Um sorriso diabólico rastejou até seus lábios. “Eu adoro isso,” ele rosnou. “Outra bela estratégia da minha esposa. A desobediência não funcionou, e agora você mudou para submissão. Inteligente, Ellen. Mas não inteligente o bastante.” Seu aperto em minha cintura se intensificou enquanto ele se inclinava, seu rosto a poucos centímetros do meu. O brilho perigoso em seus olhos queimava mais forte, seus lábios se curvando num sorriso que enviava arrepios pela minha espinha.
“Eu não estou jogando um jogo,” eu disse, minha voz quebrando apesar de meus esforços para soar resoluta. “Estou dizendo a verdade.”
“A verdade?” ele repetiu, seu tom destilando zombaria. “A verdade é que você pensa que pode me manipular com sua voz trêmula e inocência de olhos de corça. Mas veja bem, Vermelho.” Seus dedos traçaram meu lado, seu toque simultaneamente irritantemente gentil e sufocantemente possessivo. “Eu vejo através de você. Cada mentira, cada fissura na sua armadura—eu vejo tudo.”
Meu fôlego se interrompeu enquanto ele pressionava sua testa contra a minha, seus olhos perfurando-me com uma ferocidade que tornava impossível desviar o olhar. “E agora,” ele sussurrou, sua voz perigosamente suave, “você vai me dizer o que eu quero saber. Não porque você é minha, não porque você pensa que pode me controlar com submissão, mas porque você tem medo do que eu farei se não fizer.”
Eu senti as lágrimas pinicando nos cantos dos meus olhos, o peso de suas palavras e a proximidade de sua presença sufocando-me. “Você pensa que isso te faz forte?” eu engasguei, minha voz tremendo. “Ameaçar-me, me quebrar? Você acha que isso é poder?”
Seus lábios se contraíram, seu sorriso desaparecendo em algo mais sombrio, mais perigoso. “Força é saber exatamente até onde você está disposto a ir para conseguir o que quer. E acredite em mim, Ellen, eu irei mais longe do que você pode imaginar.”
Meu coração martelava em meu peito, um ritmo selvagem que parecia ecoar no silêncio entre nós. Seu aperto suavizou levemente, seus dedos roçando a parte baixa das minhas costas de um jeito que enviou um choque confuso por mim. Seu olhar passou brevemente pelos meus lábios antes de voltar aos meus olhos, e eu odiei como aquele olhar fugaz fez meu estômago se retorcer.
“Você quer proteger Silverpine,” ele disse, sua voz agora assustadoramente calma, quase terna. “Eu entendo isso. Mas se você continuar a me esconder, eu vou despedaçá-lo pedaço por pedaço até não restar nada para proteger. É isso que você quer, Ellen?”
“Não!” eu exclamei, pânico inundando minha voz. “Eu não quero isso.”
“Então pare de mentir para mim,” ele rosnou, sua voz cortando o ar como uma lâmina. “Pare de esconder.”
“Foi a Eve!” eu gritei, e senti ele estremecer.