426: Mantenha Distância, Lauren 426: Mantenha Distância, Lauren Ela ainda estava perdida em admiração quando de repente sentiu uma mudança no ar ao seu redor. Provavelmente suas experiências passadas e a ameaça da Dolly ainda pairando, fizeram com que ela ficasse extra sensível a pequenas mudanças ao seu redor. Seus olhos dispararam para cima a tempo de ver a figura esguia avançar contra ela.

Em uma fração de segundo, ela viu os olhos outrora melancólicos assumirem um brilho feroz e justo quando aqueles dedos em forma de garra teriam cravado em sua pele, Lauren desviou habilmente, fazendo Peggy colapsar em uma pilha a alguns pés dela.

Lauren ficou de pé para recuperar o fôlego da descarga de adrenalina pelo ataque súbito.

Vendo que havia perdido seu alvo e que Lauren estava ilesa, Peggy fez outra tentativa, mas dessa vez, não só Lauren, mas alguns clientes que tinham visto o que aconteceu estavam preparados para ela.

Mas antes que Lauren ou qualquer uma das pessoas pudesse parar Peggy, do nada, uma sombra passou rapidamente e tudo o que viram foi um vento que enviou Peggy voando apenas para se chocar contra a cerca de arame que separava o supermercado do estacionamento.

O fôlego de Lauren vinha em baforadas rápidas e superficiais enquanto ela observava Peggy amassar-se contra a cerca de arame
‘O que acabou de acontecer?’
O mundo ao seu redor pareceu congelar por um momento, como se tudo tivesse sido colocado em pausa, e tudo o que ela pôde fazer foi encarar a pilha que jazia quase sem vida junto à cerca.

Conforme ela observava, o murmúrio de vozes preocupadas dos espectadores começou a aumentar, alguns até se atreveram a se aproximar enquanto outros recuavam em confusão ou medo.

Lauren, que ainda estava em choque, escaneou a área enquanto tentava localizar a fonte da estranha rajada de vento que aparentemente enviou Peggy voando, mas a sombra ou borrão… o que quer que fosse, estava fora de vista.

Isso era muito estranho. Aquela pessoa acabou de defendê-la, mas por quê?

Espera… eram as pessoas do seu irmão? Ele havia dito a ela depois de contar sobre os esquemas da Dolly que mandaria pessoas para cuidar dela, mas até agora ela não havia visto nenhum guarda-costas a seguindo. Será que aquela pessoa… Não, Killian não tinha tais pessoas capazes como amigos. Além disso, era muito cedo para ele recrutar os serviços de uma pessoa tão misteriosa.

Talvez seja uma vingança pessoal contra Peggy, o que pode não estar distante da verdade, considerando quão astuta e malvada ela era.

Ela pode ter ofendido alguém e eles estavam atrás dela. Mas a coincidência era demais para ignorar. Por que isso aconteceu justamente quando Peggy estava tentando atacar ela?

“Você viu isso?” um homem à sua esquerda sussurrou admirado. “O que foi aquilo?”

Lauren mal registrou suas palavras enquanto seus olhos corriam para onde Peggy jazia em uma pilha torcida, gemendo fracamente de dor.

Sua forma magra e desgrenhada era tão diferente da mulher orgulhosa que Lauren conheceu e contra a qual lutou em inúmeras ocasiões durante a competição.

Lauren deu um passo cauteloso à frente, mas alguma coisa ou melhor, alguém surgiu por trás do supermercado e se moveu diretamente em direção a figura amassada de Peggy.

Ele era alto e vestido de preto com um capuz que obscurecia suas feições.

Ela assistiu em silêncio enquanto ele se aproximava de Peggy com passadas longas e deliberadas.

Por uma fração de segundo, o instinto de Lauren gritou para ela recuar, mas a curiosidade a prendeu no lugar. Era essa a pessoa que havia intervindo antes?

Apesar dos olhares curiosos daqueles que ainda estavam por perto, o homem não desacelerou, mas seguiu diretamente em direção à forma imóvel de Peggy.

“Ei, espera!” Lauren chamou. Ela tentou soar corajosa, mas sua voz ainda saiu trêmula ao perguntar, “Quem é você? O que está fazendo?”

A figura não respondeu, nem mesmo olhou em sua direção, mas se concentrou totalmente em Peggy.

Ele se agachou e Lauren viu ele alcançar o bolso do casaco e tirar um pequeno frasco que brilhava levemente ao sol.

“Pare!” Lauren gritou, “o que você está… ”
Antes que pudesse dar outro passo, a cabeça do homem se levantou abruptamente e quando seu olhar se fixou em Lauren, ela sentiu um calafrio gelado descer por sua espinha.

Seus olhos eram frios, calculistas e estranhamente familiares, embora ela não conseguisse lembrar onde os tinha visto antes.

“Eu não me envolveria se fosse você,” ele disse em uma voz baixa e firme com uma borda perigosa que fez a pele de Lauren se arrepiar.

Lauren congelou, seus instintos gritando para ela recuar, mas de alguma forma, ela sentiu que ele não a prejudicaria… Pelo menos não da forma como havia feito com Peggy.

Ela só pôde ficar parada assistindo o jeito como ele lidava com Peggy, como se ela não fosse nada mais do que uma ferramenta quebrada a ser descartada.

O homem voltou sua atenção para Peggy, que gemeu novamente, desta vez com um lampejo de consciência. Ele inclinou a cabeça dela para o lado e despejou algumas gotas do líquido cintilante do frasco em sua boca.

O coração de Lauren batia acelerado. “O que você está dando a ela?”

“Ela vai ficar bem,” ele disse com um aceno de mão displicente. “Por enquanto,” ele acrescentou e sem dar a Lauren a chance de responder, ele se endireitou, guardando o frasco de volta no casaco. “Isso não é da sua conta.”

“Mas ela acabou de me atacar,” Lauren retrucou enquanto sua voz subia em indignação. Peggy era tanto da sua preocupação quanto dele, já que ela a atacou.

O que ela não conseguia entender era porque Peggy estava nessa condição. Ela estava ainda bem e no controle de sua mente da última vez que a viu no Centro de Exposições.

Será que esse homem era responsável pelo estado atual de Peggy e por que Peggy repentinamente se virou contra ela no momento em que a reconheceu mais cedo? Ela precisava de respostas e pretendia obtê-las agora, se pudesse. “E quem é você mesmo?”

Os lábios do homem se curvaram em um leve sorriso irônico, mas ele não disse nada. Em vez disso, ele deu um passo para trás, embora seus olhos ainda estivessem focados em Peggy, que parecia estar escorregando para a inconsciência.

“Mantenha distância, Lauren,” o homem finalmente disse com uma calma assustadora. A maneira como ele falou o nome dela enviou um calafrio pelo corpo de Lauren.

Antes que ela pudesse sequer processar o fato de ele saber seu nome, o homem se virou e desapareceu nas sombras tão rapidamente quanto apareceu, deixando para trás apenas o vestígio mais leve de sua presença no ar.

O coração de Lauren acelerou quando ela olhou para Peggy, deitada impotente na calçada. Algumas pessoas se apressaram para o lado dela, uma já discando para os serviços de emergência.

Mas Lauren permaneceu congelada enquanto sua mente se enchia de perguntas sem resposta. Quem era aquele homem e como ele sabia seu nome?

“Alguém deveria chamar a ambulância, ela não está bem,” ela ouviu alguém dizer.

“Você conhece a senhora?” Alguém perguntou a Lauren que ainda tinha aquela expressão confusa no rosto.

“Eu não acho que sim,” Lauren negou. Ela não queria nada que a conectasse com quem quer que tivesse atacado Peggy misteriosamente e aquele homem estranho que a alimentou com ‘só ele sabe o que’.”

“Mas ela parecia ter algo contra você. Ela queria te machucar agora mesmo.”

“Ela claramente não está em seu juízo perfeito, como você pode ver, poderia ter sido qualquer um de nós aqui.” Lauren disse e se afastou.

Ela pretendia informar seu irmão para que ele organizasse alguém para descobrir o que realmente estava acontecendo.