A HERDEIRA ESQUECIDA - Capítulo 216

216: EU AMO MINHA IRMÃ! 216: EU AMO MINHA IRMÃ! No corredor do andar presidencial, os olhos de Shawn percorreram o ambiente e se fixaram na porta de Kathleen.

“Ela não virá hoje. Foi por isso que pedi para nos encontrarmos aqui. Embora eu não possa garantir que ela não vá ficar sabendo da sua visita,” disse Jason enquanto entravam em seu escritório,
O escritório era adornado com janelas do chão ao teto que permitiam a entrada de luz natural, iluminando o interior requintado do cômodo.

Enquanto compartilhava muitas semelhanças com o escritório de Kathleen em termos de elegância e sofisticação, as paredes, pintadas em tons ricos e profundos de mogno e carvão, davam-lhe um toque masculino distinto.

As tonalidades profundas da estofaria de couro também adicionavam um toque de refinamento ao ambiente.

“Não me importo,” Shawn respondeu ao comentário de Jason enquanto se acomodava confortavelmente em uma das poltronas de couro ao lado da grande mesa, antes mesmo que Jason pudesse oferecer-lhe um assento.

“Vamos ao que interessa,” disse Jason, sem mais delongas.

“Qual é o seu plano em relação às crianças?”

Os olhos de Shawn se estreitaram diante da pergunta direta de Jason. Ele desviou o olhar da coleção de belas artes e fotografias que admirava na parede.

“Eu não teria chegado onde estou hoje se não pudesse fazer essa pequena dedução,” Jason respondeu ao olhar indagador de Shawn.

Como o assistente de Shawn tinha visto Elvis ontem, ele acreditava que teria relatado suas descobertas ao chefe, provavelmente tirando algumas fotos para reforçar seu ponto.

Shawn soltou um suspiro profundo. “Nada,” ele declarou casualmente para o espanto de Jason.

Duas linhas profundas apareceram entre as sobrancelhas de Jason. “O que isso significa?”

Shawn entrelaçou as duas mãos. “Significa que eu vou acatar a decisão de Kathleen.”

Jason foi pego de surpresa pela resposta de Shawn. O que Shawn estaria tramando hoje? “Se ela pedir para você se afastar deles, você fará isso?”

“Ela não pedirá.”

Jason riu enquanto olhava para Shawn.

“O que te faz tão certo disso?”

“Ela não é tão insensível, exceto quando se trata de me perdoar,” Shawn afirmou com convicção.

Isso era verdade sobre o caráter de sua irmã. Se não tivesse nada a ver com ela, ela não se importaria.

“Você sério não quer lutar pela custódia das crianças?”

“Não será necessário.” Shawn se ajeitou na cadeira e ajustou o paletó.

“Como eu já te disse antes, nunca nos divorciamos. Mas se Kathleen quiser que as crianças fiquem com ela por enquanto, não tenho objeções. Sempre posso encontrar uma maneira de vê-las de vez em quando, mas também gostaria que ela nos desse a chance de vivermos juntos como uma família feliz e saudável.”

“Hmm, entendi. Sabe, você tem apenas duas semanas para cumprir sua promessa,” Jason lembrou.

“Estou ciente do que tenho que fazer,” a confiança de Shawn ficou evidente em sua resposta.

Jason não pôde deixar de se perguntar de onde Shawn tirava tanta confiança. Pelo que ele sabia, o coração de sua irmã estava a milhões de milhas de distância de ser tocado.

Mesmo quando ela soube que Shawn tinha salvado Eleanor ontem, ela apenas deu de ombros, murmurando algo como, “era o dever dele como pai.”

“Mas ainda não vejo nenhum progresso,” ele apontou.

O canto da boca de Shawn curvou-se em um sorriso misterioso, “Você acha?”

Olhando Shawn com suspeita, Jason não pôde deixar de sorrir ironicamente. “Você está pensando em usar as crianças?”

“Honestamente, nunca pensei em usá-las. Mas já que você mencionou, elas podem ser consideradas uma benção disfarçada e poderiam ser úteis, se necessário.”

Ele havia feito muita reflexão em seu apartamento no Lote Hillside na noite passada e chegou a algumas decisões duras, mas resolutas. Uma delas era sobre as crianças.

Ele iria respeitar qualquer decisão que Kathleen tomasse a respeito delas.

Essa também era parte da razão pela qual ele não tinha ido correndo para a residência dos Wyatt para ver as crianças ontem, ou para o jardim de infância para impedi-los nesta manhã.

Não foi uma decisão fácil, no entanto, mas ele sentiu que não deveria simplesmente invadir a vida deles dessa maneira.

Uma de suas decisões mais duras foi respeitar o espaço deles até que estivessem prontos para aceitá-lo.

Podia-se dizer que quando recebeu a ligação de Jason para se encontrarem nesta manhã, ele sabia que Jason traria o assunto à tona, então já estava preparado.

“Você não tem vergonha? Usar seus próprios filhos para sua agenda pessoal?”

“Não uma agenda pessoal, irmãozinho. É pelo “bem maior,” Shawn corrigiu. “Eu aposto que as crianças adorariam ter uma família completa como todo mundo.”

“Pensando bem, você faria o mesmo se estivesse no meu lugar,” Shawn acrescentou, como uma reflexão posterior.

“Tanto faz,” Jason resmungou e ignorou Shawn chamando-o de “irmãozinho”.

Ele não podia negar abertamente o ponto de Shawn, porém. Se algo o separasse de Cheryl por tanto tempo, ele usaria todos os meios à sua disposição para tê-la de volta.

Shawn observou Jason atentamente. Ele conseguiu saber, através de suas poucas interações com ele nestes últimos meses, que ele não era difícil de conviver. Na verdade, ele era um garoto adorável fingindo ser durão. “Então, como você pretende me ajudar?”

A cabeça de Jason levantou-se em descrença. “Você está falando sério?”

“Mmm-hmm. Nunca estive tão sério,” Shawn respondeu casualmente.

“O que te faz pensar que eu concordarei em te ajudar. Se você precisa saber, eu, por um, não quero que você jamais volte com minha irmã.”

“É mesmo? Então você prefere vê-la sofrer. Devo ter me enganado ao assumir que você tinha esse amor épico por ela. Não sabia que era apenas conversa fiada,” Shawn provocou deliberadamente seu ponto fraco.

Jason cerrava os dentes, seus olhos faiscando raiva. “CUIDE DA SUA BOCA, SHAWN HUDSON! EU AMO MINHA IRMÃ!” Jason enfatizou cada palavra com profunda emoção e convicção.

Os lábios de Shawn curvaram-se em um sorriso sarcástico. “Mesmo?” Ele parecia estar se divertindo com o arroubo de Jason.