A Garota Boa do Diabo - Capítulo 92

92: Tapão da verdade 92: Tapão da verdade Fil não era tão inexperiente com câmeras e o que acontece nos bastidores. Embora esta fosse a primeira vez que ela participaria de um videoclipe em que teria que desempenhar um papel, ela sabia o que fazer após observar Marianne anteriormente por trás das câmeras.

Depois de revisar o roteiro com Anton no carro, eles entraram no estúdio para conhecer o diretor e outras pessoas que trabalhariam no vídeo. Primeiramente, apresentaram a música para ela, o que Anton já havia feito.

Como não era a filmagem oficial do videoclipe, ambos simplesmente ficaram na frente da câmera. Fil e Anton se sentaram um ao lado do outro, tirando fotos. Mesmo durante a reunião, eles tinham que se sentar juntos para que todos pudessem ver a faísca de química entre eles. Embora ambos fossem bonitos, a química ainda era importante. Eles não queriam que suas imagens individuais dominassem a química, se fossem colocados em um único quadro.

“Ah, Fil!” Anton chamou, correndo para alcançar Fil depois da reunião de uma hora.

Fil parou, olhando para trás, na entrada do prédio. “O quê?”

“Ah… ãhm!” ele pigarreou, parando na frente dela. “Obrigado pelo hoje.”

“Não fiz muito, mas de nada.”

“Eles disseram que temos uma ótima química,” ele acrescentou, coçando a parte de trás da cabeça. “E que deveríamos filmar o videoclipe o mais rápido possível.”

“Quando seria essa rapidez?”

“Eles queriam fazer isso amanhã e me pediram para te convencer,” ele disse, fazendo-a franzir a testa. “Mas eu disse que não podíamos fazer isso.”

“Você?”

Anton suspirou. “Eu sei que talvez tenha… quero dizer, eu estava ultrapassando teus limites tão descaradamente. Eu não sabia disso porque pensei que estava tudo bem para você.”

‘Você não sabia disso porque ninguém te ensinou uma lição. Você é alguém que tem que ser machucado algumas vezes antes de realmente aprender uma lição,’ era o argumento que ela guardava consigo.

“Então, eu quero saber quando é o teu dia de folga?”

“Estou livre este fim de semana.”

“Fim de semana…”
“Por quê? Não é possível?”

“Não!” ele sorriu radiante. “É perfeito!”

“Então, tá bom.”

“Eu te busco?”

“Hmm…”
“Filmar um videoclipe pode ser cansativo, sabe? Embora possamos terminar em um dia, ainda é um dia inteiro de trabalho,” ele explicou, caso ela não soubesse sua intenção. “Não se preocupe. Eu não vou te deixar em casa com meu carro. Você pode ir comigo na van. É o mínimo que posso fazer.”

Fil observava Anton em silêncio.

Entre os amigos de Vincent, Anton era o mais inofensivo de todos. Embora fosse um maconheiro, ele era até que uma pessoa legal. Pelo menos, ele não era tão pretensioso quanto Marcus, que se fazia de mais puro entre todos eles. Ele também não era como Michael, que se orgulhava de coisas das quais deveria ter vergonha, e não era como o narcisista Vincent.

Para ser justo, Anton ainda tinha redenção.

Era apenas uma pena que Anton tivesse amigos como eles. Assim, para acompanhar seus amigos e manter algo como a amizade, ele tinha que estar na mesma sintonia. Fil sabia, porque de uma forma ou de outra, ela era como Anton no passado. Ela tentou o melhor para se encaixar.

“Então, fim de semana está combinado. Mande-me o horário e tudo o que preciso saber,” ela falou novamente após um breve silêncio. “Eu vou para casa agora.”

“Ah, certo!” Anton sorriu aliviado. “Se cuida, tchau!”

Ele viu Fil caminhar em direção ao estacionamento. Mas então, ela parou e olhou para trás. As sobrancelhas dele se levantaram quando ela voltou até ele.

“O quê?” ele perguntou, recuando nervosamente. “Você mudou de ideia? Ou tinha outros compromissos no fim de semana e só se lembrou agora?”

“Confie em mim. Eu não esqueço compromissos importantes,” ela tranquilizou. “Eu só quero pedir um pequeno favor.”

“Huh?”

“Pode não contar aos seus amigos sobre isso?”

“Sobre o videoclipe?” ele esclareceu num tom interrogativo. “Por quê?”

“Porque eu não quero que Vincent saiba.”

“Ah.” Anton balançou a cabeça, lembrando que Fil e Vincent haviam terminado recentemente o longo relacionamento. “Certo.”

“Vincent e eu não terminamos bem. Eu não quero que ele se meta nos meus assuntos.”

Anton riu nervosamente. “Certo? Ele pode ficar irado e estragar as filmagens.”

“Ele pode te acusar de dar em cima da ex dele.”

“Que merda!”

“Eu sei, mas essa besteira é a razão pela qual estou solteira.” Ela sorriu, dando um leve tapinha no ombro dele. “Não diga nada.”

“E quanto ao lançamento?” ele entrou em pânico. “Depois que o videoclipe for lançado, eles poderão vê-lo.”

O sorriso dela se alargou, rindo. “Será que eles até assistiriam?” ela apontou brincalhona antes de virar nos calcanhares e se afastar.

Enquanto isso, Anton estava parado no mesmo lugar, de olhos nas costas dela. De sua posição, ele podia ver o caminhão dela e Fil entrando nele.

“Será que eles até assistiriam?” ele repetiu as palavras que ela lhe disse tão descuidadamente. “Hah!”

Um riso de escárnio escapou dele, balançando a cabeça enquanto cutucava a bochecha interna com a língua. Não era como se Anton não soubesse que seus amigos não assistiam aos seus videoclipes ou ouviam suas músicas. Os únicos que eles conheciam eram os sucessos que ouviam de outros.

Anton sabia disso.

Ele sabia que seus amigos estavam ocupados; eles tinham carreiras para cuidar. No entanto, ouvir isso de outra pessoa com um tom tão jocoso e sarcástico era meio decepcionante. Era como um tapa.

“Então, se eu não contar pra eles, eles não vão saber?” ele bufou mais uma vez, ficando mais irritado. “Quantas vezes adiei meus compromissos só para ir nas festas deles para apoiar um amigo?”

Anton estalou a língua, revirando o cabelo com irritação. Ele se virou, chutando o ar, uma expressão carrancuda no rosto. Ele não sabia por que de repente se sentia amargo e irritado, mas o mero pensamento de que nenhum dos seus amigos o apoiava até então era ridículo.

“Pelo menos, Fil costumava ouvi-los,” ele resmungou, lembrando que Fil havia transmitido suas músicas mesmo quando ele estava apenas começando sua carreira. Ela sabia todas as suas músicas e até decorou as letras. Portanto, ela era a única pessoa no grupo com quem ele podia conversar sobre sua música. “Ela até está me ajudando com meu videoclipe. Acho que ela é a única amiga de verdade que tenho.”

Sem que Anton soubesse, Fil o observava pelo espelho lateral. O traço travesso em seus lábios se transformou em um sorriso maldoso. Às vezes, uma pessoa pode conhecer a verdade e achar que está tudo bem até que ela dê um tapa na cara. A partir daí, é diferente.

“De nada, Anton.” Um brilho cintilou em seus olhos, fixando o olhar no para-brisa. “Eu sei como dói ser esbofeteado pela verdade com a qual tentamos nos iludir. Dói.”