A Garota Boa do Diabo - Capítulo 77
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77: Primeira fase da tentação: Atenção. 77: Primeira fase da tentação: Atenção. A tentação nunca era súbita, era frequentemente gradual. E havia quatro estágios da tentação.
Primeiro, a atenção.
Ao aparecer na festa do Marcus, Fil se certificou de chamar a atenção de Marcus. Esse havia sido seu plano desde o início. No entanto, só chegar à festa não era suficiente para avançar ao segundo passo. Portanto, Fil precisava fazer com que ele a procurasse.
Ela sabia que ele viria. Poderia não ser por causa da atração que sentia por ela, mas sim porque Marcus era um homem egocêntrico. Ele precisava da ajuda de Fil para certas coisas, e assim, não queria deixar uma má impressão nela. Isso poderia se voltar contra ele.
E avançar para o próximo estágio da tentação:
Contemplação.
Uma vez conquistada a atenção, não demoraria muito para entrar na contemplação.
“Porque já estou comendo sorvete.”
Fil observou a leve surpresa surgir no rosto de Marcus em seus comentários. A expressão irônica em seus lábios se transformou em um sorriso satisfeito, murmurando enquanto ouvia Vincent do outro lado da linha. Durante a ligação, ela manteve o contato visual com Marcus até desligar.
“É o Vince?”, disse Marcus enquanto ela guardava o celular. “Por que você mentiu?”
“Eu não menti.”
“Fil.”
Fil ostentava um sorriso inocente. “Estou comendo sorvete. Não é mentira. Só não contei a ele com quem estou comendo.”
Marcus abriu e fechou a boca sem jeito, sem palavras diante de seu argumento astuto. Como ele poderia rebater aquilo? Era verdade, afinal. Não era como se ela tivesse dito a Vincent que estava sozinha. Tudo o que ela disse foi que estava comendo sorvete.
Um suspiro profundo escapou de seus lábios, sentindo um pouco de angústia com a situação. Parecia errado. Embora ele e Fil não estivessem fazendo nada além de comer sorvete juntos, uma parte de sua consciência se sentia como se estivesse traindo Vincent. Eles poderiam ter discutido há pouco tempo, mas Vincent ainda era seu amigo.
“Vincent não precisa saber disso,” Fil falou, ganhando novamente sua atenção. “Não me entenda mal. É só que… eu não quero que ele entenda errado.”
Ela fez um beicinho, olhando para ele inocentemente. “Não é legal guardar um pequeno segredo dele, mas mesmo que nossa consciência esteja limpa, ele ainda ficará bravo. Lembra daquela noite na sua festa?”
Marcus estava prestes a discutir até ela mencionar aquela vez em sua festa. Naquele tempo, Marcus apenas ajudou Fil, mas Vincent reagiu exageradamente. Portanto, era compreensível o motivo de Fil querer manter isso um segredo inofensivo. Vincent certamente entenderia mal mesmo que contassem a verdade. Pior. Ele não acreditaria neles.
“Certo,” Marcus suspirou, convencido. “Não vou contar a ele. Nem aos meus amigos.”
“Por quê?”
“Porque eles podem falar demais.”
“Marcus, estou curiosa.” Fil murmurou enquanto pegava mais uma colherada de sorvete. “Você e Vincent já brigaram no passado?”
As sobrancelhas dele se ergueram perante a pergunta inesperada. “Nós discutimos o tempo todo.”
“Quero dizer, com os punhos,” ela esclareceu, curiosidade evidente em seus olhos enquanto devorava o sorvete. Seus olhos brilhavam curiosos.
“Nunca.” Marcus deu de ombros. “Nunca teve algo tão grande que sentimos a necessidade de deixar os punhos falarem.”
“Mas se vocês lutassem, quem você acha que ganharia?”
Desta vez, Marcus franziu a testa. “Por que você está perguntando?”
“Apenas para o caso dele descobrir,” ela brincou. “Estou preocupada que ele possa te receber com os punhos se descobrir sobre hoje.”
“Ah.” Marcus riu enquanto contemplava. “Eu queria te impressionar e dizer que sou eu, mas não tenho certeza.”
“Você não tem certeza? Como assim?”
“Tanto Vincent quanto eu frequentamos aulas de artes marciais diferentes. Nós nos destacamos em nossas aulas, mas nunca tivemos uma luta porque são estilos diferentes,” ele explicou magnanimamente, sem querer dando a Fil os detalhes que ela queria saber. “É por isso que eu disse que não tenho certeza.”
“Oh…”
“Mas o que eu sei é que se isso acontecesse, nós nos machucaríamos. Ganhar ou perder não importa.”
“Tipo ter olhos roxos, costelas quebradas, pernas e braços?” — como as lesões do Kenzo?
“Sim. Talvez, pior.”
“Entendi.” Fil acenou com um sorriso. “Devemos tomar cuidado da próxima vez, então.”
“Hã?”
“Eu posso precisar da sua ajuda com algumas coisas no futuro,” ela disse. “Ou talvez você precise da minha. Não é educado pedir um favor por uma ligação telefônica, certo?”
Marcus a olhou com uma expressão inexplicável antes de sorrir, acenando com a cabeça. “Claro.”
“Hehe. Vamos terminar isso.” Fil sorriu travessa, saboreando seu sorvete. Ele também sorriu de volta, oferecendo a ela seu sorvete. Fil aceitou a oferta com alegria e, em troca, compartilharam alegremente o sorvete escolhido um pelo outro.
Como o que AMIGOS BEM PRÓXIMOS fariam.
*****
Como prometido, Marcus levou Fil para casa em segurança. Ele acenou para ela enquanto ela saía do carro e se debruçou para olhar para ele do lado de fora. Ela expressou sua gratidão mais uma vez, ao que ele respondeu com um sorriso e um aceno. E então ela entrou no prédio.
“Nunca fui ao lugar dela apesar de conhecê-la há anos,” ele murmurou, igualmente divertido e perplexo com o local escolhido por ela. Não era como se a localização do prédio dela fosse ruim, mas com o que ela ganhava, poderia conseguir um lugar melhor.
“Ela é realmente divertida.” Um sorriso sutil surgiu no rosto dele ao ver as horas. “Eu não me senti entediado nem um segundo.”
Marcus soltou outro suspiro profundo, prestes a dirigir para longe, quando o telefone tocou. Ele olhou para a tela no seu carro, franzindo a testa ao ver o nome de Fil nele. Mesmo confuso, ele atendeu.
“Fil?” ele atendeu. “Por que você —”
“Por que você ainda não foi?” ela disse, interrompendo-o no meio da frase. “Eu consigo ver seu carro. Não me diga que você está esperando eu entrar?”
“Hã?” Marcus instintivamente abaixou a cabeça para verificar, com os olhos no para-brisa e através do prédio. Seus lábios se esticaram quando ele viu Fil encostada no corrimão, com a mão no telefone, os olhos no carro dele. Ela acenou como se pudesse vê-lo através do para-brisa.
“Tenha cuidado no caminho para casa,” ela disse suave e docemente. “E obrigada por hoje. Eu… me diverti.”
“Eu também,” ele respondeu baixinho. “Vou embora agora então.”
“Mhm.”
“Ah, Fil?”
“Sim?”
Marcus passou a língua pelo interior das bochechas e depois sorriu. “Boa noite.”
Fil sorriu e murmurou, mantendo seu olhar no carro na entrada do prédio. Ela murmurou em resposta, desligando a ligação, e então assistiu o carro se afastar lentamente.
O sorriso em seu rosto lentamente desapareceu.
“Uma costela quebrada, pernas e braços…” ela sussurrou, pensando na condição de Kenzo. “Isso não é suficiente. Eu quero que o pior aconteça.”
Um brilho piscou em seus olhos. Ela não poderia espancar Marcus, então ela poderia precisar que Vincent fizesse isso por ela. Ainda se encaixava em seu plano original, afinal de contas. Só que desta vez, seus planos envolviam dor real para todos eles.