A Garota Boa do Diabo - Capítulo 66
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66: Eu acho que a varanda é uma má ideia. 66: Eu acho que a varanda é uma má ideia. A família de Fil era saudável. Ela tinha um pai responsável que trabalhava até exaustão para prover a família. Uma adorável mãe que arrumava a casa e a tornava um lugar para todos descansarem e um irmãozinho rebelde para adicionar altos e baixos à dinâmica familiar.
De modo geral, era reconfortante vê-los interagir.
Quando Irene, a mãe de Fil, soube da visita da filha, ela se apressou animada para fora da cozinha. Assim como Simon e Elijah, ela estava curiosa sobre o homem com sua filha. Quando Fil explicou o motivo da presença de Jackson, Irene não questionou. Em vez disso, ela ofereceu a Jackson tudo o que podia.
Mais de uma hora depois, Simon já tinha retornado de suas entregas e descansado de todo o trabalho maçante da manhã. Elijah, por outro lado, ficou com Fil e Jackson, fazendo perguntas aleatórias movido por pura curiosidade.
O dia deles se passou assim mesmo.
Não havia nada tão importante que precisasse de reparos imediatos. Ou algo que pudesse dizer que fizeram algo ou alcançaram uma conquista. Nem mesmo havia um senso de urgência em fazer algo, ao contrário de quando estavam na cidade.
Era tranquilo — prosaico; tudo se movia lentamente. Era quase entediante, mas de alguma forma, esse clima tedioso no interior era relaxante.
“O jantar está quase pronto,” Fil anunciou assim que pisou na varanda onde Jackson estava à toa.
Ele estava encostado na grade com os braços dobrados sobre ela. Olhou por sobre o ombro, seguindo a figura dela até que ela estivesse ao seu lado.
“Mamãe disse para te chamar,” ela acrescentou, sorrindo. “Sabe, eu não sei se é coincidência, mas ela preparou todas as minhas comidas favoritas. Disse que ela planeja me visitar amanhã e me trazer algo para comer.”
Jackson apenas a encarava em silêncio antes de perguntar, “Por que você me trouxe aqui?”
“Hmm?”
“Eu sei que você me disse que eu poderia vir se quisesse,” ele repetiu as palavras dela de mais cedo hoje, endireitando as costas para encará-la. “Mas fico me perguntando o que te fez pensar de repente em me trazer aqui. Você sabe que eu não faria nada se você dissesse que tem que vir aqui sozinha.”
“Bom.” Fil deu de ombros. “Eu não sei.”
Jackson arqueou uma sobrancelha, inclinando a cabeça para o lado.
“Tudo bem.” Fil suspirou. “Eu te trouxe aqui para você conhecer as pessoas que amam incondicionalmente.”
“Oh…”
“Vê só, meus pais podem não ser os mais ricos, mas eles são ricos em amor. Eles tratam nossos amigos como se fossem deles e até ajudam os outros sem condições,” ela explicou, olhando para frente com um sorriso. “Eu só pensei que se você os conhecesse, vocês se dariam muito bem.”
“É só isso mesmo?”
‘Claro que não,’ era o que ela queria responder quando olhou para trás, mas ela acabou acenando com a cabeça. “O que mais poderia ser?”
“Então, você está dizendo… seus pais vão me tratar como se fossem meus também porque sou seu amigo?”
“Mhm!”
“Ok.” Jackson concordou com a cabeça. “Isso significa que eu posso visitar meus pais quando eu quiser, certo?”
“Hã?”
“Você disse a eles que eu era seu cliente que virou amigo. E também, eles tratam os amigos dos filhos como se fossem seus,” ele repetiu tudo o que ela tinha lhe dito hoje. “Em outras palavras, eles são como meus pais agora.”
“…” Fil abriu e fechou a boca, sem palavras. Ela tinha dito tudo aquilo movida pela bondade do coração. No entanto, por que soava tão diferente quando ele repetia? Era como se ele tivesse esses planos malignos em mente.
“Oh, não,” ela deixou escapar, olhando para ele sem expressão. “Eu cometi um erro, não foi?”
Jackson sorriu. “Não se preocupe. Não estou pensando em nada maligno.”
“Mas você soa como se tivesse acabado de pensar em algo assim.”
“Bem, não é maligno per se…”
“Ai, meu deus.” Fil arfou ao tomar aquilo como uma confissão. “Piedade.”
“Hahaha!” Jackson riu alto ao ponto de suas bochechas corarem.
Vê-lo rir tão despreocupado e não controlado como o normal a pegou de surpresa. A boca de Fil se abriu e seus olhos se dilataram um pouco. Seu coração batia contra o peito, ecoando alto em seus ouvidos.
“Tão lindo,” ela deixou escapar, voltando a si quando ouviu sua própria voz.
“Hã?”
“Ahem!” Fil pigarreou enquanto desviava o olhar rapidamente. “Minha mãe provavelmente terminou. Vou ajudá-la a preparar a mesa.”
Fil virou-se como um robô. Seu rosto estava todo vermelho. Seu coração continuava a bater acelerado no peito. Isso era ruim. Por que ele riria daquela maneira? Ele sabia o quão letal aquilo era? As borboletas em seu estômago poderiam dar a ela uma indigestão.
“Quer ajuda?” Jackson agarrou seu pulso, impedindo-a de ir.
“Não — não,” ela gaguejou, contorcendo-se mentalmente enquanto se atrapalhava com as palavras. “Só entre daqui a pouco. Senão, vamos ficar esperando —”
Desta vez, Fil ofegou surpresa quando sentiu seu calor nas costas. Sua mão lentamente envolveu sua cintura, abraçando-a por trás.
“Hoje está monótono,” ele disse com voz rouca, encostando o queixo no ombro dela. “Mas é o tipo de monotonia que eu não me importaria em ter todos os dias.”
Fil abaixou a cabeça, espiando nervosa a porta.
“Não se preocupe. Eles estão ocupados lá dentro,” ele garantiu com uma risada. “Nós ouviremos passos se alguém estiver saindo.”
“O que você está fazendo?” ela sussurrou, olhando por sobre o ombro. “Eles ainda não sabem sobre mim e o Vincent. Tudo o que sabem é que —”
Fil parou enquanto encarava a expressão dele. Suspirou, encostando-se nele enquanto segurava seu braço.
“Está frio aqui fora,” ela murmurou. “E eu sinto que meu coração vai saltar do meu peito porque estou muito nervosa.”
“Obrigado,” ele sussurrou, fazendo-a olhar para ele mais uma vez. “Eu quase esqueci como a vida pode ser fácil e simples.”
“Nossa.” Um sorriso sutil apareceu lentamente em seu rosto, satisfeita por ele apreciar essa vida num nível muito mais pessoal, e não somente porque estava tentando impressioná-la. ‘É um pouco estranho, mas você e eu somos mais parecidos do que eu pensava.’
Eles ficaram na varanda por um tempo, mantendo-a presa em seus braços. Fil encostou as costas em seu corpo, deixando que seu calor a protegesse da brisa fria da noite.
“Agora que penso nisso, acho que isso é uma coisa na minha lista,” ela falou após um tempo, soltando os braços dele de sua cintura para encará-lo. “Uma noite tranquila na varanda onde eu poderia falar sobre qualquer coisa.”
Os olhos dele se suavizaram enquanto ele sorria. “E eu acho que este lugar também é perfeito para um beijo,” ele comentou, segurando seu rosto enquanto se inclinava para frente. Fil engoliu em seco, fechando os olhos devagar.
Quando seus lábios estavam a centímetros um do outro, Fil de repente ouviu passos altos por trás dela.
Ela entrou em pânico e, antes que pudesse pensar em algo, subitamente empurrou Jackson da grade. Jackson perdeu o equilíbrio, rolou pela grade e caiu na grama.
“Mana, a mesa está pronta…” Elijah parou assim que abriu a porta, franzindo a testa. “Mana, onde está o Jack?”
“Ele — ele —” Fil se contorceu angustiada enquanto olhava nervosamente sobre a grade. “Ele está aqui.”
“Hã?” Confuso, Elijah marchou ao lado dela e olhou pela grade. Para sua surpresa, lá estava Jackson, caído e resmungando na grama.
Jackson tocou a cabeça, espiando com um olho só. No momento em que viu dois pares de olhos fitando-o lá de cima, ele suspirou.
“Acho que a varanda foi uma má ideia.”