A Garota Boa do Diabo - Capítulo 133
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133: Conquistou um aliado 133: Conquistou um aliado “De volta!” Fil voltou para a área de estar com um grande sorriso no rosto e uma bandeja nas mãos. “Kenzo, já tem comida na cozinha. Tudo que você tem que fazer é comer. Nossa. Você vai deixar seu irmão maluco nesse ritmo.”
Fil colocou a bandeja alegremente, olhando para Kenzo e depois para Marcus. “Vocês não brigaram, né?”
“Não. Kenzo estava apenas me contando o que aconteceu no encontro dele com a minha irmã,” brincou Marcus, lançando um olhar brincalhão para Kenzo. “E eu estou prestes a dizer a ele o quanto lamento que ele tenha que aguentar ela por um jantar inteiro.”
“Ah.” Fil assentiu enquanto se sentava devagar ao lado de Kenzo. “Certo. Quase esqueci disso. Kenzo e sua irmã foram a um encontro às cegas!”
“Não é nada demais. Acontece.” Marcus deu de ombros, observando ela transferir os pratos da bandeja para a mesa. “Você vai alimentar ele?”
“Não, ela não vai.” Kenzo pigarreou e revirou os olhos. “Antes que você fique com ciúmes, o que ela está fazendo é preparar tudo, para que eu só tenha que me alimentar.”
“Ele é uma dor de cabeça.” Fil comentou de brincadeira. “Às vezes eu também me pergunto por que somos amigos.”
“Depois de tomar meu remédio, você vai me deixar em paz?” Kenzo apoiou o braço na perna enquanto estendia a mão para o prato. Recostando-se, ele lançou um olhar para ela. “Ainda acho que vocês dois estão namorando, o que ainda é estranho. Faz-me perceber como o mundo é pequeno.”
“Se você tem tempo para se preocupar com a minha vida amorosa, por que não usa esse tempo para cuidar de si mesmo?” Fil suspirou, encostando-se no sofá. “Seu irmão logo me substituirá. Então, mesmo que a gente se vá, vai ter alguém para ficar de olho em você.”
“Eu não sou criança.”
“Eu sei, então você deveria parar de agir como uma.”
Kenzo abriu a boca para discutir, mas acabou sacudindo a cabeça ao invés disso. Ele revirou os olhos, segurando o prato com uma mão e usando a outra para manusear a colher. Conforme começava a comer, Fil fixou o olhar na direção de Marcus. No momento em que o fez, Marcus lhe lançou um sorriso gentil.
‘Ele não está realmente com ciúmes,’ ela pensou. ‘Porque ele acha que minha amizade com Kenzo será útil algum dia. Que grande raciocínio.’
“Ah.” Marcus de repente sentiu o bolso, pegando o celular para verificar a chamada. Ao ver quem era, ele olhou imediatamente para Fil. “Eu preciso atender essa ligação por um momento.”
“Claro.” Fil assentiu. “Não se preocupe. A gente não vai a lugar nenhum.”
“Eu sei que vocês não vão.”
Com isso dito, Marcus deixou os dois. Foi direto à entrada principal, mostrando a importância da chamada. Quando a porta se fechou, Kenzo imediatamente virou a cabeça para ela.
“O que você acha?” ele comentou num tom morto, olhando diretamente nos olhos dela. “Eu sei que você estava ouvindo mais cedo. Não sentiu arrepios ouvindo o que ele acabou de dizer?”
“O simples fato de ele poder sorrir para você, sabendo que é o responsável pelas suas lesões, já é o suficiente para me dar arrepios.”
“Então, por quê?” Kenzo falou num sussurro exasperado. “Fil, esse cara… é perigoso.”
“E eu te disse, eu sei.”
“Você é…” ele interrompeu-se, apertando a ponte do nariz. “Por favor, me diz que você não está fazendo isso por minha causa?”
“Não.”
“Fil.”
“Não é por sua causa,” ela repetiu enfaticamente. “Ken, eu não estou fazendo isso porque acho que não é perigoso. Eu sei que é arriscado, mas estou fazendo mesmo assim.”
“Por quê?” ele ofegou. “O que você ganha fazendo isso? Seu ex idiota te traiu com sua melhor amiga, mas vale a pena fazer tudo isso? Vingança… nunca termina bem para ambos os lados.”
Fil ficou quieta, olhos nele. “Eu sei.”
“Então apenas deixe para lá.”
“Deixar para lá? E perdoá-los?” ela respondeu com um escárnio. “Eu passei minha juventude tentando ser alguém que eu não sou ao ponto de nem me reconhecer mais. Aguentei tudo só para me encaixar no círculo deles. Kenzo, mais da metade da minha vida… focada em tentar agradar Vincent, sua família e amigos. E eles aproveitaram cada migalha que puderam tirar de mim.”
“E o que eu ganhei por fazer o bem?” ela continuou. “O que ganhei por ser tolerante, gentil, atenciosa e prestativa? Não ganhei nada, mas perdi muitas coisas. Perdi tempo com minha família, meu corpo está quase em declínio, e meu coração foi despedaçado inúmeras vezes.”
“Eles nunca poderão devolver aquele tempo para mim,” ela acrescentou. “Isso, para você, pode ser uma vingança mesquinha, mas para mim, é uma forma de defender a mim mesma e às pessoas que me importam. Cansei de ser aquela Fil que apenas chora silenciosamente no canto enquanto meus agressores vivem suas vidas sem um pingo de culpa. Não vou ficar quieta, pensando que manter a boca fechada só vai manter a paz — assim como você escolheu fazer.”
“Olho por olho, dente por dente. Não posso ser a única a sofrer, Ken. Não posso ser a única a perder.” Fil fez uma pausa enquanto respirava fundo. “Desperdicei muitos anos com eles. Então, o que é mais um ano? Não vou simplesmente sair da vida deles para que possam seguir em frente e encontrar outra Fil ou o Kenzo que eles possam aproveitar e suprimir.”
Kenzo abriu e fechou a boca, mas sua voz não saiu da garganta. Tudo o que pôde fazer foi encarar a determinação e a raiva girando nos olhos dela. Depois de um momento, ele passou os dedos pelos cabelos e suspirou pesadamente.
“Por que eu me tornei seu amigo?” ele resmungou antes de olhar para ela. “Tudo bem. Eu sou um covarde e prefiro ficar quieto porque acho que manter minha boca fechada vai desescalar o problema.”
Outro suspiro pesado escapou de suas narinas. “Vou tomar meu remédio e comer na hora certa. Você não precisa se preocupar comigo.”
“Eu não acredito em você.”
“Minha amiga está ficando louca. Só estive no hospital por semanas, mas mal consigo reconhecê-la mais,” ele enfatizou. “Como sei que nada pode mudar sua mente agora, o mínimo que posso fazer é melhorar caso você se acidente com essa espada de dois gumes que está segurando. Não conseguirei ajudar se ainda precisar de muletas para andar.”
Kenzo apertou os lábios e olhou para ela indefeso. “Não aprovo nem apoio isso. Mas eu entendo você. Só me prometa que vai ter cuidado, e que vai deixar eu proteger suas costas.”
Um momento de silêncio caiu sobre os dois enquanto um sorriso suave surgia lentamente no rosto dela. Kenzo, por outro lado, balançou a cabeça antes de enfiar uma colherada na boca.
“Sério,” ele reclamou enquanto enfiava mais comida na boca. “Eu falo sério quando digo que às vezes questiono nossa amizade. Vá e tenha um encontro com ele. Tenha cuidado, porém. O mundo é pequeno e você pode esbarrar em alguém conhecido.”
“Graças a Deus você é um cúmplice,” ela riu enquanto ele girava a cabeça.
No final, Kenzo e Fil de alguma forma acertaram as coisas. Embora ele tenha dito a ela que não queria se envolver demais, prometeu ficar de olho nela. Isso foi reconfortante. De qualquer forma, conseguir um aliado era muito melhor do que não ter nenhum.