A Garota Boa do Diabo - Capítulo 126

126: Parece engraçado 126: Parece engraçado A luz do telefone roubou a atenção de Fil, fazendo com que ela parasse de passar o hidratante enquanto seus olhos caíam sobre o celular. Ela o manteve no silencioso o dia todo, sabendo que não queria distração com a agenda de hoje. Mas já que Marcus mordeu a isca mais cedo do que esperado, Fil não tinha mais razão para ignorar Jackson. 
“Ah, não é ele,” ela murmurou enquanto checava o remetente. 
O canto de sua boca se curvou porque a primeira coisa que a recebeu foi uma selfie de Elijah e Jackson. Pela aparência, os dois estavam relaxando na piscina.

“Nossa. Parece que eles estão se divertindo bastante,” ela comentou, conferindo as outras fotos que Elijah enviou. 
Elijah manteve-a atualizada desde que chegaram ao resort privado. Havia fotos do saguão, seus pais sentados na área de espera, selfies de Elijah e pequenas legendas para cada uma. Seu irmãozinho até mandou alguns vídeos do quarto dele, das suítes dos pais e depois fotos de um restaurante com Jackson. Jackson saiu um pouco tarde, portanto, provavelmente chegou por volta do almoço. 
“Isso é muito bom,” ela sussurrou, sorrindo de orelha a orelha. “Mamãe e Papai realmente estão no clima de férias. Eu não os via usar algo realmente bonito há muito tempo.”

Embora Fil tenha comprado roupas novas para os pais usarem, eles gostavam de vestir as que já estavam acostumados. Eles sempre diziam a ela que suas roupas velhas eram confortáveis. Não era como se ela não entendesse isso, mas mesmo assim, sempre se sentia impotente.

Então, ver sua mãe arrasando com um vestido floral e a blusa de verão de seu pai fez seu coração amolecer. Eles pareciam livres do estresse e relaxados; fotos deles descansando na piscina ou tomando um coquetel foram suficientes para fazer Fil feliz. Também havia fotos dos pais conversando com Jackson. 
“Agora, eu estou realmente com inveja deles,” ela fez bico, arqueando as sobrancelhas quando uma notificação apareceu no topo da tela. Ela pressionou os lábios em uma linha fina, checando a mensagem que poluiu seu momento de alegria. 
[De: Marcus
Casa.]
“Eu não achei que ele me atualizaria,” ela murmurou, mas então, lembrou que Marcus era do tipo que tinha energia para trocar mensagens. “Ou será que essa é a forma dele de me mostrar interesse?”

De qualquer maneira, ela já estava na situação que criou para si mesma. Melhor manter o impulso. 
[Para: Marcus
Estou em dúvida entre te dar uma boa resposta ou outra coisa. Qual você acha melhor?]
[De: Marcus
Apenas seja você mesma.]
[Para: Marcus
Estou sendo eu mesma, mas acho que você não está sendo você.]
[De: Marcus
Eu já tinha te enviado mensagem antes. Achei que você já tinha percebido isso.]
[Para: Marcus
Agora percebi.]
Marcus, que acabara de chegar em seu apartamento e ainda estava parado na entrada, riu. Ele smackou os lábios, cantarolando enquanto entrava no local. Quando ele jogou seu traseiro no sofá, segurou o celular e digitou algo. No entanto, ao invés de enviar sua mensagem, ele a deletou e substituiu por algo diferente. 
[Para: Fil
Posso ligar?]
[De: Fil 
Por quê?]
Marcus cantarolou enquanto pensava e, apesar de não receber uma permissão direta, ligou para ela mesmo assim. Colocando o telefone descontraidamente em seu ouvido, ele ouviu tocar algumas vezes. Se fosse qualquer outra pessoa, cada toque também significaria sua paciência e temperamento se esgotando. Mas com ela, ele era paciente. 
Talvez porque ele esperava que ela não atendesse. E mesmo assim, ela atendeu no último toque.

“Estou passando meu hidratante,” ela disse assim que a linha conectou. “Você está no viva-voz.”

“Tem mais alguém aí ouvindo?” ele perguntou brincalhão. “Me avise, para eu saber o que devo dizer.”

“O Sr. Piggy está ouvindo.”

“Sr. Piggy?”

“Mhm. Ele é muito severo. Então, não diga nada engraçado. Você não vai querer que ele interfira no seus assuntos.”

Marcus arqueou a sobrancelha, imaginando quem seria esse Sr. Piggy. Ele sabia que não poderia ser uma pessoa, mas também não sabia se Fil tinha um bichinho de estimação. Pelo que ele sabia, ela não tinha nenhum.

“Tudo bem,” ele se rendeu. “Vai dormir agora?”

“Depois disso, talvez?”

“Quer sair amanhã?”

“Bem, eu não sei.” Fil pausou no meio da aplicação de mais uma camada de creme no rosto, olhando para o celular. “Eu prometi a Kenzo uma visita.”

“Kenzo?”

“Esqueceu?” Fil cantarolou. “Kenzo foi assaltado e hospitalizado. Planejo ir ver como ele está amanhã.”

“Entendi.” Uma carranca profunda tomou conta do rosto de Marcus ao pensar em Kenzo e Fil. “Você tem ido vê-lo regularmente?”

“Somos amigos e também, ele faz parte da minha equipe. É natural verificar seu bem-estar.” Fil colocou o pequeno pote de lado e pegou o celular, segurando-o diante dos lábios. “Você quer ir comigo?”

“Você quer que eu vá com você?”

“Mhm. Você conhece o Kenzo.”

“E ele sabe sobre o Vincent.”

“Ele não vai dizer nada, mas se você não quiser ir, então não estou disponível amanhã.” Fil sorriu, apenas brincando com ele porque era divertido. “Sem ressentimentos.”

Marcus se recostou e descansou a parte de trás da cabeça no encosto do sofá. “Você acha que eu não quero ver ele junto porque ele pode falar com o Vincent?”

“Não estou brava por isso. Foi minha ideia não contar nada para ninguém.”

“Não estou preocupado se ele falar para o Vincent, mas estou preocupado que você provavelmente ainda não esteja pronta,” ele explicou. “Mas se você diz que ele não vai falar, tudo bem. Confio no seu julgamento.”

Rugas profundas apareceram nas sobrancelhas dela. “Você vem?”

“Mhm. Você me convidou, e quem sabe quando você vai estar livre de novo?” Marcus deu de ombros. “Aproveitarei toda chance que puder, sabendo que não sou prioridade.”

“Ah.”

“O que houve com a mudança repentina de tom?” Marcus estreitou os olhos. “Não me diga que você não quer que eu vá?”

“Não. Estou apenas… surpresa, só isso.” Fil revirou os olhos e limpou a garganta. “Afinal, Vincent nunca gostou dele.”

Marcus emitiu um risinho amargo. “Vincent de novo?”

“Você me culpa?”

“Não, mas como eu disse. Não sou ele.” Marcus estendeu o braço no sofá. “Embora eu esteja começando a achar isso engraçado. Nos vemos amanhã?”

Fil cantarolou, balançando a cabeça levemente. “Claro.”

Com isso dito, eles concordaram silenciosamente em encerrar a ligação. Quando Fil colocou o telefone de lado, ela olhou para ele chocada. 
“Eu achei que ele evitaria Kenzo,” ela murmurou. “Mas ele está tranquilo com isso. Devo cancelar? Kenzo pode não estar pronto para ver seu agressor.”

*****
Enquanto Fil se encontrava em um dilema, Marcus ficou ocioso no sofá. Ele jogou o celular de lado logo depois que ela desligou, seu sorriso afetuoso desaparecendo, substituído por uma camada de frieza. 
“Vincent… e agora, Kenzo,” ele resmungou friamente. “Eles estão começando a soar irritantes agora, mas acho que encontrar esse Kenzo é melhor antes que ele diga algo a ela.”

Após refletir um pouco, Marcus esticou a mão para o celular e discou um número. Depois de deixar tocar, ele esperou que a outra pessoa atendesse. Ele sorriu quando a linha foi conectada. 
“Sou eu,” Marcus falou. “Tenho uma pergunta. Você acha que Fil me deixaria passar a noite na casa dela se eu aparecesse um pouco mais bêbado?”

Um longo silêncio se fez na linha antes da voz de Kenzo ser ouvida. “O que você quer?”

“Vamos nos encontrar hoje à noite.”