A Garota Boa do Diabo - Capítulo 122

122: Condições 122: Condições “Eu estou apenas… surpreso, é só. Mas entendo o dilema.”

Um momento de silêncio caiu sobre eles enquanto ambos se entregavam à quietude. Por algum motivo, mesmo com pessoas indo e vindo, elas pareciam não importar naquele momento. 
“Ontem à noite…” Fil quebrou o silêncio com sua voz suave, ainda sem olhar para ele. “Vincent foi lá em casa.”

As sobrancelhas dele se ergueram em surpresa. “Vocês dois… voltaram?”

“E se voltamos?” desta vez, ela o encarou. “Isso seria suficiente para fazer você desistir?”

Marcus não conseguia responder, sabendo que qualquer resposta que desse a colocaria numa situação complicada. Se ele dissesse que sim, talvez ela não saísse com ele. Mas se ele respondesse não — o que quase disse — ela poderia criticá-lo como um homem disposto a ter um caso com a amante do seu melhor amigo. 
“Marcus…” Fil coçou a têmpora, angustiada. “Por que eu, dentre todas as pessoas?”

“Se eu soubesse, teria resolvido isso sem te contar.”

Ela olhou de volta para ele. “Nós não nos acertamos. Quero dizer, Vincent e eu.”

“Ah.”

“Mas eu lhe dei uma chance de consertar o que não tem conserto,” ela confessou, mantendo o olhar dele. “É a primeira vez que vi Vincent chorar enquanto me implorava. Eu não tenho coração para afastá-lo quando ele está assim.”

“É assim?” Marcus forçou um sorriso, mas em vão. Ele baixou lentamente o olhar, balançando a cabeça em compreensão. “Então, isso significa…”

“Mas eu também não tenho coração para te afastar. Não quando você corajosamente expôs seu coração aqui na minha frente,” ela acrescentou, fazendo com que ele levantasse o olhar para ela. “Você foi honesto, e sei que tem um bom coração. Embora eu acredite que este sentimento não é amor, mas confusão, vou te ajudar a ter clareza sob algumas condições.”

A expressão dele lentamente mudou de um pouco magoada para surpresa, com os olhos arregalados nela. 
“Eu vou sair com você, mas ninguém precisa saber. Afinal, eu não quero que esse pequeno experimento saia do controle,” ela começou, desta vez, seu tom era sério. “Estou fazendo isso porque você está confuso e pode ser um pouco exagerado, mas ainda espero que, uma vez que você tenha a clareza que deseja, ainda possamos ser amigos.”

“Eu entendo.” Ele assentiu, sem contar a ela que na verdade era um dos seus planos. Ele não queria deixar os outros saberem sobre isso até que tivessem certeza. Afinal, se não desse certo, ele conhecia as consequências. No entanto, ela não precisava saber disso. 
“Segundo, preciso que você saiba que Vincent e eu não terminamos completamente,” ela continuou. “Ele não me deixou ir, e ainda me afeta de um jeito ou de outro. Podemos voltar enquanto estivermos fazendo esse pequeno experimento, então não se magoe se isso acontecer.”

“Terceiro, sem beijos e sem sexo. Não espere isso de mim,” ela enfatizou cada palavra como se isso carregasse a maior importância. “Esta é a linha que você não deve cruzar. Nem mesmo Vincent cruzou essa linha, então se você cruzá-la… esqueça tudo. Estou fora.”

Marcus assentiu. “Eu sei disso, pelo menos. Sem beijos e sexo até o casamento — segurar as mãos?”

“Você quer segurar minha mão?” ela perguntou, e ele assentiu. “Quer mesmo?”

“Beijos e sexo também.” Ele deu de ombros, observando o rosto dela ficar instantaneamente vermelho. Ele riu. “Sou homem, então é natural para mim querer mais. Já que estamos sendo honestos, não vou omitir o fato de que já estive com mulheres antes. Mas respeito suas crenças e princípios.”

Fil pigarreou e encheu as bochechas. “Caramba. Isso é honestidade demais.”

“Haha. O que mais?” ele perguntou curiosamente. “Manter segredo, sabendo que ainda tem questões não resolvidas, e abstinência. O que mais você quer adicionar?”

“Por último…” Fil respirou fundo, enfrentando-o diretamente. “Não se apaixone por mim, porque eu não vou.”

“Hã?” Marcus franziu a testa, confuso. “Não é esse o ponto desta conversa?”

“O ponto desta conversa é esclarecer qualquer confusão que você tenha,” ela esclareceu. “Estou fazendo isso pensando em te fazer um favor. Não quero me machucar, Marcus. E agora, eu estou vulnerável. Você me pediu para sair com você, sabendo que eu estava num estado vulnerável e confuso. Não quero tomar uma decisão errada e acabar me odiando.”

Mais uma onda de silêncio os envolveu, mantendo o olhar um do outro. 
“Você viu através do meu esquema?” ele riu, balançando a cabeça. “Isso é embaraçoso.”

“Eu só acho que é muito calculado,” ela deu de ombros, indiferente. “O que esperar de você? Você não está nessa posição em sua vida apenas porque nasceu rico. Mas você é uma pessoa importante na Corporação Arkwright porque você é bom no que faz — ardiloso, se posso dizer.”

“Isso deveria me preocupar?” ele respondeu. “Eu não quero te desanimar logo de cara.”

“O benefício de nos conhecermos há anos é que vimos o pior um do outro. Sei que você pode ser um tremendo idiota também, então vou ter isso em mente.”

“Certo, nos conhecemos há muito tempo…” Marcus se recostou no sofá, inclinando a cabeça e desviando o olhar para o canto. “Você já me conhece, mas sinto que estou apenas começando a te conhecer.”

Fil sorriu. “Me sinto ofendida.”

“Me desculpe.”

“Mas eu não te culpo.” Fil também se recostou, estalando os lábios antes de sorrir sutilmente. “A Fil que você conhece está sempre na sombra de Vincent. Ela é patética.”

“Ela está apenas apaixonada, cegamente apaixonada.”

Devagar, ela virou-se para ele, apenas para encontrar seu sorriso sutil. “Ela está, e eu não quero ser assim novamente. Já chega dela.”

“E você está melhor assim.” O sorriso dele se ampliou. “Acho que vou me divertir bastante conhecendo a verdadeira você.”

“Não sorria assim. Eu sou a ex do seu melhor amigo.” Ela apertou os olhos, cruzando os braços sob o peito. “Você e eu sabemos que isso é errado.”

“Mesmo assim, estamos fazendo isso.” Marcus deu de ombros, desviando o olhar dela para o alto teto do estúdio. “E surpreendentemente, mesmo sabendo que isso não deveria estar acontecendo, estou feliz pela chance. Pode ter essas estranhas condições, mas… parece não importar.”

“Eu pedi à ex-noiva do meu melhor amigo para sair comigo,” ele continuou, voltando o olhar para ela. “Mas eu estou mais aliviado por ter feito isso. Não parece errado agora. Se for alguma coisa, eu me sinto… bem.”

“Não estrague tudo.”

“Se eu estragar, a culpa é minha. Me ponha na pena de morte.” Ele piscou. “Devemos sair mais tarde?”

“Eu já dei minha palavra para o Anton, desculpe.” Fil sorriu. “Mas você pode vir, eu acho? Eles não vão simplesmente expulsar o Diretor Marcus Arkwright só porque, certo?”

Marcus riu. “Comecei a me preocupar com a péssima imagem que você tem de mim.”

“Não é tão ruim assim,” ela brincou. “Confia em mim.”

O sorriso dele permaneceu enquanto a encarava. Apenas algumas horas atrás, seu coração estava pesado e sua mente confusa. Mas depois de confessar o que o estava pesando e conversar com ela, tudo de repente clareou. Seu coração não estava mais pesado, e sim, palpitando. E sua mente não se sentia mais sufocada. 
“Eu acho que gosto muito de você,” ele deixou escapar enquanto a encarava, mordendo a língua, mas não se arrependendo do deslize. “E eu acho isso estranho.”

“Eu também acho estranho…” Fil começou a falar quando ele estendeu a mão para segurar a dela. Seus olhos se arregalaram, olhando para a mão dele sobre a dela, e então encontrou os olhos dele mais uma vez. 
“Obrigado,” ele expressou do fundo do coração. “Mas saiba que apesar de eu estar genuinamente grato pela chance, é só mais uma desculpa para te tocar. Eu senti sua falta.”

“Marcus, você esqueceu a primeira cláusula —”
“Eu realmente espero que eu esteja apenas confuso, Fil,” ele continuou, interrompendo-a no meio da frase. “Porque se eu não estiver, vou ter problemas.”

“Muita coisa está em jogo aqui,” ela sorriu. “Espero que você tenha clareza em breve.”