A Esquisita da Matilha: Um Mistério a Desvendar - Capítulo 12

12: Capítulo 12 – Memórias 12: Capítulo 12 – Memórias Eu, com oito anos de idade, estava sentada silenciosamente no banco traseiro do nosso carro enquanto Mamãe dirigia, e papai estava sentado no banco do passageiro, parecendo um pouco estressado. “Mamãe, papai,” eu disse, e ela murmurou enquanto papai olhava para mim. “Por que estamos indo para a floresta?” eu perguntei a eles, e papai sorriu um pouco… {papai nunca ignorava nenhuma das minhas perguntas, não importava quão irritante fosse}
“Temos que mostrar algo a você,” ele me disse e bagunçou meu cabelo.

“Na selva?” Eu perguntei confusa.

“Sim, querida, mais alguns minutos e chegaremos lá,” ele disse, e eu concordei. Depois de alguns minutos, Mamãe estacionou o carro na lateral e eles saíram do veículo. Papai abriu a porta e olhou para mim.

“Que tal uma cavalgada nas costas?” ele disse, e eu gargalhei enquanto concordava.

“Você está mimando ela, Daniel,” Mamãe disse a papai, e ele revirou os olhos.

“Não, eu não estou Rosa. Você está apenas com ciúmes porque ela me ama mais,” papai disse a ela e se inclinou na minha frente enquanto eu pulava em suas costas. Começamos a andar pela floresta, e eu olhei para Mamãe, que estava nos olhando com um sorriso no rosto. Caminhamos por alguns minutos, e quando a floresta ficou mais densa, papai me colocou no chão, e Mamãe colocou a bolsa ao meu lado.

“Então,” ele disse nervosamente e olhou para Mamãe, “eu acho que devo mostrar a ela primeiro,” disse ele a ela, e ela acenou com a cabeça nervosamente e veio em minha direção. Eu olhei para ela confusa. “O que é, Mamãe?” eu perguntei a ela, e ela forçou um sorriso em seu rosto.

“Acredite em nós, e não entre em pânico, querida, eu estou aqui com você,” eu franzi as sobrancelhas em confusão “apenas olhe para seu papai” eu quis perguntar a ela muitas coisas, mas eu fiz o que ela me disse. Papai sentou-se nas quatro patas e começou a se mover de uma maneira muito estranha. No início, eu pensei que ele estava com dor, mas lentamente meu fôlego travou na garganta quando finalmente percebi o que estava acontecendo.

Suas mãos e pés transformaram-se em garras, e pelos castanhos como café começaram a cobrir cada centímetro de seu corpo. Seus caninos alongaram-se como os de animais, e sua boca transformou-se em um focinho. Em um minuto, um enorme lobo castanho estava parado onde meu pai estava, e a única coisa que podia provar que ele estava lá são os restos de suas roupas rasgadas ao redor daquele lobo.

Eu não sabia como reagir. Eu queria gritar, fugir e proteger minha Mamãe deste lobo, mas eu não sabia como assimilar a informação de que o lobo parado na minha frente era meu papai. Aquele lobo deu alguns passos em minha direção, e eu recuei… {o que está acontecendo? Essas coisas só acontecem em livros. Isso não pode ser verdade}
“Está tudo bem, amendoim,” Mamãe tentou me acalmar.

“Não, não está tudo bem, Mamãe,” eu disse a ela e a abracei forte “eu quero meu papai de volta. Diga a esse lobo para ir embora,” eu disse a ela e comecei a chorar. Ela me pegou em seus braços, e eu escondi meu rosto na curva do seu pescoço e chorei muito. Ela esfregou minhas costas e tentou me acalmar. Eu parei quando ouvi os gemidos daquele lobo.

“É normal ter medo, Daniel.. pare de gemer. Ela viu tudo isso pela primeira vez. Como você pode não aceitar que ela tenha medo de você?” Mamãe repreendeu o lobo, e o lobo recuou alguns passos enquanto gemia. Eu olhei para Mamãe de olhos arregalados.

“Não fale assim com ele. Ele vai machucar você,” eu disse a ela, e o lobo gemeu alto com isso. Mamãe deu uma risada e beijou minha bochecha.

“Seu pai nunca poderia me machucar, amendoim,” Mamãe disse e olhou amorosamente para o lobo.

“Mas ele não é papai. Ele é um lobo,” eu disse a ela e busquei no lobo castanho qualquer sinal de papai.

“Sua avó e eu também somos lobos,” ela disse, e eu a olhei como se ela tivesse crescido duas cabeças. “Eu não estou mentindo. Você pode tentar tocá-lo, seu papai nunca poderia sequer pensar em te machucar,” ela disse para mim, e eu olhei novamente para o lobo, que agora estava sentado no chão com a cabeça abaixada.

“Ele vai me morder,” eu disse a ela e balancei a cabeça, mas eu tive que aceitar que ele não parecia tão assustador quanto antes.

“Ele é seu papai, amendoim,” ela me disse de forma direta, e agora meus olhos estão fixos no lobo castanho. Ele é enorme e lindo, com os mesmos olhos azuis que meu pai. Talvez ele tenha sentido meu olhar, pois ele levantou a cabeça, e instantaneamente eu segurei a mão de mamãe.

“E se ele vai?” eu perguntei a Mamãe enquanto meu olhar ainda estava fixo nele.

“Você não saberá se não tentar,” ela me disse e me incentivou a chegar mais perto dele. “vá, querida, estou aqui com você,” ela me encorajou e esperou que eu desse o primeiro passo, mas quando eu não fiz nada, ela soltou minha mão e foi até o lobo, o acariciou e bagunçou seus pelos “Vamos lá, querida, seu papai ficaria feliz se você chegasse mais perto dele” ela me incentivou, e eu concordei. Eu comecei a dar pequenos passos em direção a ele, e eles esperaram por mim pacientemente. Quando eu estava perto o suficiente para tocá-lo, eu levantei a mão devagar e toquei sua cabeça. Quando ele não fez nada, minha coragem aumentou, e eu baguncei seus pelos macios, e ele se inclinou para o meu toque. Seus pelos são tão macios e fofos que eu não consigo nem ver minha mão. De repente, ele se aproximou de mim e começou a me lamber. Eu entrei em pânico no início, mas a lambida dele me fez cócegas, me fazendo rir automaticamente.

“P-para,” eu disse entre risos, e ele obedeceu e me deu a última lambida. “Você consegue me entender?” Eu perguntei a ele empolgada, e ele assentiu. “Papai??” eu disse, e ele uivou de felicidade e novamente me lambeu.

“Você quer ver meu lobo também, amendoim?” Mamãe me perguntou, e eu assenti. Papai me envolveu e esfregou seus pelos em mim enquanto eu olhava para Mamãe, que se transformou da mesma maneira que papai, mas seu lobo era loiro. Ela veio correndo em nossa direção e derrubou papai, e eu gritei de horror. Eles pararam, e foi quando entendi que eles estavam apenas brincando. Eu coloquei minhas mãos na cintura e repreendi Mamãe, “você não deveria brigar, Mamãe. Brigar é ruim,” eu disse a ela, e se lobos podem sorrir, então com certeza papai sorriu para ela.

Eles ambos vieram correndo em minha direção e começaram a me lamber, e eu não pude evitar de rir alto. Eu estava perdendo o equilíbrio com tudo isso e estava prestes a cair no meu bumbum, mas em vez disso, eu caí no pelo macio do lobo do papai. Nós brincamos por um tempo, eu até sentei nas costas deles, mas ambos eventualmente pararam. Mamãe pegou a bolsa do chão enquanto eu brincava com papai. Ela veio depois de alguns minutos em forma humana enquanto vestia outras roupas.

“Você deveria ir se trocar, Daniel,” Mamãe disse a ele.

“Não,” eu reclamei, agarrei os pelos do papai e tentei envolver meus braços em volta do seu pescoço mas falhei miseravelmente. “Eu quero brincar com ele. Por favor, Mamãe,” eu disse a ela, e papai me lambeu carinhosamente, “e por que você se transformou, Mamãe? Eu quero brincar com você também,” eu reclamei e fiz beicinho.

“Voltaremos mais tarde, amendoim, mas agora, sua vovó está esperando por nós”, ela me disse, mas sua voz estava desaparecendo lentamente… Assenti tristemente. Pai me cutucou e lambeu, o que me fez rir. Ele também foi para trás do arbusto e voltou depois de alguns minutos e me pegou nos braços, e eu beijei sua bochecha.

“Voltaremos amanhã, querida, prometo”, ele me disse, e eu assenti. Começamos a caminhar em direção ao nosso carro, e aos poucos, o verde ao nosso redor começou a ficar preto.

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A única coisa que eu conseguia cheirar eram os remédios, e aquele som irritante de bip era a deixa para adivinhar que eu estava mesmo em algum hospital. Abri meus olhos e os fechei instantaneamente por causa da luz brilhante… {Isso realmente dói}
Respirei fundo e, desta vez, abri meus olhos bem devagar, dando o tempo adequado para eles se ajustarem. Demorei alguns minutos para me lembrar de tudo o que tinha acontecido, o que me surpreendeu porque eu não esperava estar viva depois de tudo aquilo.

Olhei em volta e me encontrei no hospital da alcateia. Tentei me levantar, mas a dor atingiu a nuca e mordi os lábios para não gritar. Deitei-me novamente e respirei fundo. Depois de alguns minutos, a porta se abriu e a doutora entrou.

“Ah, você acordou”, ela disse surpresa e seus olhos ficaram embaçados por um minuto, depois se aproximou de mim. “Isso é ótimo. Eu pensei que você não recuperaria a consciência por mais dois ou três dias”, ela disse e verificou os sinais vitais.

“Há quanto tempo estou inconsciente?” perguntei a ela.

“Não muito, 17 ou 18 horas”, ela disse, e eu assenti.

“Consegui impedir o ataque?” perguntei a ela, e ela me olhou desaprovadora.

“Sim, você conseguiu, mas foi uma decisão muito tola”, disse ela enquanto removia o curativo do meu pescoço e começou a limpar a ferida… mas estou feliz por ter conseguido impedir um ataque. Dee com certeza ficaria orgulhoso de mim.

“Não me importo se minha tolice for capaz de salvar a vida de alguém”, eu disse a ela, e ela novamente cuidou da minha ferida. “Então, qual é o meu estado de saúde?” perguntei a ela, e ela balançou a cabeça.

“Nada sério nem muito bom, você perdeu muito sangue”…{isso eu já esperava}…”seu braço esquerdo está gravemente ferido e levará no mínimo três semanas para curar” eu assenti “e a situação do seu pescoço não é nada boa, você tem muitos hematomas e cortes por todo o corpo, mas sua recuperação é boa” eu assenti novamente “descanse direito por um mês, e você ficará bem”, ela disse, e eu respirei fundo. “Eu já informei ao Alfa que você recuperou a consciência. Ele virá te visitar daqui a pouco.”

“Alguma criança veio me visitar?” perguntei a ela, e ela assentiu.

“Sim, ele fez um alvoroço depois que você foi internada aqui. Ele estava decidido a te ver. O Alfa Ethan não queria machucá-lo, então usou seu comando nele, mas não teve efeito” assim que ouvi isso, uma onda de raiva passou pelo meu corpo e a doutora recuou. “calma aadhya” ela disse, e eu lhe lancei um olhar mortal.

“Chame essa criança aqui”, eu disse em tom calmo, mas ela recuou um pouco “Não quero mais ninguém além dele aqui”, ordenei a ela, e ela tremeu.

“Mas o alfa ai-..” eu a encarei, e ela calou a boca.

“Só Diego”, eu a encarei firmemente, “ninguém mais” ela praticamente correu para fora da cabine, e apesar da dor, sentei na cama e tentei me acalmar. Depois de alguns minutos, a porta do quarto se abriu com estrondo e Diego veio correndo em minha direção. Ele pulou na cama, me abraçou com força e colocou o rosto na curva do meu pescoço…{tudo bem, isso dói, mas posso suportar algumas dores por ele}… Todos, a raiva que senti alguns minutos atrás evaporou em um segundo, e eu criei um círculo com meus braços ao redor dele. Ele começou a chorar alto debruçado em mim e esfreguei suas costas para acalmá-lo…{está tudo bem. Ele está bem. Meu Dee está bem…} Respirei fundo seu cheiro, que instantaneamente ajeitou todos os meus sentimentos.

“Você é má, addy. Eu estava esperando por você no jantar”, ele disse entre soluços, e eu sorri.

“Desculpa dee, amanhã te compro dois chocolates”, eu disse a ele, mas ele não me soltava. “dee..” eu disse, e ele respondeu num tom de voz tímido “me conta o que aconteceu quando você tentou vir me ver”, eu disse a ele, e ele finalmente me soltou. Ele baixou o olhar. “Quem tentou te comandar, dee?” eu perguntei diretamente a ele. Ele ficou em silêncio por alguns minutos, mas depois olhou nos meus olhos.

“Alfa Ethan”, ele me disse, “mas seu comando não funcionou em mim, então ele me mandou à força para o orfanato. Eu até disse a ele que eu seria um bom menino, mas ele não me ouviu. Eu sei que alguém também fica conosco quando vamos ao hospital. Eu disse a ele que você não tem mãe, nem pai, e seus amigos moram longe. Eu pedi para ele me deixar ficar, mas ninguém me ouviu” eu assenti com a declaração dele, porque, verdade seja dita, ele já me deixou sem palavras. Ele parece cansado, e posso ver olheiras sob seus olhos…{eu não sei quando nos tornamos tão próximos, mas o Dee se tornou tudo para mim nesses últimos dois meses}
“Você tomou seu café da manhã?” perguntei a ele, e ele assentiu “você deveria dormir agora”, eu disse, e ele balançou a cabeça.

“Eu não quero voltar para o orfanato”, ele me disse, e eu me movi um pouco e gesticulei para que ele viesse. Ele sorriu amplamente e nem sequer perdeu um segundo para subir na cama. Ele envolveu seus pequenos braços ao redor do meu tronco e me olhou com seus olhos inocentes “você não vai dormir?” ele me perguntou, e sorri para ele.

“Eu já dormi e tenho que conversar com o Alfa sobre o ataque” assim que disse isso, seus olhos se arregalaram “ninguém vai dizer nada para você dee. Eu estou aqui, e você disse que quando ficamos no hospital, alguém fica conosco. Então, você vai ficar comigo” ele assentiu se aconchegando mais em mim e em minutos adormeceu. Depois de meia hora, alguém bateu à porta, e a doutora entrou hesitante.

“O Alfa está aqui para te ver, aadhya”, ela me disse, e eu assenti.

“Mande ele entrar”, eu disse a ela, e ela respirou aliviada e saiu da cabine. O Alfa Aiden e a Luna Olivia entraram, e imediatamente seus olhos se fixaram na figura adormecida de Diego ao meu lado. Eles caminharam em nossa direção, e a Luna sentou-se na cama enquanto o Alfa ficou rígido.

“Como você está, aadhya?” Luna me perguntou sussurrando…{parece que ela se preocupa com o Diego.}
“Estou bem, Luna, mas descobri algo importante”, eu disse, e isso despertou o interesse do Alfa…