A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 77

77: Tons de Verde I 77: Tons de Verde I Soleia olhava ansiosamente para Reitan, tentando ver se ele escondia algum ferimento da confrontação anterior. Seu pobre irmão estava tão aterrorizado que tremia como uma folha. No momento em que retornaram ao quarto dele, ele bateu a porta e se enfiou debaixo das cobertas, tremendo.

“Reitan, não há mais necessidade de ter medo,” Soleia disse calmamente. Ela esfregou a cabeça dele, bagunçando seu cabelo fofo. “Estou aqui para te proteger.”

Reitan a encarou com olhos arregalados e aterrorizados. “Não! Você não pode lutar contra Florian e o homem assustador!”

“Senhor Ralph não é assustador,” Soleia disse, antes de se lembrar que Reitan viu o Senhor Ralph controlar uma bola do próprio sangue com tanta facilidade. Isso teria assustado qualquer criança, principalmente Reitan, que nasceu mais cauteloso e tímido do que a maioria. “Bem, às vezes ele é, mas ele está do nosso lado. Ele nunca nos machucaria.”

Reitan lhe deu um olhar duvidoso. “Irmã, eu não confio nele. Os olhos dele ficam mudando de cor.”

“Você mencionou isso antes. Então, qual é a cor dos olhos dele?”

“Às vezes são marrons, às vezes verdes.” Reitan balançou a cabeça e estremeceu. “É estranho. Ninguém deveria ser capaz de mudar a cor dos olhos assim, a menos que… a menos que sejam uma criatura das trevas!”

Soleia realmente queria apoiá-lo, mas com as palavras de Reitan, um riso escapou de seus lábios. Reitan a encarou, seu lábio inferior tremendo com a traição repentina.

“Irmã também está zombando de mim? Irmã acha que estou mentindo?” Os olhos de Reitan começaram a se encher de lágrimas, e Soleia entrou em pânico, tentando rapidamente assegurar ao irmão mais novo que não estava rindo dele.

“Não, não, não estou zombando de você,” Soleia disse. “Mas eu realmente duvido que o Senhor Ralph seja uma criatura das trevas. Ele tem sido nada além de gentil comigo. Mais importante, nunca vi seus olhos mudarem de cor.”

“Irmã acha que estou mentindo? Eu vi os olhos dele mudarem de cor esta manhã no café!” Reitan começou a fungar e Soleia gemeu internamente.

“Não, não está mentindo, mas talvez você estivesse muito cansado porque não dormiu bem,” Soleia disse, mudando rapidamente de assunto. “Afinal, você não estava lá fora me procurando no meio da noite? Reitan, isso não é perigoso? E se você caísse e se machucasse sem ninguém saber?”

Reitan fez beicinho enquanto Soleia apontava suas ações. “Eu queria te procurar, mas depois me disseram que você não havia chegado. Quando você chegou, o Pai me forçou a tomar outro banho de gelo então eu adoeci de novo. Quando me recuperei, já era tarde da noite…”

“Oh Reitan…” Soleia suspirou e o abraçou. “Sei que você se preocupa muito comigo, mas ainda é perigoso. E se Florian te pegasse andando escondido lá fora e te machucasse?”

No nome de Florian, o rosto de Reitan ficou mais pálido. “Não farei isso de novo.”

“Bom garoto,” Soleia disse. “E o Senhor Ralph é um bom homem, não importa a cor dos seus olhos. Ele nos salvou de Florian, e tem me ajudado em muitas situações difíceis. Se não fosse por ele, sua irmã não estaria aqui sentada na sua frente falando com você agora. Então, certifique-se de ser educado com ele, ok? Não o chame de monstro assustador.”

“Não vou,” Reitan disse obedientemente com um aceno. “Eu não sou como o estúpido do Desmond, que sempre diz a coisa errada. Ele me chamou de maricas!”

“Isso foi rude da parte dele,” Soleia concordou, mordendo o interior das bochechas para não rir alto. Um batida forte na porta felizmente os distraiu.

“Princesa Soleia, Príncipe Reitan, estão bem aqui dentro? Me avisem se precisarem de algo,” a voz de Rafael veio do outro lado da porta. Reitan congelou e Soleia lhe lançou um olhar tranquilizador.

“Estamos ambos bem, graças à sua intervenção oportuna,” Soleia disse, abrindo a porta para convidá-lo para entrar.

Graças às palavras de Reitan, ela se encontrou prestando especial atenção aos olhos do Senhor Ralph. Eles eram um verde esmeralda lindo, sem qualquer indício de marrom. Ela suspirou internamente; Reitan deve ter se confundido essa manhã.

“Nós irmãos só podemos te agradecer. Não é, Reitan?”

Reitan acenou de modo bobo antes de saltar de sua cama. Para surpresa de Soleia, ele desenterrou uma pintura de debaixo de sua cama.

“Este é um presente, como agradecimento,” Reitan disse timidamente. Seus olhos desviaram uma vez para o rosto do Senhor Ralph antes de se concentrarem no chão.

“Muito obrigado,” Rafael disse, agradavelmente surpreso com seu presente de agradecimento.

Ele examinou a pintura. Para seu deleite, era uma pintura em aquarela da Princesa Soleia! Ele não pôde evitar estender um dedo para tocar no rosto na pintura, maravilhado com como o jovem príncipe havia conseguido capturar sua expressão sorridente.

“Você tem grandes talentos nas artes, jovem príncipe. Isso está incrível, seu domínio da pintura em aquarela está muito além de seus colegas. Tem certeza de que deveria me dar isso?”

O nariz de Reitan se enrugou, mas ele acenou relutantemente. “Sim. Eu tenho outros.”

“Você tem mais?” Rafael exclamou encantado. “Que impressionante! Posso vê-los?”

Reitan, sentindo que tinha um apoiador, correu apressadamente para seu armário, onde começou a puxar rolo após rolo de pinturas.

Enquanto isso, Soleia engasgou envergonhada. “Reitan, você desenhou tantas fotos minhas?”

“Eu senti sua falta,” Reitan disse simplesmente antes de seus olhos se voltarem para o pânico. “Será que… será que a Irmã não gosta?”

“Não, não, estou muito feliz que você continuou pintando,” Soleia disse rapidamente. Pobre Reitan deve ter ficado tão solitário na ausência dela que usou essas pinturas para se virar. Ela poderia ver algumas de suas outras irmãs nas pinturas, mas a maioria delas a apresentava. Às vezes, Reitan incluía um dragão morto atrás dela.

Rafael apontou para ele e riu, divertido. “Eu gosto deste.”

“O dragão representa o marido dela,” Reitan explicou.

“Mas o dragão está morto,” Rafael apontou.

“Exatamente,” Reitan disse com um bico infantil e Rafael quis gargalhar pela sua honestidade audaciosa. “É tudo culpa dele que a Irmã teve de ir embora. E eu ouvi dos criados que ele está casando com outra mulher também. Eu deveria desenhar mais pinturas dele morrendo,” Reitan decidiu firmemente.

“Reitan, isso não é muito educado de sua parte.” Soleia repreendeu. Ela decidiu mudar de assunto. “Que tal pintar o Senhor Ralph aqui, já que ele nos resgatou mais cedo.”

Rafael pensou sobre isso e concordou. Assim, Rafael se acomodou no chão, enquanto Reitan preparava suas tintas e cavalete. Soleia o ajudou a vestir seu roupão para que as tintas não respingassem nele.

“Desculpe se não for tão preciso,” Reitan dirigiu-se a Rafael.

Nada teria preparado ele para as próximas palavras saídas da boca do jovem garoto.

“Não tenho o tom de verde certo para seus olhos.”