A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 73

73: Terrível Realização 73: Terrível Realização Em sua defesa, Soleia realmente queria encerrar a discussão depois que o relógio bateu meia-noite. No entanto, Senhor Ralph era simplesmente um excelente receptor para as suas ideias. Soleia não percebeu o quanto estava faminta por alguém que entendesse seus processos de pensamento até que Senhor Ralph veio e cutucou sua mente com perguntas enquanto oferecia suas próprias percepções.

Como tal, a discussão durou horas. Soleia tinha passado por dois tinteiros enquanto rabiscava apressadamente seus pensamentos, ignorando seu esgotamento até que não pudesse mais lutar contra o sono. Ela nem sequer conseguiu desejar ao Senhor Ralph uma boa noite digna, antes de desabar de rosto em suas próprias anotações.

Rafael riu baixinho para si mesmo. Ele sabia que Soleia estava ficando cada vez mais sonolenta, mas não esperava que ela simplesmente adormecesse em sua escrivaninha!

“Princesa Soleia, acorde”, Rafael disse, balançando seu ombro levemente. “Você tem que dormir em sua cama.”

A única resposta foi um resmungo, mas os olhos de Soleia permaneceram fechados. Rafael suspirou carinhosamente para si mesmo; claramente, a Princesa Soleia tinha se esforçado demais. Tinha sido um dia longo. Ele gentilmente afastou sua cabeça do pergaminho, tentando não rir alto das marcas escuras deixadas em sua bochecha. A tinta ainda não tinha secado, fazendo com que manchasse seu rosto.

Bem, não havia nada o que fazer. Rafael facilmente pegou Soleia no colo, estilo nupcial, suspirando por ver como ela estava leve. As semanas de viagem fizeram-na perder peso, e ele franziu a testa ao perceber que suas bochechas redondas pareciam ter diminuído.

Isso não estava certo. Rafael prometeu garantir que Soleia comeria três refeições fartas por dia, com pequenos mimos entre elas. Se dependesse dele, a futura esposa teria aperitivos à sua disposição para engordá-la.

Lentamente, ele a levou para a cama, garantindo colocar sua cabeça bem no meio do travesseiro. Soleia emitiu um murmúrio de contentamento, mas não acordou. Em vez disso, instintivamente virou-se para longe dele e envolveu seus braços e pernas em torno dos travesseiros que restaram.

“Isso é um mau hábito seu”, Rafael murmurou, lembrando-se de como ela tinha feito o mesmo com ele quando compartilharam a cama.

Quando se casassem no futuro, ele jogaria fora todos os travesseiros para que ela só pudesse abraçá-lo. Então, ele a cobriu, alisando os fios rebeldes de seu cabelo, assim como antes. Ele se inclinou para perto, como se fosse beijar sua testa.

Era bom fingir. Rafael sorriu melancolicamente para si mesmo, antes de decidir voltar sua atenção para as anotações dela.

Havia uma mina de ouro sentada em seus rabiscos, e parte dele estava feliz que Soleia não tivesse os recursos para começar essa invenção ainda. Seria terrível para a Raxúvia se Vramid de alguma forma colocasse as mãos em um método de disfarce indolor e infalível.

Até seu próprio disfarce era resultado de muitos anos de tentativa e erro, e muita dor enquanto ele experimentava em si mesmo com magia e outras substâncias valiosas. Ele sobreviveu por causa de suas habilidades mágicas, que lhe permitiram expurgar toxinas muito mais rápido que um humano comum. Assim, ele era singularmente capaz de apontá-la na direção certa.

É claro, ele não podia deixar Soleia saber a verdade completa ainda – pelo menos, não até que ela se apaixonasse por ele. Era sorte ela ter estado tão animada durante a discussão que não perguntou como ele tinha tanto conhecimento aprofundado.

Rafael decidiu que era hora de fazer uma boa ação – ele pegou mais pergaminho e começou a escrever suas sugestões de forma mais legível para que Soleia pudesse revisá-las em outro momento. Uma vez que eles iriam se casar, o que era dela seria dele, e vice-versa. Ele poderia muito bem ajudá-la a ter uma vantagem inicial, e usar essa oportunidade para examinar suas outras ideias.

Quando terminou, já eram as primeiras horas da manhã. O esgotamento ameaçava o sobrecarregar, e ele não conseguia parar de bocejar. Mas o sorriso satisfeito em seu rosto se recusava a ir embora, enquanto ele abria cuidadosamente a porta e saía para seus aposentos.

Sem que ele soubesse, um par de olhos se arregalou em choque por suas ações. Seu dono ficou pregado ao chão, a boca se abrindo enquanto olhava incrédulo. Um estranho tinha saído dos aposentos da Princesa Soleia a um horário tão estranho!

O que estava acontecendo?

***
Batidas fortes interromperam o sono de Soleia, fazendo-a acordar.

“O que é?” Ela perguntou sonolenta, esfregando os olhos.

“Soleia, sou eu”, a voz do Senhor Ralph ecoou do outro lado da porta. “Vim buscá-la para o café da manhã.”

“Já é manhã? Tudo bem… Deixe-me arrumar. Você pode comer primeiro”, Soleia lamentou enquanto saía relutante da cama. Ela queria mais do que tudo dormir até mais tarde, mas tinha uma agenda cheia para hoje. Primeiro, tinha que visitar Reitan e depois começar a planejar o casamento.

Com isso em mente, ela teve que se empenhar mais para se fazer apresentável. Ela começou lavar-se e trocar de roupas, tomando cuidado para esfregar alguns sachês de perfume em sua pele.

Então ela viu seu rosto no espelho. Uma bochecha estava manchada de tinta preta, e Soleia gemeu.

“Não acredito que adormeci na frente dele…” Soleia murmurou para si mesma, envergonhada enquanto esfregava o rosto para limpar a tinta. Senhor Ralph a tinha colocado na cama e aconchegado, como se ela não fosse nada mais do que uma criança crescida, e não uma mulher pela qual ele se sentia atraído.

Ela pausou seu fluxo de pensamentos. Não era bom isso? Ela tentou se convencer, mas não conseguiu se enganar.

Ela gostava de Ralph. Gostava quando ele gostava dela de volta.

A mulher olhando para Soleia no espelho estava com o rosto vermelho. Soleia segurou a cabeça entre as mãos e tentou não gritar com a realização. Era o pior momento! Talvez isso fosse apenas por causa de um dia difícil ontem, ela racionalizou consigo mesma. Senhor Ralph a resgatou, então é claro que desenvolveria sentimentos por ele. Eles iriam desaparecer.

Ela abriu a porta e viu o rosto sorridente de Ralph. Ele tinha trocado suas roupas sujas e estava vestido como um verdadeiro comandante em seu uniforme ajustado. Droga. Ele também ficava diabolicamente bem naquele uniforme.

Seu coração traidor pulou várias batidas quando ela encontrou os olhos dele.

Ah não.