A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 58

58: Príncipe Mestiço 58: Príncipe Mestiço Rafael fez seu caminho para o acampamento de Orion de acordo com as instruções recebidas. Deveria ter sido exaustivo, mas seus homens haviam preparado suprimentos para ele, permitindo-lhe um reabastecimento muito necessário.

Mais importante, sua curiosidade mantinha seus pés caminhando para frente. Assim como Soleia, ele esperava que o encantamento em Orion fosse quebrado quando Soleia jogasse seu pingente de ametista fora. Em vez disso, Soleia foi quem ficou machucada e sangrando no chão, enquanto Elowyn era mimada e levada embora.

Isso simplesmente não fazia sentido, especialmente quando Rafael sabia que Orion já estava desconfiado das intenções de Elowyn.

Será que Elowyn tinha mais ametistas guardadas? Ou… O rosto de Rafael nublou-se enquanto um pensamento preocupante invadia sua mente. Ou ela era tão poderosa que usar uma ametista era simplesmente uma questão de conveniência?

Mas isso era impossível. Ou pelo menos, teria sido impossível para um humano. Se ela fosse algo diferente, aí seria uma história completamente distinta.

Seus homens não detectaram nada fora do comum quando estavam rastreando o grupo deles, mas isso simplesmente significava que ela era melhor em esconder suas ações. Ele tinha que verificar Orion e possivelmente enfiar sua estúpida cabeça na neve até que sua mente se acertasse.

Fazer ele e Soleia caminharem todo o caminho até o palácio no meio do inverno era loucura, não importa o que ele tivesse alegado anteriormente!

Claro, uma parte mais profunda dele queria ter uma melhor compreensão dos poderes de Elowyn. Ela era uma ameaça. Se não fosse bem gerenciada, seria prejudicial aos seus interesses.

Ele acelerou o passo. Logo, ele viu as brasas moribundas de uma fogueira e sentiu o último cheiro persistente de carne grelhada. Ele se agachou e esperou pela troca de guarda.

Quando os novos guardas assumiram suas posições, Rafael os nocauteou com um golpe rápido no pescoço, garantindo que seus corpos caíssem silenciosamente na neve. Ele caminhou em direção à carruagem, esperando não estar interrompendo o amável casal em seus arroubos de paixão.

No entanto, para sua maior surpresa, havia uma pessoa que ainda estava acordada, olhando para ele com um sorriso esperançoso e consciente no rosto.

“Senhor Ralph, a que devo o prazer?” Elowyn perguntou, passando o olhar por toda a sua forma.

Ela se levantou e se inclinou para fora da porta da carruagem, piscando os olhos maliciosamente.

“Ou prefere que eu te chame por outro nome? Ou por outro… título mais elevado, talvez?”

“Você está oferecendo serviços de prostituição agora?” Rafael perguntou, levantando uma sobrancelha, mesmo enquanto os sinos de alarme começavam a tocar em sua mente. Essa mulher teria descoberto a verdade sobre sua identidade? “Não está com medo de que seu queridíssimo duque acorde do sono e nos mate a ambos?”

“Sua cabeça é que estará no bloco de execução, não a minha,” Elowyn respondeu despretensiosamente. Seu fingimento de humildade e sua demonstração teatral de fraqueza se foram; Rafael agora estava diante de uma mulher confiante e astuta, que o olhava como se ele fosse um inseto em seu sapato.

“Ele não colocaria a mão em mim. Você mesmo viu, não viu?” Elowyn acrescentou com uma risada suave. “Este homem é tão leal… ele é como um cãozinho lobo. É precioso. Eu poderia até deixá-lo vivo quando tudo isso acabar.” Elowyn suspirou e passou a mão pelo rosto de Orion.

“Não está com medo de que ele possa acordar?” Rafael perguntou, estreitando os olhos enquanto olhava para Orion, que ainda dormia como um tronco. Estranho, já que ele sempre foi um dorminhoco leve quando estava no campo de batalha. “O que você fez com ele?”

“Nada realmente, ele estava simplesmente exausto depois dos eventos do dia, então adormeceu depois que eu fiz um chá para ele.” Elowyn imitou um bocejo. “Quer um pouco?”

A sobrancelha de Rafael tremeu. “Não.”

“Que pena,” Elowyn disse com um beicinho delicado nos lábios. “Tenho um favor para pedir a você.”

“O que te faz pensar que eu faria qualquer coisa por você?” Rafael rebateu, quase impressionado com a audácia dela.

“Porque eu te conheço, e nossos objetivos estão alinhados. Você pode alegar que não tem sentimentos impróprios pela Princesa Soleia, mas eu posso ver através de você,” Elowyn disse. “Você a deseja, do jeito que um homem deseja carnalmente uma mulher, mas ela nunca te aceitará — não enquanto ainda estiver casada com Orion.”

“Você não faz ideia do que está falando,” a voz de Rafael gelou com a insinuação flagrante.

“Ah, não… meu caro Príncipe Rafael?” Elowyn disse, e Rafael sentiu seus joelhos balançarem. No entanto, ele se esforçou para ostentar uma expressão incrédula no rosto.

“Você precisa de óculos, mulher? Você está me chamando de príncipe? É essa a sua maneira de garantir que Orion me mate por algum ciúme mal colocado?” Rafael rebateu instintivamente.

O sorriso de Elowyn se alargou. “Falando de Orion, nós dois tivemos uma longa conversa sobre você no nosso caminho para cá. Ele me contou muitas coisas interessantes sobre você. Imagine minha surpresa quando ele me disse que você tinha a habilidade de controlar sangue — uma habilidade tão rara que é limitada apenas à realeza. A uma determinada família real, de fato.”

Orion provavelmente não compreendia o valor da informação que compartilhou. Afinal, ele nasceu e foi criado como um plebeu, que não fazia distinção entre as várias habilidades mágicas. Magia era magia, um presente em si. Quem se importa se é fogo ou gelo ou relâmpago ou sangue?

No entanto, a realeza via as coisas de forma diferente. Habilidades mágicas de natureza semelhante tendiam a ser transmitidas em famílias, e não era suficiente simplesmente ter habilidades mágicas — era necessário ter habilidades melhores, mais fortes e mais distintas para se destacar. Era uma questão de orgulho de um reino, um aviso silencioso a seus vassalos.

E o controle do sangue era uma variação tão rara da hidrocinese, que Elowyn nunca poderia esquecer de onde se originava.

“Do que você está falando?” Rafael perguntou, sentindo a forca ao redor de seu pescoço.

Elowyn continuou, como se não o tivesse ouvido. “Mesmo assim, havia apenas uma pessoa com tal maestria… que podia se ausentar da corte por anos sem arriscar sua posição.”

Ela fez uma pausa, saboreando a forma como o rosto do Príncipe Rafael empalidecia com suas palavras.

“Devo lhe dar um tempo para recuperar sua cor?” Elowyn perguntou com um sorriso sarcástico. “O príncipe mestiço de Raxúvia, o filho ilegítimo do rei. O único e inigualável Príncipe Rafael Biroumand. O que você está fazendo tão longe de casa?”