A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 49
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- Capítulo 49 - 49 Anel de Sangue III 49 Anel de Sangue III Os olhos de Soleia
49: Anel de Sangue III 49: Anel de Sangue III Os olhos de Soleia se arregalaram de surpresa, seu corpo enrijeceu por um breve segundo antes que a racionalidade rapidamente voltasse a seu cérebro. Ela empurrou e tentou escapar, mas os braços de Orion a prendiam como uma gaiola de ferro, mantendo-a imóvel.
No final, ela fez a única coisa que pôde pensar, mordendo forte o lábio dele.
Imediatamente, Orion chiou de dor antes de recuar, soltando instintivamente Soleia. Ela tropeçou para trás, nos braços de Ralph que a esperavam, e da mesma forma, Elowyn estava lá para segurar Orion quando ele se afastou de Soleia.
O polegar dele passou contra seu lábio inferior, o rastro vermelho que manchava sua ponta de dedo brilhando contra sua pele oliva e tonificada. Da mesma forma, Soleia limpou o sangue de seus lábios.
Que irônico. Para uma ação que deveria ter sido romântica, ambos os beijos tiveram que terminar em dor.
“Orion!” Elowyn chamou, examinando cuidadosamente seu rosto. “Você está bem? Oh céus… Há tanto sangue…”
No entanto, mesmo com Elowyn mexendo no rosto de Orion para a esquerda e direita, para frente e para trás, os olhos dele permaneciam nos de Soleia. Ela olhou de volta, mas o que viu rapidamente fez seus olhos se arregalarem de surpresa.
Os nuvens em seus olhos tinham desaparecido. As íris de Orion brilhavam intensamente, marcantes e vibrantes, semelhantes aos relâmpagos que cortavam a tempestade da noite. Não era mais cinza — nem mesmo oscilando entre as duas cores — mas sim permanecia firmemente um azul-claro brilhante que não encontrava impedimentos.
Ela engoliu, seu coração afundando em seu peito. Ele havia se libertado da magia de alguma forma.
Soleia deu um passo à frente, estendendo a mão. “Orion―”
Mas antes que ela pudesse chegar perto, Orion já havia se virado e saído, a neve crocante sob sua bota. Elowyn encarou suas costas que se afastavam por um segundo, trocando um olhar igualmente confuso com Soleia e Ralph antes de levantar sua saia e correr atrás do Duque.
Assim que se foram, Soleia sentiu fraqueza nos joelhos. Ela cambaleou e teria caído ao chão se não fosse pelo rápido pensamento de Ralph. Ele a segurou pelos braços superiores, cuidadosamente sustentando seu peso, inclinando-a contra ele.
“Você está bem, Sua Alteza?” ele perguntou, preocupação revestindo seu tom.
“Estou bem, obrigada,” disse Soleia.
Mas ela estava longe de estar bem. Seus lábios formigavam, suas bochechas estavam quentes, e seu mindinho parecia estar quase sufocado pelo anel de sangue que Ralph havia colocado nela.
Ela olhou para baixo, encarando seu dedo. O vermelho do sangue de Ralph pulsava, como se o próprio acessório estivesse vivo. E com a forma como brilhava, não parecia muito satisfeito.
“Talvez eu não devesse―” Soleia disse, preparando-se para tirar o anel, apenas para descobrir que não conseguia forçá-lo a sair com força bruta. Seu dedo ficou levemente roxo quando ela tentou puxá-lo, e quanto mais tentava, mais o anel parecia se agarrar à sua pele.
“É por causa de Orion?” Ralph perguntou baixinho, se aproximando. Seu tom fez Soleia pensar em um filhote chutado, jogado para fora do único lar que conhecia.
Quando Soleia não disse nada, Ralph apenas suspirou. Ele avançou e lentamente alcançou sua mão. Sua pele parecia fria contra a dela, e quando ele tocou seu dedo, Soleia estremeceu um pouco.
Nas mãos de Ralph, o anel tinha apenas a tenacidade da areia. Ele facilmente retirou o anel sem dor nem resistência, o pequeno acessório repousando na palma de sua mão enquanto ele o encarava melancolicamente.
“Eu entendo,” Ralph murmurou com um suspiro, sua voz carregada pelo vento que os cercava. “Afinal, estamos indo para a capital. As línguas comentarão se te virem com um anel que não pertence ao seu marido, mas sim a um mero guarda.”
“Não, não é isso,” Soleia disse rapidamente.
Ela não tinha certeza do porquê sentia uma urgência premente de esclarecer, mas estava a consumindo. Talvez fosse a maneira como Ralph olhava para o anel — ele havia sido dado com boas intenções. Como Orion poderia colocar tanta culpa neles?
“Agradeço pelo gesto, eu realmente agradeço,” Soleia falou. “Especialmente porque sei que não posso contar com Orion ou seus homens para me manterem segura se encontrarmos algum perigo. É só que um anel…” Soleia suspirou.
“Pode não ser apropriado,” Ralph disse com um aceno compreensivo. “Eu entendo. Realmente entendo.”
Ele fechou o punho, cobrindo o anel que estava aninhado na palma de sua mão. Então ele olhou para cima, determinação em seus olhos.
“Se for algo mais, Orion não pensaria muito a respeito, não é?”
Com isso dito, mais sangue fluiu de sua mão para a palma. Os olhos de Soleia se arregalaram alarmados.
“Espere, Senhor Ralph, o que você está―?”
Ele desenrolou os dedos antes que Soleia pudesse terminar a frase. Desta vez, em vez de um pequeno anel que cabia em seu mindinho, havia um bracelete vermelho. Sua superfície não era surpreendentemente lisa e brilhante — tinha uma fina camada de brilhos, como se tivesse sido pincelado por poeira estelar.
“Dessa forma, não deverá ser mais um problema,” Ralph disse.
O bracelete se dividiu em dois nas mãos de Ralph, mas uma vez colocado no pulso de Soleia, selou-se inteiramente. Não importava o quanto ela sacudisse ou puxasse a mão, não saía.
“Sua ferida!” Soleia disse preocupada, examinando o corte de Ralph. “Há tanto sangue…”
“É apenas um pouco de sangue,” Ralph disse com um encolher de ombros.
Ele então levantou a mão limpa, passando o cabelo de Soleia atrás de sua orelha. Seus dedos roçaram brevemente pelos brincos de selenita dela, a pedra fria ao toque.
“Sua segurança é mais importante do que qualquer coisa,” ele falou.
Seus dedos permaneceram, pairando bem na bochecha de Soleia, fazendo seu coração acelerar. Eles permaneceram ali em silêncio por mais um momento, só saindo do transe quando ouviram o som dos Homens de Orion gritando ordens para que os cavalos fossem preparados.
Soleia deu um passo rápido para trás, limpando a garganta.
“Nesse caso, obrigada, Senhor Ralph,” ela falou. Seus olhos moveram-se para trás e para frente. “Devemos voltar antes que partam sem nós.” Então, ela se sobressaltou. “As pedras!”
Sem dizer mais nada, Soleia correu direto para o acampamento, deixando Rafael sozinho observando enquanto sua figura desaparecia para além das árvores. Assim que ela se foi, ele olhou para sua mão.
O formigamento que sentiu quando tocou nos brincos dela. Ele estava certo agora — não era a mesma dormência como quando a magia é anulada pela selenita.
Mas sim, amplificada.