A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 32

32: Bolsos Cheios 32: Bolsos Cheios “Princesa, se todas essas joias explodirem de alguma forma e eu perder minha masculinidade, você se divorciaria de Orion para se casar comigo? Não posso continuar a viver como um homem impotente… nenhuma mulher vai querer casar comigo!” Ralph reclamou lastimosamente enquanto Soleia lhe entregava mais um pedaço de cristal para enfiar nas calças como se ele fosse um baú ambulante.

Os bolsos do casaco e das calças estavam abarrotados, mais cheios do que um peru de Natal, mas a Princesa Soleia estava determinada a aproveitar ao máximo a situação. E ele nem podia reclamar muito, porque a Princesa Soleia já tinha enchido seu próprio vestido com as joias, apesar do efeito negativo que tinham no seu bem-estar.

Felizmente, havia pelo menos bastante selenita para ajudá-la a se sentir bem o suficiente para pelo menos andar por conta própria. Ela fez questão de mantê-los o mais longe possível das outras pedras preciosas― apenas por precaução.

Os bolsos dela estavam cheios até a borda, e Ralph quase se engasgou quando percebeu que a princesa estava alinhando a frente do seu espartilho com as joias, enfiando-as em cada camada de seu vestido. Ele tinha a sensação de que, se não estivessem presos em um esgoto sujo, ela teria tirado o vestido para enfiar cristais nos laços traseiros do espartilho.

Pelo menos a princesa não estava ordenando que ele guardasse os cristais mais longos no seu… orifício inferior. Isso seria um sacrifício grande demais para se fazer pela realeza.

Ainda assim, ele tinha que aplaudir a obstinação e a engenhosidade dela.

A Princesa Soleia apenas revirou os olhos para o drama dele. “A morte é sempre uma opção se você achar a vida muito difícil.”

Senhor Ralph lançou-lhe um olhar patético que a fez sentir como se tivesse chutado um filhote de cachorro, então ela suspirou e acrescentou.

“Mas eu acho que não me importaria de me casar com você, se você estiver disposto a casar com alguém que provavelmente viraria pó por causa de todas essas joias,” Soleia disse, estendendo os braços. Ela tentou girar e franziu o cenho quando sua figura fez barulhos de tilintar, como se ela estivesse enchendo seu vestido com talheres.

“Discrição está fora de questão para nós dois, então,” Ralph disse com um suspiro. “Duvido que eu consiga andar por aí com as calças duas vezes mais apertadas. Uma queda súbita poderia fazê-las se rasgar de vez.”

Essa imagem mental fez Soleia dar uma risada nasalada. “Eu posso ter sido… excessivamente zelosa,” ela admitiu, um pouco envergonhada. Eles nem sequer tinham esvaziado metade da prateleira. “Isso está realmente te causando tanto desconforto?”

“Nada que uma boa caneca de cerveja não cure depois,” Ralph disse, de olho nas joias restantes. “Princesa, posso sugerir escondermos o resto das joias primeiro? Podemos sempre voltar mais tarde para pegá-las― por nós, quero dizer eu, porque não posso em sã consciência deixar você vir aqui novamente. Este não é lugar para uma princesa estar.”

“Você está muito enganado sobre o que eu deveria ou não estar,” Soleia disse com uma sobrancelha levantada. “Mas serei magnânima e te perdoarei, já que você estava sangrando até pouco tempo atrás. Já que você conhece melhor os esgotos do que eu, tem alguma sugestão de onde poderíamos escondê-las?”

“Há várias ruas sem saída pelos túneis,” Ralph disse, “Algumas partes deles foram abandonadas quando a cidade diminuiu. Agora, são casas para gerações de vermes. Duvido muito que alguém vá até lá. Eu poderia ir e depositá-las lá.”

Soleia hesitou. Ela confiava em Ralph, mas não gostava da ideia de ele possivelmente fugir com joias valiosas.

“Não posso prometer que você estará perfeitamente segura, mas você pode se esconder naquele canto primeiro,” Ralph disse, apontando para uma área onde as pedras estavam anguladas o suficiente para uma pequena cobertura. “Claro, se o que você realmente teme é eu fugir com as gemas, então você simplesmente terá que confiar em mim nisso já que você também não tem saída sem mim.”

“Como você sabia―” Soleia foi surpreendida. Ela estava certa de que nenhuma de suas suspeitas havia aparecido em seu rosto.

Ralph deu de ombros facilmente e sorriu. “É o que eu também pensaria. Somos surpreendentemente parecidos.”

Soleia só pôde sorrir diante da fervorosa crença nos olhos dele e acenou enquanto ele começava a esconder as joias. Ela não via necessidade de esvaziar seu entusiasmo.

Se eles fossem tão parecidos, Orion não teria tratado Ralph como seu melhor amigo e ela como a praga de sua existência. Soleia gostaria de culpar o cristal que Elowyn lhe havia dado por sua atitude, mas Orion já a desgostava desde o momento em que a conheceu.

Já faziam dois longos anos desde que se casaram, e mesmo agora, ela ainda conseguia lembrar o olhar de desprezo que Orion usava em seu rosto. Tanto que quando foi chamado para a guerra, ele parecia quase alegre por poder estar longe de sua nova esposa.

Agora que Soleia pensava nisso, era bastante ridículo que ela alguma vez pensasse que eles poderiam conviver como um casal pacífico ao seu retorno para erguer Drakenmire da poeira ao ouro.

Mesmo o soldado que estava com Orion a olhava com mais gentileza do que ele.

Os olhos de Soleia se arregalaram com a realização. Ela virou a cabeça bruscamente e observou enquanto a figura de Ralph desaparecia atrás da esquina para esconder as pedras como ele disse que faria. Aquele homem que foi o único a oferecer-lhe um olhar simpático era nada menos que o homem com quem ela estava presa nos catacumbas subterrâneas.

Ela engoliu o bile em sua garganta, os últimos vestígios de desconfiança que tinha nele rapidamente evaporando. Por todas as vezes que Ralph Byrone a defendeu, ela não podia, de boa fé, continuar a suspeitar do homem de mais nada.

“Está feito,” Ralph disse, retornando rapidamente. As pedras enfiadas em suas roupas tilintavam enquanto ele voltava para o lado dela, com um sorriso seguro nos lábios. “Vamos?”

“Para onde vamos?” Soleia perguntou.

“Os túneis levam de volta à loja,” Ralph respondeu. “A única saída seria―”
Soleia engoliu. “Pela loja novamente.”