A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 269

Capítulo 269: Pulso de Calor

“Estou morta?” As primeiras palavras de Soleia saíram como um grunhido. Ela abriu apenas um olho, suas sobrancelhas erguidas até o alto da testa para auxiliar na ação.

Assim que Rafael ouviu a voz dela, ele riu com tosse. Lágrimas fluiram incontrolavelmente de seus olhos, jorrando como uma cachoeira enquanto ele se abaixava e enterrava o rosto na curva de seu pescoço, respirando-a.

Ela ainda cheirava a sangue, é claro. Isso era impossível de evitar com tanto carmesim ao redor deles. No entanto, ao pressionar tão próximos, ele podia sentir a fragrância natural que sempre parecia aderir à pele de Soleia.

Rafael soluçou em seu ombro, seu corpo tremendo quando sentiu ela levantar uma mão fraca antes de colocá-la em suas costas.

“Lá lá,” Soleia disse. “Não percebi que você amava tanto seu pai a ponto de chorar por sua morte.”

“Você está tão cheia de merda,” Rafael disse, desesperadamente fungando para segurar o ranho que ameaçava escorrer de suas narinas e cair na pele nua de Soleia. Ele não achava que ela apreciaria isso tanto assim. “Por que eu me importaria com ele?”

“Não faço ideia,” disse Soleia. Ela abriu um pequeno sorriso, e mesmo que seus olhos não estivessem bem abertos e cheios de energia, definitivamente estavam brilhantes com humor. “Talvez estar à beira da morte tenha trazido nova vida ao seu relacionamento de pai e filho com o rei tirânico.”

“Faça as pazes com seu pai primeiro, então conversaremos.”

“Touché.”

Rafael não pôde deixar de rir, aconchegando-se ainda mais no abraço de Soleia como se estivesse tentando se fundir inteiramente em um só corpo com ela. Agora que ela estava suficientemente curada, era muito mais fácil sentir tudo que passava pelo corpo dela e consertar todas as pequenas rachaduras e rasgos em sua saúde e condição física.

Seu cornalina brilhou, e da mesma forma, Soleia foi preenchida com um calor lento e pulsante enquanto seu corpo começava a se sentir mais forte e mais forte. Ela podia sentir-se recuperando lentamente sua energia, mas ainda havia um sentimento cavernoso e vazio nela que corroía seu coração.

“Rafael,” disse ela, sua voz de repente muito mais rouca do que o habitual. “Como estão eles?”

Rafael ficou rígido.

Soleia não precisava especificar quem eram ‘eles’. Ele já sabia. Hesitantemente, Rafael deslizou sua mão até o baixo ventre dela, descansando a palma contra sua barriga. Ele esperou em silêncio, e ela esperou com ele, suas respirações tão quietas que parecia que as estavam segurando.

Quando Rafael franziu os lábios antes de sua língua sair para umedecê-los, Soleia deu um tapinha em suas costas.

“Está tudo bem,” ela disse. “Eu já imaginei.”

Então, uma única lágrima escorreu dos olhos de Rafael e caiu na bochecha de Soleia. Então outra, e outra.

“Eles estão bem,” Rafael disse com uma pequena, curta risada.

A surpresa de Soleia a levou a dar uma guinada brusca com a cabeça para olhar para seu próprio estômago, onde a mão de Rafael descansava, cercada por uma leve nuvem avermelhada de magia. Ela cintilava e brilhava, os brilhos presentes na fumaça que se movia com o subir e descer de seu estômago devido à sua própria respiração.

“E você está certa,” Rafael disse. “São ‘eles’.”

“‘Eles’?” Soleia ecoou, suas sobrancelhas franzidas em confusão.

Seu filho havia sofrido tudo isso? O esfaqueamento e a drenagem de todos os seus poderes mágicos e força vital? Como isso era mesmo possível?

Ela ainda estava muito envolvida em todas essas perguntas para começar a entender apropriadamente o que Rafael estava mesmo implicando com suas palavras. Seu cérebro simplesmente não tinha a energia ou poder para fazer essas ginásticas mentais avançadas no momento.

“Você está grávida de gêmeos, Soleia,” Rafael disse. “Eu sinto dois batimentos cardíacos além do seu.”

No entanto, o sorriso de Rafael não durou muito.

“O que foi?” Soleia perguntou quando percebeu a mudança na expressão dele.

Rafael não disse nada. Ele imediatamente se levantou, carregando Soleia em seus braços ao fazer isso. Ela gritou de surpresa, seus braços se levantando para se enroscar ao redor de seu pescoço enquanto ele rapidamente cruzava o quarto.

“Espere!” Soleia exclamou, sua atenção capturada pelo corpo de Orion deitado imóvel no chão a uma curta distância. “Orion! Ele está―”

Suas palavras foram cortadas quando Rafael estendeu sua mão na direção de Orion. Uma explosão vermelha de névoa foi lançada em direção a ele, cercando o corpo de Orion. Ela permaneceu apenas por um segundo, e depois que desapareceu, Orion soltou algumas tosses.

Isso deveria ser suficiente para mantê-lo vivo se estivesse prestes a morrer. Rafael não tinha tempo para mais nada, não quando um dos batimentos cardíacos que ouviu em Soleia estava ficando cada vez mais fraco a cada segundo.

Sem olhar para seu velho amigo, Rafael correu pelos corredores destruídos. Grande parte do palácio estava em ruínas após a demonstração desnecessariamente chamativa de poder que o Rei Recaldo havia mostrado. Desta forma, Rafael precisava ser extra cuidadoso enquanto corria.

Ele rapidamente localizou a enfermaria, e felizmente, os médicos ainda não haviam evacuado o palácio como o resto do palácio havia feito. No caminho, encontraram vários funcionários do palácio, ou escondidos em um canto seguro ou mortos no chão.

“Dê uma olhada em Sua Alteza,” Rafael ordenou, colocando Soleia em uma das camas.

Quando ele abriu a porta com força, os médicos pularam em choque. Ver que era seu príncipe lhes permitiu suspirar de alívio, mas isso foi rapidamente retirado quando perceberam o rosto pálido de Soleia.

“O que aconteceu, Sua Alteza?” um homem perguntou enquanto preparava apressadamente suas ferramentas. Outro correu para pegar as pomadas e medicamentos gerais.

“Ela foi esfaqueada,” disse Rafael claramente, “pelo falecido rei de Raxúvia. Ela está esperando um filho. Gêmeos.”

Agora que Soleia não estava mais nos braços de Rafael, a dor estava rapidamente começando a infiltrar-se em seu corpo. Ela não havia percebido que ele havia fornecido magia de cura constante em seu sangue para manter a dor de seus ferimentos à distância. Agora que eles não estavam mais em contato físico, a agonia de tudo estava começando a retornar com toda força.

Ela rangeu os dentes, seus lábios tornando-se pálidos enquanto suor escorria por sua testa. Cãibras percorriam seu baixo ventre, e Soleia jogou a cabeça para trás no travesseiro e gemeu por entre os dentes cerrados.

“Um dos fetos está fraco!” ela podia ouvir o médico dizer. Sua cabeça estava latejando, e com a dor atingindo-a de todos os ângulos, ela mal conseguia entender as próximas palavras que foram faladas. “Podemos ter que realizar um aborto para salvar a mãe―”