A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 259
Capítulo 259: Planos Frustados
“Eu bebi o tônico,” Soleia disse debilmente, apontando para a tigela vazia que descansava inocentemente na mesa. Rafael estreitou os olhos enquanto seguia o olhar dela, e usou seu sangue para carregá-la até a cama. Ele poderia ter ido até lá e pegado com as mãos nuas, mas não queria deixar o lado de Soleia desnecessariamente.
A tigela foi depositada em seu colo, onde pulou inofensivamente contra seus músculos. Rafael a pegou e examinou cuidadosamente. Havia vestígios de um resíduo espesso e ligeiramente iridescente aderindo às bordas, e quando a aproximou do nariz, percebeu o leve cheiro de algo excessivamente doce mascarando algo muito mais sinistro.
Seus olhos escureceram.
“Raiz Sindor,” Rafael murmurou entre os dentes cerrados. “Há também… pó dracelle e talvez até um extrato de casca de kyrrin.”
Soleia piscou para ele com os olhos nublados. “O que isso significa?”
A voz de Rafael era afiada como uma lâmina quando ele respondeu. “Significa que alguém tentou matar nosso filho.”
Seu fôlego se prendeu, e ela instintivamente levou uma mão trêmula ao abdômen. “Mas… Eu pensei que você tinha enviado. Você disse quando saiu… Você mencionou que mandaria a cozinha enviar algo. Eu pensei―” Sua voz se interrompeu, culpa e confusão apertando sua garganta.
A expressão de Rafael se desfez. “Eu disse isso.” Ele a encarou, o auto-desprezo crescendo rápido e forte em seu peito. “E é exatamente por isso que você bebeu. Droga, Soleia, eu― isso é minha culpa.”
“Não,” Soleia disse, balançando a cabeça, embora seus membros ainda tremessem. “Você não me envenenou, Rafael. Você é quem me salvou. Se algo… é um milagre que você tenha sentido isso através do anel e voltado a tempo.”
Ele pegou sua mão, beijando os nós dos dedos enquanto tentava controlar sua respiração. O pior do veneno estava para trás deles, mas a mente de Rafael girava. Alguém tinha agido rapidamente — rápido demais — para colocar aquele tônico em suas mãos.
Era sutil o suficiente para que nenhum servo questionasse. Sutil o suficiente para que alguém com influência precisasse ter orquestrado isso.
“Elinora,” Rafael rosnou baixinho.
Soleia fechou os olhos, exausta, mas uma pequena carranca surgiu em seus lábios. “Você realmente acha que ela iria tão longe?” Então, ela franziu os lábios. Certo. Por que estava dando a Elinora o benefício da dúvida? Ela estaria disposta a arrasar o mundo para conseguir o que queria, se realmente chegasse a isso.
“Ela quer o trono. Ela me quer. E agora, ela vê você como o obstáculo em seu caminho.” Rafael levantou-se lentamente da cama, colocando a tigela vazia na mesinha de cabeceira. “Ela tem os meios, as conexões e uma falta severa de moral.”
Soleia abriu os olhos novamente, estudando-o. “Ela saberia bem cedo que falhou desta vez e provavelmente tentaria novamente.”
Ele não respondeu imediatamente. Seu cristal de cornalina brilhou com um impulso fraco em seu pescoço, captando a luz como uma gota de sangue.
“Descanse por agora. Não se preocupe com isso, Princesa,” Rafael disse, sua voz baixa e promissora. “Eu cuidarei disso.”
***
Elinora esperava vê-la chegando, mas não achava que seria tão cedo. Ela se abanou tranquilamente, seus olhos fixos na criada que se apressava pela multidão.
“Elinora? Querida, você está me ouvindo?”
Elinora voltou sua atenção para a mãe, um sorriso treinado nos lábios.
“Claro, Mãe,” Elinora disse, piscando os cílios.
“Muito bem então,” Cecelia Wynsler disse, levantando uma sobrancelha. “O que eu disse?”
“Co-existir com a futura rainha,” Elinora disse. “Encantar o príncipe herdeiro e gerar um filho para herdar o trono.”
“Tão perto, mas ainda tão longe,” Cecelia disse com uma reprovação. “Por que você se contenta em co-existir, Elinora? Não te ensinei melhor?”
“Porque, Mãe,” Elinora disse, resistindo à vontade de revirar os olhos. “Ela não é uma mulher que eu posso simplesmente encantar e descartar. Você não ouviu os rumores? Ou o Rei Recaldo não te informou por que a promessa de me fazer a futura rainha foi quebrada?”
“Ah, eu ouvi,” Cecelia disse. “Achei simplesmente que você era mais inteligente do que isso. Tudo que ela pode fazer é anular o que você fez. Você não consegue usar outros métodos?”
“Mãe!” Elinora exclamou, colocando uma mão no peito como se estivesse profundamente chocada pelo que Cecelia sugeriu. “Você sequer ouve o que está sugerindo?”
“Você é uma Wynsler,” Cecelia disse, sua voz baixa. “E Wynslers são feitos para governar. Não se esqueça disso. Agora vá logo antes de acabar arruinada e descartada como uma velha suja, não amada e não tocada pelo próprio marido.”
Ela gesticulou ao redor.
“Você sabe onde está seu marido? Ele nem mesmo está aqui com você, nem prestando respeito aos falecidos Príncipe Ricard e Príncipe Raziel!” Cecelia disse. Em um tom muito mais baixo, com os olhos escurecidos, ela disse, “Não traga vergonha ao nome da família.”
Com seu aviso dado, Cecelia Wynsler bufou e saiu do lado da filha. Elinora observou enquanto sua mãe lentamente se afastava, parando apenas para dar falsas gentilezas a outros nobres que tinham vindo prestar respeito aos príncipes falecidos.
O sorriso de Elinora lentamente se transformou em um esgar, escondido por seu leque. As palavras de sua mãe ecoavam em seu ouvido, e só então ela olhou ao redor.
Parecia que Cecelia Wynsler estava certa. Rafael Biroumand não estava em lugar nenhum. Apenas um momento atrás, Elinora jurava que ainda o via falando com vários outros nobres, provavelmente tentando construir seu círculo interno para sua ascensão iminente ao trono.
No entanto, ela foi rapidamente distraída por sua mãe e o perdeu de vista desde então.
“Minha Senhora!” a criada ofegou pesadamente ao chegar ao lado de Elinora. Esta última franziu a testa, olhando para a criada com desdém. Com o quão pesadamente ela estava respirando em seu rosto, Elinora podia sentir os restos do café da manhã ainda agarrados aos dentes da criada.
Ela fez uma careta, seu leque batendo muito mais rápido.
“E então?” ela disparou. “Você fez o que eu te pedi?”
“M-Minha Senhora…” a criada disse, gaguejando. Ela torceu o avental de sua saia. “Eu… Eu temo…”
“E então?” Elinora franziu o rosto. Suas sobrancelhas se franziram enquanto a raiva lentamente começava a subir em seu corpo. “Desembucha!”
“Eu temo que o Príncipe Rafael tenha frustrado nossos planos,” a criada disse. “Ele voltou para os seus aposentos.”