A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 248

Capítulo 248: Caro Pai

“Alguém vai nos deixar passar?” Rafael gritou. “Preciso relatar a Sua Majestade.”

O comandante se arrepiou de raiva. Ele nunca gostou deste príncipe ilegítimo, que parecia causar problemas para a família real onde quer que fosse. Que tipo de homem colocaria uma mulher na frente de um reino?

“Homens, prendam o Príncipe Rafael e os outros criminosos!”

“Eu não faria isso se fosse você,” Rafael disse, trocando um olhar com Orion, que casualmente jogou a cabeça espinhosa de volta para Rafael para que ele pudesse brandi-la como um troféu. “Você reconhece de quem é essa cabeça?”

O comandante semicerrava os olhos enquanto tentava distinguir as características sob a luz fraca.

“Isso é…”

Aquela cabeça parecia terrivelmente com a do Príncipe Ricard!

Ele empalideceu imediatamente, mas tentou manter a calma e a compostura. O Príncipe Rafael era conhecido por seus pequenos esquemas, e era totalmente plausível que ele simplesmente matasse um sósia.

“Esse é meu irmão mais velho, caso você não consiga dizer,” Rafael acrescentou, prestativo. “Eu sei que ele parece sombrio na morte, mas você tem que admitir que ele não era muito bonito quando estava vivo também.”

Embora isso não fosse inteiramente verdade, não era como se Ricard fosse ressuscitar dos mortos para reclamar. Mesmo se Rafael costurasse sua cabeça de volta, Ricard não ressuscitaria milagrosamente.

O comandante gaguejou incrédulo, e os soldados ao redor dele estavam igualmente chocados para falar. “Isso não pode ser! O Príncipe Ricard não poderia ter possivelmente―”

Orion franziu o cenho. Eles estavam desperdiçando tempo. Ele simplesmente jogou o corpo morto do Príncipe Raziel no chão sem aviso, causando um grito de surpresa dos guardas de elite enquanto sacavam suas armas.

“Aqui. Se você não pode reconhecer um irmão, com certeza pode reconhecer o outro?” Ele perguntou sarcasticamente, e desta vez, não havia como confundir a identidade do corpo morto no chão.

Raziel ainda mantinha a maior parte de sua aparência, exceto pela palidez doentia em seu rosto e seus lábios azulados, ele mal parecia morto. Não havia como deixar de reconhecer a pequena insígnia da família real em sua roupa, que também era o mesmo traje que ele havia deixado o palácio algumas horas atrás.

“O Príncipe Raziel está morto!” A boca do comandante caiu de choque. Seus olhos dardejavam do corpo morto para a cabeça decapitada do Príncipe Ricard. Isso significava… Ele sugou uma respiração profunda.

O Príncipe Rafael agora era o herdeiro do trono.

Ele não recebia o suficiente para detê-lo.

“Deixem-no passar!” ele ordenou, e sua voz só guinchou alto no final. Os guardas rapidamente abriram caminho, permitindo que Rafael, Soleia e Orion passassem sem obstáculos.

“Finalmente,” Orion resmungou debaixo do nariz, jogando Ricard de volta em seu ombro.

Eles entraram no palácio, e Soleia se encontrou instintivamente ficando mais perto de Rafael à medida que se aproximavam da sala do trono. O Rei Recaldo já estava sentado em seu trono, esperando por eles. E diante dele estava Elinora Wynsler, cujo rosto se contorceu quando avistou Orion Elsher.

Da mesma forma, Orion teve que olhar duas vezes ao ver os traços de Elowyn no rosto de uma mulher desconhecida. A cor de seu cabelo e olhos eram diferentes, mas a forma de seus olhos, nariz e lábios não era algo que ele pudesse esquecer tão cedo. Ele tinha sonhado com ela frequentemente, e esses sonhos apresentavam muito sangue e morte. Ele queria fazê-la pagar por todo o mal que ela causou a ele e sua família.

Orion cerrou os punhos.

“Ela é Elowyn?” ele sussurrou para Soleia, sua mandíbula cerrando de raiva.

Soleia assentiu.

“Mantenha a calma,” Rafael murmurou para ambos. “Temos problemas maiores para nos preocupar.”

Então ele levantou a voz para se dirigir ao seu pai.

“Meu querido Pai, voltei com meus irmãos,” Rafael disse com um sorriso vitorioso no rosto. “Este é Ricard―”

Orion jogou o corpo de Ricard no chão, sem sua cabeça, fazendo Elinora gritar em choque com a visão horrível. Rafael prestativamente colocou a cabeça de Ricard perto de seu corpo, caso as pessoas não soubessem a quem pertencia.

As mãos do Rei Recaldo agarraram os apoios de seu trono tão firmemente que seus nós dos dedos ficaram brancos. Rafael apostou que ele nunca esperou que seu primogênito acabasse morto tão rapidamente. Mas pena para seu pai, ele ainda não tinha terminado de surpreender.

“E Raziel também está aqui,” Rafael acrescentou, e mais uma vez Orion jogou um corpo no chão, fazendo Elinora engasgar. Ela olhou para Rafael em choque evidente, não esperando que ele fosse capaz de matar não apenas um, mas dois de seus irmãos.

As mãos do Rei Recaldo tremiam, e Soleia podia ver sua sobrancelha visivelmente tremendo. Se o Rei tivesse uma década a menos, Soleia não ficaria surpresa se ele pulasse do trono para bater em Rafael. Mas claramente, o Rei Recaldo tinha mais senso depois de décadas governando. Ele controlou seu temperamento e olhou fixamente para seu próprio filho restante, o único herdeiro ao trono.

Seu último filho restante ainda não estava de joelhos. Rafael, o bastardo que era, ainda estava olhando desafiadoramente para ele sem piscar.

“Suponho que você ache que, à luz destas… circunstâncias atenuantes, você agora é o príncipe herdeiro,” o Rei Recaldo disse com os dentes cerrados.

“A menos que você esteja colocando uma de minhas irmãs no trono, é justo assumir,” Rafael retrucou com um sorriso vitorioso. “Provei meu valor superando meus concorrentes.”

“Nesse caso, você se casará com Elinora dentro de uma quinzena,” o Rei Recaldo rebateu, com um brilho malicioso nos olhos. “Minha condição anterior ainda permanece. Se você não se casar com Elinora, você não terá o trono. Sou jovem o suficiente para procriar outro filho, se você não desejar cumprir.”

Rafael rosnou em lembrança, mas Soleia rapidamente segurou seu braço, balançando a cabeça minimamente. Era suicida para Rafael perder o controle nesse momento. Ela podia ver os guardas se aproximando, prontos para prendê-los se ameaçassem o rei.

“Tudo bem,” Rafael disse com um bufar. “Mas Elinora não será minha rainha. Ela será nada mais que uma concubina, especialmente porque Soleia está grávida do meu filho.”

Isso chamou a atenção do Rei Recaldo. Um brilho ganancioso refletiu em seus olhos enquanto ele percorria seu corpo, focando em sua barriga. Soleia podia imaginar os engrenagens na cabeça dele girando com as implicações de tal fato. Seu filho era um prodígio mágico, e suas habilidades de anulação eram uma em um milhão. Raxúvia poderia estar criando o usuário de magia mais habilidoso desde o alvorecer da magia.

“Ela está? Que notícia maravilhosa. Suponho que posso fazer uma exceção.”

“Sua Majestade!” Elinora falou, horrorizada. Ela lançou um olhar de ódio para Soleia. “Isso não é o que me foi prometido!”