A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 242
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Capítulo 242: Nenhuma Montanha É Alta Demais
A resposta de Soleia foi envolver os braços firmemente ao redor do pescoço dele, agarrando-se a ele como se nunca quisesse deixá-lo ir. O fato de Rafael ainda estar vivo e respirando era nada menos que um milagre maravilhoso. De alguma forma, ela havia roubado a vida de Rafael bem das garras da morte.
Lágrimas de alívio encheram seus olhos ao perceber que poderia tê-lo perdido para sempre, e Rafael só podia lançar-lhe um sorriso amoroso e indulgente diante da demonstração de emoção. Ele acariciou suavemente os cabelos dela, saboreando o abraço familiar.
Um chicote de sangue solto voou em direção a eles, pretendendo espetar Soleia quando ela virou as costas. Mas Rafael não era o mesmo homem de meros minutos atrás. Com uma risada áspera, ele curvou os dedos. Imediatamente, uma cúpula de sangue se formou sobre os dois, fazendo a tentativa ridícula de assassinato de Ricard ricochetear inofensivamente na proteção.
Qualquer outra vez, Rafael adoraria ver a expressão de indignação furiosa no rosto de Ricard, mas agora ele só tinha olhos para sua esposa, Soleia, que chorava descontroladamente em seus ombros. Ele a abraçou fortemente, seus próprios olhos ficando úmidos com lágrimas não derramadas.
Ele a havia encontrado novamente. Ele chegou a tempo.
E ela o queria. Ela o amava. Com cada lágrima que molhava sua túnica, ele entendeu os verdadeiros sentimentos de Soleia. Se Soleia ainda pudesse chorar tanto porque se importava com ele, seu casamento poderia ser salvo. Não havia montanha alta demais para ele escalar se Soleia estivesse esperando do outro lado.
“Sinto muito,” Soleia disse entre soluços, sua respiração saindo em um choro trêmulo. “Sinto muito― Eu não deveria ter te deixado, agora Orion está morto, Oliver está morto… isso é tudo minha culpa!”
“Não, querida, nada disso é sua culpa,” disse Rafael. Ele segurou o rosto dela com as mãos e ternamente limpou suas lágrimas com as pontas dos dedos.
“Há apenas uma― bem, tecnicamente duas pessoas que podemos culpar por isso, e uma delas está apodrecendo sob as ondas do oceano. Eu posso lidar com a outra. Além disso, você ficará feliz em saber que Orion está vivo e bem. Ele foi a própria razão pela qual eu pude vir buscá-la,” Rafael admitiu com apenas um leve relutância.
Ele não gostava de dever favores a ninguém, especialmente a pessoas que ele tecnicamente havia traído. Mas os sentimentos claros de Soleia por ele haviam acalmado o monstro ciumento em seu peito.
De certa forma, Rafael tinha seu irmão a quem agradecer por isso.
“Orion está bem?” Soleia suspirou aliviada, um sorriso trêmulo se formando em seu rosto. Pelo menos, havia algo positivo. “Essa é uma ótima notícia.”
“Bem, sim.” Rafael limpou a garganta e ofereceu a mão para Soleia segurar. “Quando eu abaixar a cúpula, quero que você mantenha suas mãos em mim o tempo todo. Não sei por que ou como, mas quando nossas peles se tocam, sinto uma força avassaladora. Pode ser o poder do amor,” Rafael acrescentou com um sorriso. “Mas não importa o que aconteça, com você ao meu lado, Ricard não poderá nos parar.”
Os olhos de Soleia se arregalaram de surpresa com as palavras de Rafael. Se ela não tivesse visto a ferida dele se curar com os próprios olhos, teria descartado suas palavras como delírios de um homem apaixonado. Mas a prova estava bem na frente dela ― por uma razão ou outra, ela podia amplificar os poderes de Rafael para trazê-lo de volta do limiar da morte.
“Mas e se eu acabar anulando seus poderes por acidente?” Soleia perguntou, mordendo o lábio preocupada. Afinal, ela não tinha a menor ideia de como havia realizado tal feito. Se ela tirasse os poderes de Rafael, os dois seriam alvos fáceis. “Eu nunca fiz algo assim antes!”
Rafael fez uma pausa, ponderando se deveria mencionar o que havia observado meses atrás. Soleia percebeu seu súbito silêncio e levantou uma sobrancelha.
“Você parece ter algo a dizer. Fale de uma vez. Não é como se eu não tivesse ficado irritada ou chocada com suas palavras antes,” Soleia disse de forma seca.
Depois de descobrir que ele era um príncipe ilegítimo que queria uma coroa, seus padrões para as besteiras de Rafael haviam se elevado indefinidamente. Ela duvidava que ele pudesse dizer algo para surpreendê-la agora.
“Bem… você na verdade já fez isso antes,” Rafael confessou timidamente. “Quando estávamos fugindo da loja daquela senhora idosa. Você desmaiou. Quando eu te segurei, de repente senti meus poderes se fortalecerem.”
Por outro lado, Rafael sempre podia superar suas expectativas. Ela não sabia se ficava escandalizada ou impressionada.
“…Você estava planejando me contar sobre isso algum dia, ou eu deveria descobrir anos depois por conta própria?” Soleia perguntou com um olhar incisivo. “E suponho que você poderia simplesmente me nocautear e me carregar nas costas então. Eu terei palavras com você sobre isso mais tarde.”
“Não! Claro que não vou te nocautear,” Rafael exclamou, horrorizado. “Mesmo que você tirasse meus poderes, só precisaria me devolvê-los.”
Soleia o encarou incrédula. “Eu também não sei como fazer isso.”
“Não há tempo como o presente para aprender,” disse Rafael, dando-lhe um olhar encorajador. Ele pressionou um beijo em seus lábios, fazendo com que Soleia soltasse um gritinho com a demonstração inesperada de afeto. “Eu acredito em você.”
Soleia engasgou. “Você não deveria! Posso acabar matando nós dois! E nosso filho não nascido!”
A expressão de Rafael se transformou em êxtase, como se ele tivesse recebido todos os presentes de aniversário de uma vida. Suas mãos imediatamente vieram tocar sua barriga.
“Há um bebê? Nosso bebê? É real?”
Os olhos de Soleia suavizaram, e ela assentiu. “Raziel me examinou e descobriu.” Ela colocou a mão sobre a de Rafael antes de perceber o perigo. “Espere, não segure minha mão―”
Mas antes que pudesse retirar a mão, a mão de Rafael se moveu e ele entrelaçou seus dedos com os dela.
“Soleia, não me solte,” Rafael disse, com um brilho fervoroso nos olhos. “Sinto como se pudesse dividir este reino ao meio. Por favor, acredite em mim quando digo que não há nada que você possa fazer que me machuque.”
A boca de Soleia secou. Ela queria apontar as diversas vezes em que machucou Rafael em sua tentativa de escapar, mas nenhuma palavra emergiu de seus lábios ao ver a devoção e compreensão nos olhos dele.
Rafael sabia que ela o tinha machucado. Ele não se importava mesmo assim.
O que mais Soleia poderia fazer além de acenar com a cabeça?
Se eles morressem, morreriam como uma família. Ela apertou a mão dele, seu coração em sua garganta.
Rafael sorriu, e derrubou a cúpula― apenas para ser saudado pela espada de sangue de Ricard bem na cara.