A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 241
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Capítulo 241: Cordas de Sangue II
Sangue carmesim explodiu por trás dela, encontrando as cordas de sangue de Ricard no ar. Respigos de sangue caíram livres da colisão, respingando na calçada e nas paredes ao redor.
Soleia se encolheu, fechando os olhos quando algumas gotas caíram sobre sua saia, manchando o tecido de um vermelho profundo. Um homem ficou em frente a ela de forma protetora, sua armadura completamente destruída e o sangue encharcando suas roupas como se ele tivesse acabado de voltar de uma frente de batalha sangrenta. Instantaneamente, uma respiração trêmula saiu de seus lábios enquanto seus olhos se encheram de lágrimas.
“Não é bom pensar em se deitar com sua própria cunhada, querido irmão,” disse Rafael, sua voz cheia de raiva, embora suas palavras fossem sarcásticas. “Imoral, até.”
O riso de Ricard ecoou na noite. “Desde quando você se importa com moral, Rafael?”
“Bem,” disse Rafael com um encolher de ombros, “suponho que você possa estar ocasionalmente certo. A maçã não cai longe da árvore.”
Sem dar a Ricard a chance de responder, Rafael balançou as mãos. Uma onda de sangue cortou o ar junto com seus movimentos, trazendo o cheiro familiar de cobre enquanto se lançava diretamente em Ricard.
O último saltou para fora do caminho, gemendo quando o sangue que Rafael controlava explodiu contra as pedras no chão, levantando algumas peças soltas no ar com uma nuvem de poeira.
“Você sempre teve talento bruto,” disse Ricard com uma risada fria. Seus olhos, no entanto, carregavam apenas desprezo e até um toque de ciúmes. “Essa foi a única razão pela qual Pai trouxe você de volta ao palácio, apesar de todos os filhos e filhas bastardos que ele deixou vagando pelo mundo.”
“Devo agradecê-lo por isso?” Rafael replicou sarcasticamente.
“Claro que não,” disse Ricard. Desta vez, a risada que surgiu de seu peito estava muito mais cheia de alegria do que antes. “Na verdade, você deve ressentir-se dele. Os anos que você passou vagando pelas ruas como um rato dos escombros resultaram na diferença entre nossas habilidades.”
O chicote de sangue de Rafael se transformou em uma lâmina afiada, e Ricard transformou a sua ao mesmo tempo. Eles se encontraram no meio, chocando-se enquanto faíscas voavam como se aço batesse no aço. Gotas de suor surgiram na testa de Rafael.
“Aqui está nossa diferença,” disse Ricard com uma risada de satisfação enquanto forçava sua arma de sangue contra a de Rafael, empurrando-o de volta uma fração de polegada de cada vez. “Você pode ter mais talento bruto, mas lhe falta treinamento, Irmão!”
Rafael rangeu os dentes, seus músculos se esforçando enquanto empurrava mais e mais magia para as pontas dos dedos. Isso não lhe deu vantagem – na verdade, ele estava começando a sentir o cansaço penetrar em seu sangue. Afinal, ele havia combatido ondas e mais ondas de homens de Ricard. Assim que Orion apareceu para substituí-lo, ele correu para cá sem tempo para descansar.
Como ele poderia descansar quando a vida de Soleia estava em perigo?
Odiava admitir, mas Ricard estava certo. Como príncipe real, Ricard e Raziel tinham todo o treinamento que o dinheiro podia oferecer. Eles foram criados no palácio, treinados para se tornarem herdeiros do trono, Ricard mais do que qualquer outro príncipe de Raxúvia. Rafael, por outro lado, nasceu mais tarde do que eles e foi levado ao palácio apenas em anos adolescentes.
Em um combate a longo prazo, as diferenças começariam a aparecer. Rafael tinha talento bruto, mas o treinamento de Ricard superava muito esse talento dele.
“Eu me pergunto,” disse Ricard com um sorriso cruel. “Quanto tempo você pode aguentar isso, Irmão? Talvez eu o mantenha vivo apenas o suficiente para ver sua amada ser reivindicada por mim. Quão maravilhoso seria ver o olhar de desespero em seu rosto!”
Essa afirmação foi combustível para Rafael. A energia explodiu por suas veias enquanto ele avançava, conseguindo empurrar a lâmina de Ricard para trás. Ricard deu um passo para trás para se equilibrar, mas não perdeu o equilíbrio. Na verdade, o sorriso em seu rosto cresceu.
Sem desperdiçar um fôlego, ele trouxe sua arma para baixo novamente, aterrissando golpe após golpe enquanto Rafael foi forçado a se defender, aparando. Ele não teve tempo para criar outra fonte ofensiva, não quando Ricard o mantinha distraído ao ocasionalmente mirar em Soleia.
“Devo admitir, você me surpreende,” disse Ricard com um rosnado. “Você de alguma forma emergiu daquele monte de corpos e sobreviveu tempo suficiente para nos encontrar. Que pena que aqui é onde você vai apodrecer por toda a eternidade!”
Diante dos olhos de Rafael, a espada de sangue de Ricard se dividiu em duas. Elas se curvaram como cobras, uma aterrissando diretamente na arma preparada de Rafael, enquanto a outra se curvava por trás para alcançar Soleia.
Os olhos de Soleia se arregalaram, suas mãos se levantaram em uma tentativa de bloquear, mas o cansaço já havia se infiltrado em seus membros. Seus movimentos foram um pouco lentos demais, e Rafael só pôde atirar seu corpo para trás em alarme, totalmente preparado para usar-se como escudo para ela.
A arma de Ricard atravessou diretamente o estômago de Rafael, empalando-o enquanto sangue jorrava de seus lábios. Ele ficou parado, segurando a arma de sangue para evitar que ela se aprofundasse em seu estômago.
Enquanto Soleia se levantava para anular a magia de Ricard, este se afastou antes que ela pudesse tocá-la. Sem o sangue de Ricard para manter Rafael de pé, ele cambaleou, caindo nos braços de Soleia que o esperavam.
“Rafael!” ela gritou enquanto eles desabavam no chão. Soleia tentou amortecer a queda o máximo que pôde, mas com suas pernas feridas, ela não tinha certeza de quanta diferença fez.
Ela alcançou seu pendente de cornalina, suas mãos envoltas ao redor dele enquanto tentava canalizar a magia de cura de Raziel. No entanto, ela não tinha certeza se era porque o usuário original estava morto ou se era porque ela havia utilizado toda a magia em Orion quando ainda estavam no navio, não havia mágica que formigava em suas pontas dos dedos.
Rafael, por outro lado, colocou a mão no estômago. Sua própria magia de cura funcionou, mas foi lenta. Apenas conseguiu parar o sangramento, e mesmo assim, a cura parecia superficial. A luta havia cobrado seu preço em seu corpo e, lentamente mas seguramente, ele sentia seu corpo ficar mais fraco e fraco.
“Não…” Soleia gritou. “Por favor… Você tem que se curar…” ela soluçou.
Soleia nunca se sentiu tão inútil quanto agora. Tantos morreram por causa dela e, ainda assim, ela não podia fazer nada além de assistir o homem que amava — por mais que tentasse negar — morrer lentamente em seus braços.
“Que comovente,” disse Ricard com um deboche. “Devo lhe oferecer uma chance de se despedir?” ele zombou. “Fora com o velho, dentro com o novo, certo? Não haveria futuro para nós se seu ex-marido continuasse nos importunando. Oh, e não se preocupe. Eu também me livrarei do seu outro ex-marido, assim que terminarmos com este.”
“Princesa…” murmurou Rafael. Sua voz estava fraca, e sua visão ficava um pouco turva. De repente, ele se sentiu incrivelmente cansado, e toda a luta tinha deixado seu corpo, mesmo que seu cérebro exigisse que ele se levantasse e protegesse aquilo — e quem — era importante para ele.
Ele podia vagamente ver Soleia pairando sobre ele, lágrimas enchendo seus olhos. Uma gota caiu em sua bochecha, um alívio fresco para a sensação de queimação que vibrava em seu corpo.
Havia um brilho que vinha do peito de Soleia. Ele apertou os olhos para isso, franzindo o cenho. Uma luz prateada parecia florescer bem onde estava seu coração, e ele não conseguia dizer se estava começando a ver a luz do céu chamando-o para mais perto ou se talvez o sol estava começando a nascer.
Mas a luz do sol não era prateada, e a lua não estava no vestido de Soleia.
Seus dedos se contraíram. Lentamente, sua visão começou a ficar muito mais clara. Sua boca não sentia mais seca, e quando ele olhou para baixo, sua pedra de cornalina estava brilhando mais e mais.
Da mesma forma, os olhos de Ricard se arregalaram ao ver a vida que estava lentamente se esvaindo do corpo de seu irmão mais novo voltar. A cor voltou às bochechas de Rafael, e o pendente que ele usava parecia brilhar mais do que nunca.
Ele estava tão dominado pelo choque que cambaleou para trás, seus joelhos se sentindo incrivelmente fracos de repente. Ricard tinha visto incontáveis homens, mulheres e crianças morrerem. Ele também testemunhou Raziel realizar milagres quando se tratava de cura.
Mas isso, ele nunca havia encontrado. Ricard nunca havia visto um homem moribundo curar-se quando já estava tão exausto de energia.
Os dedos de Rafael formigavam com magia, tanto que quase pareciam dormentes. Seu abdômen não sentia mais dor, e quando Soleia abriu a camisa dele para dar uma olhada, a ferida havia se fechado. Se não fossem pelas manchas de sangue, ela teria pensado que ele nunca havia sido ferido e estava apenas representando uma mera atuação.
Ela lançou um olhar arregalado para Rafael, e ele encontrou seu olhar com a mesma surpresa. Então, uma memória aparentemente esquecida passou por sua mente. Ele se lembrou da sensação de poder que havia percorrido suas veias e um lento sorriso se espalhou por seus lábios.
“Princesa,” ele sussurrou, sua voz ainda um pouco rouca de ter passado pela morte. “Eu preciso que você me toque.”