A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 217

217: Salvador II 217: Salvador II “Retornar?” Oliver ecoou, seus olhos arregalados de confusão. “Para o palácio? Agora?!”

“Mas, Senhor,” Landon tentou dizer. “Já viajamos até aqui―”
“Felizmente, não longe o suficiente,” Rafael disse, cortando as palavras de Landon antes que ele pudesse continuar. O homem manteve-se obedientemente calado, recuando com os lábios apertados e a cabeça baixa.

Rafael então virou-se para Oliver, suas sobrancelhas franzidas intensamente e sua expressão grave. Ele disse: “Conduza os homens em direção ao nosso destino. Nós nos encontraremos lá. Não ataquem nem exponham sua posição até que eu volte. Fui claro?”

“Sim, Sua Alteza,” Oliver disse imediatamente.

“Ótimo.”

Sem poupar mais nenhuma palavra para seus homens, Rafael puxou as rédeas de seu cavalo, incentivando o garanhão a retornar. Ele relinchou alto, suas patas dianteiras levantaram-se por um breve segundo antes de girar bruscamente. Então, em meio a uma nuvem de poeira, Oliver e o resto do grupo puderam apenas observar enquanto o cavalo de Rafael galopava de volta pelo caminho que haviam vindo.

Eles não haviam se aventurado longe, felizmente. Mal tinham saído da capital, e não devia levar muito tempo para Rafael retornar ao palácio. No entanto, cada segundo que passava podia ser a diferença entre vida e morte.

Rafael cerrou o maxilar com força enquanto incentivava ainda mais seu cavalo a acelerar. Ele rezava para que estivesse enganado sobre o sentimento que o anel havia transmitido a ele. Era uma onda de medo, seguida de pânico e desespero. Mas não era isso que assustava Rafael.

Não.

Era a sensação de alívio que ele claramente sentia correndo por Soleia. Só havia uma maneira disso acontecer, e seria seu último momento antes da morte. Ele duvidava muito que seus irmãos fossem tão gentis a ponto de oferecerem ajuda a ela, especialmente porque eram, muito provavelmente, a razão pela qual ela estava em perigo― pelo menos, não sem um custo.

“Merda,” Rafael amaldiçoou baixinho enquanto passava veloz pela floresta, os galhos e gravetos deixavam cortes em sua pele, fazendo o sangue escorrer. Ainda assim, ele não parava para se curar, nem sentia dor alguma por isso.

Tudo que estava em sua mente era o rosto de Soleia, distorcido de medo e desamparo, seus lábios pálidos e frios.

Ele precisava se apressar.

***
“Vamos, rápido,” Orion incentivou. “Espero que você não precise pegar nada.”

“Não,” Soleia disse.

Ela tocou o dedo onde sua mais nova invenção estava, seus dedos deslizaram sobre a pedra de granada que ela havia acabado de fixar no ouro. Então, ela bateu nos bolsos onde guardava duas bolsas, uma contendo dinheiro e a outra contendo todos os cristais de que poderia precisar.

“Tenho tudo o que preciso aqui,” disse ela.

Em seguida, ela prendeu a respiração ao tocar o outro anel que usava. A faixa vermelha estava apertada em seu dedo anular, quase brilhando como mil estrelas ensanguentadas sob a luz. Parecia pulsar com vida.

Trincando os dentes, Soleia segurou o anel e puxou com força. No entanto, ele não se moveu nem um centímetro.

“O que foi?” Orion perguntou. “Por que você parou―” Seus olhos se arregalaram de alerta antes de puxar Soleia para baixo, fazendo-a cair ao chão. Então, ele rolou para dentro dos arbustos para se esconder, levando-a junto.

Ela mal teve tempo de soltar um grito antes de estar na grama, escondida atrás de folhas e gravetos. Logo, dois soldados em patrulha passaram, seus passos sincronizados. A mão de Orion tapou os lábios de Soleia, e sua respiração parou naturalmente enquanto seus olhos se arregalaram.

Eles esperaram até que os passos dos soldados desaparecessem completamente antes que Orion espiasse pelos arbustos. Quando teve certeza de que eles se foram, ele a soltou.

No momento em que a mão de Orion deixou os lábios dela, o rosto de Soleia ficou em chamas. Ela não havia percebido que estava praticamente sentada no colo dele agora, e apertou os lábios antes de sair apressada de seus braços.

“Desculpe,” ele murmurou em desculpas. “Eu não percebi―”
“Tudo bem,” Soleia disse, limpando a garganta. Sua língua saiu rapidamente para umedecer o lábio inferior antes que ela dissesse: “Onde devemos encontrar um barco? Ou alguém disposto a nos levar?”

Seus dedos inconscientemente voltaram ao anel vermelho, girando-o em seu dedo. Embora não conseguisse movê-lo ao tentar ativamente removê-lo, brincar com ele não lhe causava dificuldade alguma. Era como se o anel soubesse.

“Precisaremos de disfarces,” Orion disse. “Disfarces bons. Seu pai enviou homens secretamente para Raxúvia. A cidade está infestada deles agora, prontos para trazê-la de volta assim que você sair do palácio.”

“E como você sugere que façamos isso?” Soleia perguntou, arqueando uma sobrancelha.

“Boa pergunta,” Orion disse.

Seu sorriso era um pouco torto enquanto ele alcunhou algo pequeno no bolso. Ele retirou o objeto, que mal tinha o tamanho de sua mão, e Soleia arqueou uma sobrancelha. Apenas quando ele estendeu para que Soleia visse foi que seus olhos se arregalaram.

“Como conseguiu isso?” ela perguntou, seu coração acelerando.

Ela pegou apressadamente o objeto das mãos de Orion, virando-o para frente e para trás para verificar se seus olhos não estavam a enganando. Quando confirmou que era exatamente o que pensava que era, ela soltou um suspiro trêmulo.

“Isso… Você não deveria tê-lo… Como?!” ela murmurou, incrédula.

“Vou explicar mais tarde,” Orion disse. “Você consegue fazer funcionar?”

“Eu… I-Isso é apenas um design, nem mesmo um protótipo,” Soleia respondeu. “Não terminei de calibrar os detalhes ainda, e levará algum tempo até que eu consiga ajustar as especificidades―” Seu suspiro trêmulo demonstrava empolgação. “Eu… Achei que tivesse deixado isso no palácio,” ela murmurou.

Seus olhos estavam um pouco marejados enquanto ela olhava para Orion. Ela havia saído tão apressadamente que uma boa parte de suas notas e projetos ficaram no palácio, e muito mais em Drakenmire. Achava que aquele rascunho da máscara que havia projetado estaria perdido para seu pai ou seria descartado, e não ali, em suas mãos novamente.

“Obrigada,” ela disse de maneira sincera.

“Me agradeça depois,” Orion disse. “Vamos lá. Os guardas não passarão por aqui durante os próximos quinze minutos. Precisamos ir.”

Ele se levantou e estendeu a mão para Soleia. Soleia olhou para ela por um instante, mas no fim, escolheu se levantar com os próprios pés. Ela brevemente sacudiu a terra de seu vestido, e a mão de Orion caiu de volta ao seu lado sem qualquer alteração em sua expressão.

Rapidamente, eles cruzaram o jardim do palácio, escondendo-se dos guardas patrulhando sempre que os encontravam.

“A pequena entrada que usei está logo ali na frente,” Orion disse. “Por aqui―”
Suas palavras foram cortadas quando, de repente, ele ficou rígido. Então, sem mais qualquer aviso, ele puxou Soleia pela cintura e a posicionou atrás de si. Orion colocou-se na frente dela e sacou sua espada mais rápido do que Soleia conseguiu piscar, e um clangor alto ecoou pelo ar.

Orion cerrou os dentes, seus músculos flexionando enquanto defendia o ataque. Pingos vermelhos dançaram pelo ar antes de caírem sobre a grama, e o coração de Soleia parou em seu peito ao finalmente perceber quem os atacara.

Não havia como confundir o aroma familiar e metálico de sangue, combinado com o olhar furioso no rosto de seu futuro marido.