A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 212
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212: Tudo pela Ciência III 212: Tudo pela Ciência III “Que pena,” Raziel disse enquanto soltava um suspiro, olhando para a cabeça decapitada aos pés de Soleia. Ele tirou um lenço do bolso e começou a limpar cuidadosamente o sangue do seu florete. “Ela tinha tanto potencial.”
“Isso era realmente necessário?!” Rafael repreendeu Raziel.
Ele não se importava com a vida de uma espiã capturada, mas achava inaceitável Raziel matá-la na frente de Soleia sem qualquer aviso. Ele segurou o rosto de Soleia com cuidado, olhando para ela com olhos preocupados.
“Soleia, não olhe para baixo, olhe para mim―”
Ao ouvir as palavras de Rafael, os olhos de Soleia instintivamente se voltaram para a cabeça solitária ao lado de seus pés. Ela soltou um pequeno grito e tropeçou, chutando acidentalmente a cabeça decapitada, que começou a rolar. O cheiro de sangue metálico se intensificou, e Soleia sentiu seu estômago revirar.
“Tudo bem, eu estou aqui,” Rafael disse de forma tranquilizadora. Com uma mão firme, mas gentil, ele ergueu o queixo de Soleia de volta, fazendo-a olhar para ele. “Respire… respire…”
“O cheiro…” Soleia conseguiu dizer, engasgada.
Respirar devagar era a tática certa para acalmá-la, mas nas circunstâncias atuais, inspirar mais bocados de ar cheirando a sangue estava fazendo mais mal do que bem. Ela não sabia como explicar isso a Rafael, mas, de alguma forma, ele parecia entender. Em um movimento rápido, ele a ergueu facilmente em seus braços e correu em direção à saída das masmorras.
Raziel suspirou e os seguiu em um ritmo mais lento e tranquilo. Ele bem que poderia aproveitar para tomar um pouco de ar fresco e verificar a limpeza de seu florete.
“Aqui você pode respirar com mais facilidade,” Rafael disse ao colocá-la cuidadosamente no chão, propositalmente escolhendo um lugar onde havia muitas plantas para refrescar a mente de Soleia. Ele ofereceu a ela uma mão para segurar, olhando-a com uma expressão preocupada. “Como você está se sentindo?”
Soleia inclinou-se e vomitou o conteúdo do café da manhã. Rafael imediatamente entrou em pânico, sua cornalina brilhando, pronta para curá-la, mas foi rapidamente parado quando Soleia levantou a mão.
“Estou bem,” ela disse. “Só preciso de um tempo. Talvez um pouco de água.”
Ele só pôde fazer movimentos lentos e circulares em suas costas e oferecer um lenço.
Logo, o turbilhão em seu estômago cessou. Soleia levantou a cabeça e viu o sol quente da tarde brilhando através do dossel das árvores, afastando a escuridão das masmorras. Ela inspirou fundo e foi recompensada com ar fresco e limpo.
“Deveríamos ir para a enfermaria,” Rafael disse, ainda preocupado, mas Soleia balançou a cabeça.
“Não há necessidade. Só preciso descansar aqui, respirar um pouco de ar fresco,” Soleia disse. Além disso, ela não podia evitar se perguntar se Raziel realmente trabalhava na enfermaria. Ele havia realizado milagres em Anastasia, dando-lhe uma segunda chance de vida antes de arrancá-la sem piedade.
Esse pensamento a incomodava por vários motivos. Soleia estremeceu, lembrando-se da expressão de pesar furioso que estava gravada na cabeça decapitada de Anastasia, como se a cabeça não reconhecesse que não estava mais presa ao corpo. Ela tinha tanto potencial. Soleia sentiu as habilidades de piromancia de Anastasia assentarem em seu interior, aquecendo-a por dentro.
“Eu não consigo acreditar que ele simplesmente a decapitou assim,” Soleia disse baixinho. “Raziel não precisava fazer isso. Ela era inestimável viva. Aquela mulher não representava ameaça alguma contra ele sem seus poderes. Como ele fez isso? Achei que você disse que os poderes dele não eram ofensivos.”
Raziel havia se movido tão rápido que ela não tinha certeza do que realmente havia acontecido. Anastasia foi morta em menos de um piscar de olhos.
Antes que Rafael pudesse explicar, uma nova voz entrou na conversa.
“Eu não usei meus poderes,” Raziel explicou. “Apenas usei isto.”
Ele ergueu seu florete para todos verem. A lâmina era afiada, reluzindo ameaçadoramente ao sol. Havia uma leve mancha avermelhada na lâmina, e Soleia poderia adivinhar a causa.
“Ah, perdi um ponto,” Raziel comentou, com uma leve expressão de desagrado no rosto. “Peço desculpas pela bagunça, Princesa Soleia.”
Soleia soltou um pequeno arquejo. “Você se refere às masmorras ou a essa pequena mancha aqui?”
“Ambos, suponho,” Raziel disse, franzindo o cenho ao notar a palidez do rosto de Soleia. “Devo dizer, não esperava que você fosse tão afetada por um banho de sangue.”
Soleia engasgou, e Rafael lançou um olhar desaprovador para Raziel. “Soleia é uma princesa. Você espera que ela esteja por aí cortando cabeças a torto e a direito? Não a compare com pessoas como eu e você!”
Raziel acenou com a cabeça. “Você tem razão. Foi um erro meu. Fiquei simplesmente animado por encontrar um espírito afim em minha pesquisa e exagerei. Espero que isso não a tenha afastado permanentemente de trabalhar comigo.”
Trabalhar com ele era a última coisa que Soleia queria, mas ela sabia que não tinha escolha. Sem Raziel para curar os praticantes mágicos, ela não teria pessoas para praticar, o que significava que ela seria inútil aos olhos do Rei Recaldo, e isso a colocaria em um caminho sem volta de volta para Vramid, de volta aos braços amorosos de seu pai.
Por cima do meu cadáver.
“Claro que não.” Soleia forçou um sorriso no rosto e respondeu a Raziel. “Mas espero que você pense duas vezes antes de matar praticantes mágicos com tanta facilidade. Eles estão em quantidade muito limitada para você simplesmente apagar suas vidas como se estivesse apagando uma vela.”
Raziel assentiu, acomodado. “Entendo suas preocupações. Fique tranquila, mandei meus homens limparem as masmorras, e vou garantir que os prisioneiros estejam pelo menos… saudáveis na próxima vez que você visitar.”
“Isso vai levar alguns dias, no mínimo,” Rafael interrompeu a conversa em um tom que não admitia discussão. “Soleia precisa de tempo para se recuperar do choque que você acabou de causar a ela. Estamos voltando para nosso quarto.”
“Isso funciona bem para mim,” Raziel disse, seu olhar estranhamente fixo. “Mas antes que eu vá, tenho uma pergunta a fazer. Princesa Soleia, você sente algo diferente após anular a piromancia de Anastasia? Você sente… como se tivesse os poderes dela dentro de você?”
Ele não podia esquecer a Princesa Soleia usando criomancia contra os uivadores na floresta. Se de alguma forma ela tivesse absorvido a piromancia de Anastasia em seu corpo, isso significava que o corpo dela era especialmente moldado para abrigar magia. Soleia poderia ser a chave para desvendar os mistérios do uso da magia.
Enquanto isso, Soleia tentava manter a respiração calma. Raziel soava como se soubesse do que ela realmente era capaz, e isso não augurava nada de bom para o bem-estar dela.
“Isso soa ridículo,” Soleia disse, balançando a cabeça após uma pausa. “Não sinto nada diferente… Talvez um pouco tonta, mas isso pode ter sido devido ao estresse. Tudo aconteceu tão rápido. Não pude perceber.”
Havia uma chama silenciosa ardendo no estômago de Soleia, mas, é claro, ela não contaria isso a Raziel. Quem sabe se ele poderia ‘acidentalmente’ dissecá-la para avançar em suas pesquisas?
“Que pena,” Raziel disse, e ele realmente queria dizer isso. “Isso significa que os poderes não podem ser transferidos no caso da morte do hospedeiro. Que fascinante.”
O sangue de Soleia gelou, mas ela se obrigou a permanecer calma. “Talvez essas habilidades estejam mais em nossas almas do que em nossos corpos.”
“Talvez,” Raziel ecoou. “Nos veremos em breve.”
Com essa última despedida ominosa, Raziel finalmente os deixou a sós.