A Esposa Roubada do Rei Oculto - Capítulo 138

138: O Dia do Casamento 138: O Dia do Casamento Soleia encarava seu reflexo no espelho. Era a manhã de seu casamento, e seu estômago ameaçava torcer-se em nós. Ela estava na sala privada da igreja, depois de ser rudemente acordada ao raiar da aurora para se preparar para seu casamento. Foi empurrada para um banho quente e esfregada até ficar limpa.

As empregadas então a rodeavam, arrumando seu cabelo num elegante coque. Elas puseram pó em seu rosto para esconder as olheiras e aplicaram rouge em suas bochechas e lábios para lhe dar a imagem de uma noiva feliz, alheia à turbulência que se formava no coração de Soleia.

Soleia umedecia os lábios. Estava quase na hora de caminhar pelo corredor. Ela podia ouvir o burburinho animado dos convidados enquanto eles entravam pelas portas abertas da igreja, ocupando seus lugares ansiosamente. Ela olhou para baixo, alisando as dobras de seu vestido.

Ela usava um elegante vestido de baile, incrustado de diamantes no corpete. Eles a cegavam toda vez que respirava, conforme o tecido se movia refletindo a luz do sol que entrava pela janela aberta.

Soleia nunca havia usado tanto luxo em toda sua vida. Seu pai havia mergulhado no tesouro real, determinado em dar a Soleia um vestido de casamento extravagante para adequar-se ao espetáculo que era seu casamento. Mesmo que Soleia preferisse um vestido mais simples e tivesse os esboços para provar isso, era simplesmente impossível – Rei Godwin recusava-se a parecer que não poderia casar sua terceira filha com estilo frente à realeza visitante.

A única coisa que a mantinha com os pés no chão era seu par favorito de brincos de selenita, junto com o colar de aquamarina que Celestina havia lhe dado.

“Tem certeza de que não quer comer nada?” Bellaflor perguntou. Ela e Celestina faziam uma visita de última hora para verificar sua irmã mais nova, caso ela estivesse com nervosismos pré-nupciais. “Você está começando a parecer um pouco pálida. Vai demorar um pouco antes de começar o banquete de casamento; você precisa manter seus níveis de energia.”

“Não consigo engolir nada”, Soleia confessou. “Sinto vontade de vomitar.”

“Não faça isso neste vestido”, Celestina disse, dando-lhe leves tapinhas nas costas com medo de danificar seu traje. “É avassalador, mas tudo vai acabar antes que você perceba.”

“Temos que ir agora”, Bellaflor disse, lançando um último olhar para Soleia. Ela pegou o véu das mãos das empregadas e o prendeu seguramente na tiara de Soleia, antes de deixá-lo cair sobre seu rosto. O mundo de Soleia estava envolto em um branco enevoado.

“Não importa o que aconteça, estamos muito orgulhosas de você”, Celestina disse firmemente enquanto apertava as mãos de Soleia. “Mantenha sua cabeça erguida, querida irmã.”

Os olhos de Soleia encheram-se de lágrimas e ela assentiu tremulamente. Suas irmãs desapareceram pela porta para tomar seus lugares, deixando-a sozinha com as empregadas. Ela encarava a porta, esperando –
“Princesa?” Uma das empregadas perguntou cautelosamente enquanto observava a princesa encarar fixamente a porta fechada. “Você está esperando mais alguém vir?”

Os lábios de Soleia curvaram-se num pequeno sorriso amargo diante da pergunta inocente. Como se Senhor Ralph fosse visitá-la nesta hora quando ele claramente precisava estar ao lado de Orion como seu padrinho. Era melhor que ele mantivesse distância dela.

Mas ainda assim, seu coração doía da mesma forma. Ela queria que ele a visse neste vestido de casamento deslumbrantemente brilhante, para que ele fizesse piadas sobre bolos de casamento e caçadores de sol. Em vez disso, havia apenas um silêncio solene no quarto enquanto ela permanecia sozinha sem companhia.

Outra empregada interveio de forma útil. “Princesa Soleia, o Príncipe Reitan já está no local. Ele está muito animado para hoje!”

“Obrigada por me dizer”, Soleia disse. Ela sentiu vergonha ao notar que seu irmão não lhe havia passado pela mente. Respirando fundo, ela deu uma última longa olhada em si mesma no espelho.

A mulher refletida tinha uma expressão grave no rosto, como se estivesse assistindo ao funeral de um estranho. Soleia tentou sorrir.

Melhor.

Agora ela parecia… mais feliz.

Ela virou-se sobre seus calcanhares e as empregadas ajudaram-na ansiosamente a carregar a longa cauda de seu vestido. Uma delas entregou-lhe seu buquê de flores, e ela quase cambaleou sob seu peso.

Era hora de encontrar seu destino.

***
“Aqui vem a noiva!” Os guardas anunciaram, e as trombetas começaram a tocar para anunciar sua presença.

As cordas melódicas da orquestra preenchiam o ar, e Soleia caminhava passo a passo, escoltada pelo Príncipe Reitan e pelo Príncipe Desmond, que caminhavam à sua frente. Eles marchavam seriamente enquanto espalhavam pétalas de flores pelo corredor.

Príncipe Desmond até contava os passos em voz alta em uma série de quatro, jogando pétalas apenas na segunda contagem. Seu coração se aqueceu ao ver Reitan seguir o exemplo. Muito em breve, sua caminhada terminou.

Orion estava esperando no outro extremo do corredor. Mesmo através do véu enevoado, ela podia distinguir seu contorno embaçado.

Ele estava muito elegante em seu terno branco puro com uma longa capa branca também. Isso o fazia parecer menos como um general sanguinário e mais como um nobre culto. Soleia notou com ironia que seus trajes combinavam – será que Orion era a noiva, ou ela? O cabelo de Orion também estava arrumado para revelar sua testa alta, e em seus ombros estavam suas múltiplas medalhas, destacando as conquistas que ele fez para o reino.

Este era o marido de Soleia. Ela se treinou para manter seus olhos nele e não deixar que eles se desviassem na direção do Senhor Ralph. Mas era difícil lutar contra seus instintos.

Senhor Ralph estava um pouco atrás de Orion, vestido com um simples terno preto, mas seus olhos eram atraídos para ele.

Mas ele estava olhando para o chão, então Soleia voltou seu olhar para Orion e seus olhos cor de cerúlea. No entanto, ela logo franziu a testa. Isso era estranho. Seus olhos… eles não eram tão azuis quanto ela se lembrava. Se havia alguma coisa, pareciam levemente cinza, como se estivessem contaminados por algo mais.

O padre começou a falar antes que Soleia pudesse ponderar mais sobre isso. Ela balançou a cabeça, descartando o pensamento. O véu realmente bloqueava boa parte de sua visão. Poderia estar apenas distorcendo as cores.

“Estamos todos reunidos aqui hoje sob a graça de Sua Majestade, o glorioso Rei Godwin, para celebrar a união da Princesa Soleia e do Duque Orion Elsher. A vida lançou muitos obstáculos para eles…”

Mesmo em seu nervosismo, Soleia queria rir. Pensar que o padre substituiria Deus por seu pai!

O padre continuou a tagarelar, louvando as façanhas de Orion e a generosidade de seu pai. Os pés de Soleia começavam a doer.

Então, ela sentiu seu brinco cair no chão.