563: A estimada filha do barão (1) 563: A estimada filha do barão (1) “Esta noite é uma grande noite. Você tem consciência disso, não tem? Eu não posso deixar nada dar errado esta noite depois do dinheiro que investi nesta festa. Você deve encontrar um marido que possa ajudar a sustentar esta família. É assim que você me recompensará pelo dinheiro que gastei com você.”

“Sim, pai,” disse Alessandra Barrett, olhando-se no espelho ao ver seu pai andar de um lado para o outro atrás dela enquanto a empregada penteava seu cabelo. Como ela poderia esquecer que esta noite era importante quando ele repetia isso a cada hora?

Alessandra não gostava dele se referir a isso como uma recompensa. Ela nunca pediu para gastar o dinheiro que ele gastara. Ele gastou porque queria aumentar a beleza dela. Ter joias e vestidos para combinar com os olhos dela. Essas eram suas palavras, e cada vez que ela lhe dizia que não era necessário, ele mandava ela parar de falar. Que ela seria a esposa perfeita se não abrisse a boca.

Alessandra queria que a noite acabasse logo. Para que seu pai encontrasse alguém que lhe oferecesse o maior dinheiro pela mão dela, de modo que a festa finalmente chegasse ao fim e ela pudesse se retirar para o quarto.

Esta noite era a noite para ela fugir. Ela não sabia para onde, mas ia deixar o lar que era tudo o que ela conhecia. Pensava em finalmente procurar seus avós depois da carta que encontrou escondida pelo seu pai.

Seu pai, Barão Desmond Barrett, afirmava que seus avós não queriam nada com ela, assim como sua mãe, que fugiu há muitos anos. Alessandra acreditava em suas palavras até encontrar uma carta que ele não conseguiu esconder dela. Ele ficou fora por alguns dias para visitar sua mãe, e Alessandra conseguiu ver as cartas antes de sua madrasta, Katrina Barrett.

“Prenda o cabelo dela como eu lhe disse. Ela precisa mostrar o pescoço e o colar que o decora. Você pulou o café da manhã como eu disse? Você deve caber naquele vestido e ele deve ser apertado para mostrar que você é uma mulher esbelta. Nenhum homem quer uma mulher com um corpo grande quando ela não está nem grávida,” Desmond argumentou, continuando a inspecionar Alessandra.

Ele precisava que ela terminasse a noite com uma proposta garantida de um nobre ou um empresário rico. Ele colocou todo esse esforço nela para que pudesse colher os benefícios agora que ela estava em idade para se casar. Ele não teve sorte com ela não sendo escolhida para ser a próxima rainha, mas ainda havia muitos homens para ela escolher.

“Desmond,” disse Katrina sentada na cama de Alessandra. Ela estava cansada de ouvir sobre Alessandra repetidamente enquanto sua filha Kate não recebia uma gota de atenção. “Vá ver o que os criados estão fazendo lá embaixo. Eu vou me certificar de que Alessandra se arrume do jeito que você gosta.”

Alessandra paralisou, esperando que seu pai dissesse não. Sua madrasta não queria ajudá-la. Ela só queria que o marido saísse para que ela pudesse dizer o que estava em sua mente.

“E se eles não colocaram todos os bons vinhos ou varreram-”
“Eu entendi. Fique de olho nela e cuide para que sua aparência esteja boa. Isso não beneficia apenas Alessandra. Beneficia você e eu. E Kate,” acrescentou Desmond, lembrando-se de sua outra filha. Ele não a via desde a manhã.

Katrina forçou um sorriso para esconder sua antipatia pelo fato de ele ter esquecido de Kate. Ele chamou a melhor costureira da cidade para preparar um vestido para Alessandra, enquanto ela recebia uma pequena quantidade de dinheiro para chamar uma costureira barata para Kate. “Eu vou cuidar dela”, disse ela, empurrando-o gentilmente para fora do quarto.

No momento em que a porta fechou, seu sorriso desapareceu. Esta noite deveria ser a noite de sua filha. Kate ainda não tinha idade, mas ela também precisava de uma festa como esta para chamar a atenção antes de chegar a hora de se casar.

Kate estava para sempre na sombra de Alessandra desde o momento em que nasceu. Só havia dinheiro suficiente para Desmond colocar toda sua esperança em uma filha, e essa filha era Alessandra.

Katrina estava cansada de ouvir como a beleza de Alessandra se parecia com a mãe desaparecida.

“Nos dê um momento”, ordenou Katrina à empregada. Era só em momentos como este, em que Desmond estava ocupado, que ela podia liberar sua raiva na filhinha bonita que ele tanto adorava.

A empregada largou a escova e saiu, observando o chão enquanto saía do quarto de Alessandra. O barão a repreenderia por não continuar a preparar o cabelo de Alessandra, mas ela preferia levar uma bronca do que enfrentar a ira da baronesa.

Alessandra observou Katrina se aproximar dela no reflexo do espelho. Ela tentava não se abalar quando estava sozinha com Katrina.

Katrina agarrou um punhado do cabelo escuro de Alessandra e deixou os fios passarem por seus dedos. “Todos os homens falam sobre como você é bela. Não se empolgue por causa das flores que eles têm lhe enviado. Eles não te amam. Só querem te ver nua em suas camas. Você deveria esperar ter um marido que a prenda na cama e a deixe incapaz de se mover. Não pense por um segundo que você vale mais do que as outras mulheres.”

“Seu pai deveria simplesmente te entregar para William, já que ele tem oferecido um bom preço. Você se lembra dele, não é? Ele visitou na sua juventude. Me daria prazer saber que ele tem você”, sorriu Katrina, deixando o último fio escorregar pelos seus dedos.

Katrina colocou as mãos nos ombros de Alessandra. Se ao menos Alessandra desaparecesse, então a cidade notaria a beleza de Kate. Se não fosse por Desmond quase a expulsar pela última vez que ela machucou a pele de Alessandra, ela já teria arruinado o rosto de Alessandra até agora.

“Se você souber o que é melhor, encontrará um homem que a levará para longe de Lockwood, ou eu te darei um inferno”, advertiu Katrina.