A Companheira Amaldiçoada do Alfa Vilão - Capítulo 272
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Capítulo 272: Rua Vazia
Enquanto a dama cuidava de Cora, Leonardo aproveitou a oportunidade para estudar o ambiente mais de perto.
Ele estava grato pelas informações que ela havia oferecido mais cedo, mas uma parte dele se recusava a tomar suas palavras pelo valor de face. Ela falava com a compostura de alguém acostumado a ajudar os outros, sem surpresa, mas algo em seus modos ainda o mantinha em alerta.
Confiança, ele lembrou a si mesmo, era um luxo que não podia se permitir.
Enquanto seu olhar vagava pela sala, os olhos de Leonardo se desviaram para cima. Além das vigas, ele notou uma escada de madeira estreita escondida no canto, levando a um andar iluminado de forma tênue.
“Não, não moro sozinha,” respondeu Mira, cuidadosamente colocando um bálsamo recém-feito no tornozelo de Cora, sua voz suave e despreocupada. “Há algum problema?”
Os olhos de Leonardo ficaram um momento a mais na escada. Cora balançou a cabeça para manter a atenção de Mira nela, tentando soar casual.
“Já que a área não é exatamente segura, é bom que você tenha companhia por perto.”
Mira assentiu com um leve sorriso.
Depois de terminar de cuidar do tornozelo inchado de Cora, ela se levantou e subiu as escadas estreitas, retornando alguns minutos depois com dois copos de barro cheios até a borda com água limpa.
“Se vocês têm viajado há muito tempo, devem estar com sede,” disse gentilmente, oferecendo um copo primeiro a Leonardo, depois entregando o outro a Cora. “Espero que haja mais quartos vagos na pousada ao lado deste prédio.”
Cora olhou para o copo em suas mãos. A água parecia limpa, cintilando levemente na luz orbital, e sua garganta doía de secura. Ela não havia percebido o quanto estava sedenta até aquele momento.
“Obrigada,” murmurou, levantando o copo em direção aos lábios.
Mas antes que pudesse tomar um gole, Leonardo colocou seu próprio copo de lado na pequena mesa de madeira, sua expressão calma mas cautelosa.
“É um hábito nosso não beber das casas de estranhos,” disse, mantendo o tom educado. “Mas meu amigo e eu realmente apreciamos a hospitalidade.”
Ele direcionou seu olhar para Cora, certificando-se de que ela notasse o mais leve brilho de aviso em seus olhos. Ela congelou no meio do movimento, sorrindo de forma desajeitada antes de abaixar seu copo.
O sorriso de Mira não vacilou.
“Por mim, tudo bem. Já volto.”
Ela subiu novamente, deixando Leonardo e Cora a sós. No momento em que ela se foi, Leonardo se aproximou de Cora. Sem uma palavra, ele pegou o copo intocado de sua mão e o colocou ao lado do seu na mesa.
Ele ainda não confiava que ela não beberia a água enquanto mantivesse a tentação em suas mãos.
Cora suspirou e esfregou as têmporas. “Talvez eu esteja errada?” Ela murmurou, apontando para a sacola que ele segurava para ela. “Me passa a crônica, por favor? Quero dar outra olhada no mapa. Talvez haja algo que perdemos… Leonardo?”
Mas ele não estava ouvindo.
O jovem se agachou ao lado de uma das cadeiras de madeira, seus olhos se estreitando para algo meio escondido debaixo dela. Estendendo o braço, ele puxou um pequeno pedaço de tecido rasgado. Era áspero e desbotado, mas um emblema tênue estava bordado nele. Era um brasão em forma de falcão segurando uma espada.
“Isso não é…” ele virou o emblema na mão, estudando-o antes de olhar para Cora. “Parecido com o símbolo no manto dos guardas?”
Cora olhou para ele atentamente, a identificação surgindo em seu rosto. “Sim…” ela disse devagar. “A insígnia da guarda real.”
Se havia uma coisa que os dois sabiam sobre todos os reinos, era que ninguém – ninguém – tinha permissão para manter uma insígnia real em sua casa, a menos que um membro da família já tivesse servido como guarda real. Era um costume antigo, imposto com severidade. O emblema da guarda real era propriedade sagrada, distinto em seu design e simbolismo, de modo que nenhum plebeu pudesse confundi-lo.
Cora pressionou os lábios em uma linha fina enquanto pensava sobre o assunto.
“Ela disse que não sai sozinha,” ela murmurou. “Talvez ela tenha um irmão… ou alguém que costumava servir. Mas espere, isso não faria sentido agora, faria?”
Leonardo olhou fixamente para o emblema, uma leve inquietação se apoderando dele. Ele não sabia por que, mas algo em toda essa situação não lhe parecia certo. O ar na sala de repente parecia mais pesado.
Ele queria investigar o assunto, mas a ideia de expô-los fez seu maxilar se apertar. Cora seria a que mais sofreria. Ela ainda estava vulnerável devido ao quão ruim seu tornozelo estava, e ele não poderia arriscar isso.
Ele não tinha certeza do que esperar, e também não era impulsivo o suficiente para usar seus poderes malditos.
Se Cora pudesse descansar adequadamente essa noite, o inchaço em seu tornozelo provavelmente estaria muito melhor pela manhã. Ele não podia realmente arriscar o tempo que restava para voltar aos outros, mas com sorte, estava determinado a descobrir os cúmplices do verdadeiro portador até amanhã, e esse era o prazo que ele prometeu manter.
Ele colocou o emblema discretamente no bolso, assim que ouviu o leve rangido de passos na escada.
“Já que terminamos aqui,” Mira disse ao descer, sua voz firme, “você precisa de ajuda para levá-la para a hospedaria?”
“Não,” Leonardo balançou a cabeça, embora sua voz não carregasse rudeza. “Nós podemos gerenciar. Quanto pelo seu trabalho?”
A senhora balançou a cabeça. “Você não precisa me pagar. Você pode precisar disso mais do que eu. Certifique-se de fazer o check-in novamente antes de sair amanhã. Eu aceitarei isso como seu pagamento.”
Cora estava aliviada que esta pequena investigação finalmente tinha chegado ao fim.
Ela tentou dobrar a perna embaixo dela e quase fez uma careta de dor. Leonardo se moveu antes que ela pudesse, deslizando um braço sob os ombros e outro sob os joelhos. Ele a levantou com uma gentileza prática que fez parecer fácil. Sua respiração pegou – em parte de surpresa, e pela maneira como ele parecia estável e caloroso de forma inegável.
Ela rapidamente desviou o olhar. Isso não significava nada, ela se lembrou firmemente. Era simplesmente a escolha prática; em sua condição, andar não era sequer considerado uma opção.
Quando eles saíram da casa, entrando nas ruas estreitas, o silêncio do vilarejo os envolveu. Em algum lugar à distância, um cachorro latiu uma vez, duas, e depois silenciou. O suave toque do sino da hospedaria flutuou pelo ar frio da noite, misturando-se ao suave farfalhar das folhas.
Leonardo franziu a testa.
As ruas estavam muito quietas. Mesmo com lanternas brilhando nas janelas como prova de que ainda havia pessoas vivendo ali, o lugar inteiro parecia estranhamente deserto.
Poderia estar relacionado ao que o jovem curandeiro lhes disse? Ou talvez ele estivesse apenas pensando demais em toda essa situação?
Ele ajustou ligeiramente seu aperto, olhando para o rosto pálido de Cora. Por enquanto, especulações poderiam esperar. Ele precisava levar Cora para o abrigo para que ela pudesse descansar antes de amanhã, um momento para ao menos respirar, se isso era tudo que eles podiam ter antes de concluir a missão.
Eles tinham que encontrar abrigo na hospedaria… novamente.