A Companheira Amaldiçoada do Alfa Vilão - Capítulo 260
Capítulo 260: Indo Ver o Rei
No momento em que seus olhares se encontraram, algo brilhou nos olhos de Lennox – algo perigosamente próximo à traição ou à dor. Mas ele enterrou rapidamente, forçando sua expressão em uma neutralidade calma enquanto voltava sua atenção para Esme.
Por um instante, as palavras o abandonaram. Sob o brilho da luz da lua, ela parecia quase irreal. Seu cabelo azul captava o brilho suave das lâmpadas ao longo do píer, os fios cintilando como safira líquida enquanto emolduravam seu rosto. O suave verde de sua roupa apenas aprofundava seus olhos, e mesmo agora, quando seus olhos encontraram os dele com hostilidade aberta, ela parecia deslumbrante.
Havia um fogo silencioso em seu olhar que a fazia parecer ao mesmo tempo etérea e intocável, e essa visão de tirar o fôlego teria sido dele para reivindicar se Donovan não tivesse aparecido para tirar tudo dele como sempre faz.
Lennox respirou fundo. “Você mudou,” ele disse suavemente, embora as palavras carregassem mais peso do que ele pretendia.
O olhar de Donovan fixou-se nele, firme e claro. Ele se certificou de ficar perto o suficiente de Esme para que Lennox não pudesse isolá-lo do que estivesse passando por sua cabeça. O ar entre os três se estreitou, carregado de uma hostilidade silenciosa.
Esme, no entanto, parecia alheia ao impasse silencioso se formando ao seu lado. Seus pensamentos ainda estavam emaranhados em pura descrença. De todas as pessoas, Lennox era a última que ela esperava encontrar aqui. Ela se preparou para muitas coisas nesta jornada, mas não para ele.
“O que você está fazendo aqui?”
Ela não podia acreditar. Ela havia se esquecido completamente de sua cortesia; afinal, estava se dirigindo à majestade, mas sua presença fazia seu sangue ferver tanto que ela podia sentir seus dedos começando a aquecer. Após a jornada infrutífera ao Reino de Ilíria e depois de tudo que ela e o resto de seu povo haviam suportado, a súbita aparição de Lennox parecia um insulto.
Por que ele estava aqui? O que poderia ser mais importante do que as águas escuras se espalhando pelas terras – importante o suficiente para trazê-lo a este lugar?
Lennox deu um passo cuidadoso à frente, sua sombra se estendendo com ele sob a luz da lua. Instintivamente, Donovan também se moveu, igualando o movimento.
“Ela lhe fez uma pergunta.”
Não havia nada amigável em seu tom.
“Ela não te disse para se aproximar dela, então mantenha distância enquanto eu ainda estou sendo educado.”
O olhar dourado de Lennox endureceu. “Lembre-se de que este não é seu território, este é Mariana. Faça uma cena e você está morto.”
Leonardo observava a situação com a mesma expressão indiferente que sempre usava. Apenas Cora parecia genuinamente preocupada.
“Não é estranho que a majestade esteja sozinho?” ela sussurrou.
“Ele não está.”
Cora seguiu o gesto sutil de Leonardo em direção a um par de guardas um pouco afastados de onde estavam, plantados como se em uma ordem silenciosa para esperar e observar.
“Oh, por que eles estão ali?” ela perguntou.
“Bem, quem os colocou ali está bem na sua frente. Por que você não vai perguntar a ele?”
Percebendo que ele havia sido sarcástico, Cora fez uma careta e bateu nele levemente com seu livro.
Esme se colocou ao lado de Donovan. “Mas o que você realmente está fazendo aqui?”
Lennox colocou as mãos atrás das costas. “É tão estranho me encontrar em Mariana? Se há algo, eu deveria ser o único fazendo perguntas. O que traz você a este lado de Mariana, Leo?”
Seu olhar se desviou brevemente para Leonardo antes de se fixar novamente em Esme e Donovan. “Veja, não é incomum que eu visite um reino vizinho. O rei e eu somos… bem conhecidos.”
“O que você quer?” Donovan exigiu.
Com suas palavras, os guardas à espreita nas sombras deram um passo à frente.
O sorriso de Lennox se alargou. “Vocês terão que vir comigo. Já informei sua Majestade da sua presença. Tenho certeza de que ele ficará encantado em conhecer os responsáveis pelo caos em seu reino.”
Sua voz caiu, suave e certa. “Não há escapatória.”
“Nós?” Esme zombou. “O único tentando causar caos aqui é você. Mentiroso.”
O sorriso de Lennox vacilou. O tom dela não tinha calor algum. Sua antipatia por ele era evidente em seu rosto, e depois de tudo que ele fez por ela, era assim que ela olhava para ele, como se agora fosse uma sujeira.
“Esme,” ele começou. “É apenas uma questão de tempo antes que as maldições infelizes deles penetrem em você. Se vier comigo agora, estará a salvo do que está por vir.”
“Eu preferiria enfrentar cem maldições do que estar perto de você,” ela rebateu, entrelaçando os dedos nos de Donovan. “Vamos nos encontrar com o rei. E não fizemos nada para ameaçar seu reino. Não temos absolutamente nada a temer.”
Donovan apertou suavemente a mão dela, estabilizando-a antes de dar um passo à frente. “Nós vamos com você,” disse ele. “Apenas mande seus guardas recuarem.”
Lennox exalou pelo nariz, controlando sua expressão. Após um momento, ele gesticulou para que seus guardas se afastassem. A tensão diminuiu ligeiramente– até ele perceber que algo estava errado.
Leonardo havia desaparecido.
“Leo?” ele chamou, escaneando a multidão.
Nenhuma resposta.
Até mesmo Esme se virou, franzindo a testa enquanto seus olhos percorriam ao redor. Não apenas Leonardo, mas até Cora havia desaparecido também.
******
Enquanto isso, Cora e Leonardo haviam se esgueirado pelos becos estreitos, pressionando-se contra as paredes de pedra fria enquanto tentavam colocar a maior distância possível entre eles e o resto do grupo.
Não foi até que eles pararam para recuperar o fôlego que Cora percebeu que seus dedos ainda estavam entrelaçados. O calor subiu para suas bochechas, mas Leonardo não parecia notar– ou talvez estivesse fingindo não perceber. Sua atenção estava fixa à frente, maxilar tenso, a marca negra da maldição se espalhando levemente pelo canto da sua boca como tinta sangrando pela pele.
Cora odiava admitir, mas havia algo nele quando usava seus poderes que ela achava… distraidamente atraente. Uma estranha pequena fraqueza que ela preferiria não nomear. Era estranho.
Quando finalmente chegaram a um trecho mais tranquilo da rua, diminuíram os passos apressados, transformando-os em passos cautelosos.
“Espera,” Cora sussurrou, olhando para trás de onde vieram. “Você acha que eles já perceberam?”
Leonardo seguiu o olhar dela antes de olhar para ela. Ele balançou a cabeça antes de colocar um dedo nos lábios, como se dissesse que ela deveria ficar quieta, antes de pegar sua mão novamente e guiá-la para longe dali.
Tomara que Donovan soubesse o que estava fazendo.