A Companheira Amaldiçoada do Alfa Vilão - Capítulo 253
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Capítulo 253: Um Espírito ou um Fantasma
Donovan se mexeu, franzindo a testa para a planilha desordenada espalhada sobre a mesa.
Ao lado dele, Leonardo olhava a pilha de pergaminhos, já desconfiado. A bagunça de gráficos e lista de inventário parecia tão monótona quanto ele esperava, como um trabalho tedioso que ele conhecia bem. Ele havia ajudado Cora a marcar a trench de Mariana, e a memória era suficiente para fazer seus ombros doerem de tédio.
Esse tipo de tarefa era um trabalho destinado a marinheiros ociosos, não a eles. Ainda assim, o olhar de Esme pairava um pouco demais, como se o desafiasse a recusar.
Por fim, ele soltou um leve resmungo: “Tudo bem, mas só desta vez.”
O sorriso de Esme se aprofundou, satisfeita antes de se virar para Donovan que ainda olhava os gráficos espalhados à sua frente. Leonardo olhou para ele como se acabasse de perceber que seu irmão não deveria estar ali, mas descansando. Ele não resistiu em acrescentar:
“Está tudo bem para ele já estar de pé? Posso trabalhar nos gráficos sozinho já que estou familiarizado com o processo.”
“Estou bem,” Donovan interrompeu, cruzando os braços sobre o peito com teimosia ao dizer: “Além disso, não posso permitir que você cometa erros.”
Os lábios de Leonardo se entreabriram em descrença silenciosa. A resposta que planejava dar ficou presa na garganta, pois ele não conseguia dizer. No final, só conseguiu lançar um olhar de esguelha para o irmão.
Nenhum dos irmãos captou o leve brilho nos olhos de Esme, ou a prece silenciosa percorrendo seus pensamentos de que seu plano cuidadosamente traçado de uni-los não se desfizesse tão facilmente.
Ela lhes deu o sinal positivo e já estava a meio caminho da porta. “Vou deixá-los sozinhos, então. Lembrem-se, o trabalho em equipe faz o navio funcionar melhor.”
Quando a porta se fechou atrás deles, Leonardo exalou como se tivesse prendido a respiração e se jogou na cadeira mais próxima, a madeira velha rangendo sob seu peso. Ele passou a mão no rosto antes de olhar para Donovan.
“Bem… o que você acha?” sua voz carregava um traço de cansaço ao perguntar. “Consegui eliminar os que embarcaram ontem à noite. Você não acha que ainda há mais espreitando por aí, acha?”
“Talvez não sereias,” Donovan respondeu calmamente, embora sua expressão traísse pouca confiança. Seu humor desde que acordou parecia estranho, e sua aura havia enfraquecido de uma forma que até Leonardo percebeu ser incomum. Ele queria saber o que se passava na cabeça do irmão, mas este nunca confiaria nele, nunca confiou, mesmo com as inúmeras vezes em que provou que sempre estaria ao seu lado, não importava o que acontecesse.
Donovan, alheio à preocupação do irmão por ele, estava mais focado nas folhas sobre a mesa. Seu olhar fixo percorria os gráficos e registros intermináveis nos pergaminhos antes de exalar e dizer:
“Desviar nossa rota ainda é a opção mais segura, e parece que temos um pouco de sorte, se é que posso chamar assim. Aquela senhora… Cora… ela conhece bem o assunto. Ela mapeou três passagens diferentes levando a Mariana, e já navegamos por uma delas. A terceira passagem deve ser a menos perigosa, porque se há monstros em Mariana, levará mais tempo para que eles causem estragos da segunda à terceira, então vamos mirar nessa direção por enquanto. A última passagem deve estar perto, considerando que, de alguma forma, perdemos a segunda passagem. Pelo que vejo, devemos estar em Mariana hoje à noite.”
Leonardo não pôde deixar de franzir a testa. Esme literalmente disse que deveriam trabalhar nisso juntos, mas o irmão já estava folheando os gráficos e tirando conclusões sozinho. Se ele não contribui logo para o tópico, pode acabar fazendo o registro de inventário por conta própria, e essa era uma atividade enfadonha que ele se recusava a ser encarregado de fazer.
“Quando você diz monstros…” ele começou em um tom cético, “você quer dizer demônios, certo? E o que vamos fazer sobre as águas escuras?”
“Evitá-las,” foi a resposta curta de Donovan. “O verdadeiro portador está mais uma vez à nossa frente. Não temos ideia do que poderíamos encontrar do outro lado de Mariana, então temos que estar preparados para qualquer coisa.”
“É por isso que você vacilou ontem?”
Donovan não respondeu. Leonardo não ficou surpreso também. Ele sabia que seu irmão era do tipo que preferia manter os lábios fechados a dar a alguém o gosto de uma resposta, mas pelo menos ele tentou a sorte de qualquer maneira.
“De qualquer forma…” Leonardo mudou de assunto com um leve encolher de ombros, seu tom casual mas seus olhos atentos. “Ei… aquele anel que você comprou para a Esme. Ainda não o vi na mão dela. Achei que você já tivesse dado a ela. Qual é o motivo do atraso?”
Sua pergunta pousou como uma pedra jogada na água. A mão de Donovan parou no meio de uma anotação, a caneta pairando sobre o gráfico por um breve momento antes de continuar como se nada tivesse acontecido. Sua voz, quando veio, soou fria e cortante.
“Parece que você gosta de se intrometer em questões que não lhe dizem respeito. Já que claramente você não tem nada útil a acrescentar, trabalhe no registro de inventário em vez disso.”
Leonardo abriu a boca para se defender, mas o olhar de seu irmão já estava de volta aos gráficos. Seu comportamento hoje parecia muito mais frio, e havia essa estranha opacidade em seus olhos quando mencionou o anel também.
Havia algo errado?
Seu irmão não poderia estar perdendo o sentimento pela Esme… não?
Ele balançou a cabeça com esse pensamento.
Isso não era possível. Isso nem sequer era questionável. Então por que ele já parecia irritado? Ou talvez ele não devesse ter mencionado isso em primeiro lugar.
Sua curiosidade inofensiva, no entanto, deu a Donovan a oportunidade de empurrar a pilha do registro de inventário na direção dele.
Com um suspiro relutante, ele trouxe sua cadeira para mais perto para que pudesse trabalhar nos papéis.
Donovan, no entanto, pareceu vacilar de repente, como se reconsiderasse seu tom anterior. Ele sabia que tinha falado um pouco asperamente com Leonardo, mas seus pensamentos não estavam estáveis desde a noite anterior. A memória da garotinha com cabelo prateado-branco o atormentava enquanto ele se lembrava de tê-la visto parada ali nos momentos antes de perder a consciência.
Ela não tinha sido uma ilusão. Ela não poderia ter sido. No entanto, mais ninguém a havia visto parada ali. Isso também explica por que durante todo esse tempo, ninguém além dele já encontrou essa garota estranha antes.
Poderia ela ser um espírito… um fantasma?
E se assim fosse… um fantasma poderia ser morto?
A pergunta encheu seu peito de inquietação, tornando suas tentativas de concentração inúteis. Seja qual for a resposta escondida em seu olhar pálido, deixou-o certo de uma coisa; depois do que ela lhe mostrou, Esme não receberia um anel dele tão cedo.
Talvez nunca…