A Companheira Amaldiçoada do Alfa Vilão - Capítulo 246
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Capítulo 246: Sereia Infectada
Por um momento, ninguém se moveu.
Ninguém sabia o que fazer.
O olhar de Althea permaneceu fixo na superfície da água, arregalado de incredulidade. Ela esperava desesperadamente que Aqueronte emergisse das profundezas, que de alguma forma tivesse se libertado e estivesse voltando para a superfície. Ele não podia ter ido embora. Não assim. Não tão rápido. Ele não faria isso com ela.
“Não,” ela balançou a cabeça. “Não—não, ele não está—ele não está—!”
Recusando-se a ficar parada, ela correu até o canto onde Atticus havia guardado seu arco e o pegou. Ela voltou correndo para a borda em um piscar de olhos, seus dedos tremendo enquanto encaixava a flecha.
Preocupada que pudesse acertar Aqueronte se tentasse algo às pressas, Revana tentou detê-la, mas Esme a segurou. Ela balançou a cabeça, como se dissesse que deveria deixar Althea fazer o que ela queria.
Lágrimas escorriam por seu rosto, mas Althea se forçou a respirar e se concentrar. Ela mirou na água, implorando para que seus instintos a guiassem enquanto suplicava por qualquer sinal, mesmo um vislumbre de movimento sob a superfície da água. Era difícil dizer por causa de como a superfície havia escurecido, como se alguém tivesse despejado tinta preta na água. A cena se manifestou do nada. A única diferença é que continuava se espalhando em um ritmo alarmante.
“Onde está?!”
E então ela disparou.
Ela disparou novamente.
E novamente.
E novamente.
“Althea–pare! Demais, você pode acertá-lo!” Revana avançou e agarrou-a antes que ela pudesse disparar a próxima flecha, puxando-a de volta para longe da borda.
Althea não resistiu ao puxão da irmã. Seu arco escorregou de suas mãos enquanto ela caía de joelhos, chorando descontroladamente.
“Levou-o,” ela engasgou, olhando para Revana. “Foi tão rápido. Mas por que eu não me afastei rápido o suficiente? Tudo isso é culpa minha, traga-o de volta!” Ela apoiou a cabeça contra o peito de Revana, implorando que a irmã o trouxesse de volta, mas até mesmo Revana se sentia totalmente impotente naquele momento.
Já então, outros membros da tripulação começaram a se reunir, atraídos pelos gritos e pelo pânico. Orion já havia saído para informar o Alfa, enquanto Atticus estava ocupado montando um grupo de busca que desceria em busca de Aqueronte sob a superfície do mar.
Esme mal sabia como reagir. Seus olhos permaneciam fixos na água, seu coração apertado contra o que seus olhos se recusavam a aceitar. Isso não podia ser o fim. Ela não deixaria que fosse. Sua mente corria enquanto tentava pensar em algo que ajudasse. Mas então, suas pupilas dilatam quando ela percebe um súbito ondular na superfície da água.
Assim que Atticus estava pronto para descer a escada de corda, Esme levantou a mão, interrompendo a todos.
“Esperem,” ela disse, mantendo a voz firme e clara, mas a urgência não estava escondida. “Ninguém desce. Eu preciso de seis de vocês que saibam manejar arco e flecha, ou uma lança, se trouxemos alguma. Encontrem uma e a tragam de volta o mais rápido possível. Não há mais tempo para hesitação. Vá!”
A autoridade em sua voz atravessou a confusão como aço. Mesmo Revana e Althea, embora incertas da sua intenção, obedeceram sem questionar.
Em questão de segundos, a borda do navio estava repleta de arcos puxados, cada flecha e lança apontada para as águas escuras e agitadas abaixo enquanto aguardavam sua próxima ordem. Um pesado silêncio caiu, esticado com impaciência. Mas para a surpresa de todos—uma ondulação perturbou a superfície novamente. Apesar da escuridão se espalhando, uma sombra surgiu para cima, rápida e violenta.
Um respingo seguiu.
Então veio Aqueronte, rompendo as ondas após de alguma forma, escapar com sucesso das garras da criatura. Ele estava encharcado, ensanguentado e ofegante por ar– mas inconfundivelmente vivo. Ele mal estava ciente do fato de que seus protetores haviam alinhado a borda do navio, prontos para agir.
“Aguardem,” Esme respirou, sua voz baixa, mas autoritária. Ela levantou uma mão para impedi-los de reagir, silenciosamente pedindo aos arqueiros que segurassem o fogo. Todos os olhos permaneceram fixos na água, observando, até que finalmente, um movimento agitou o mar novamente.
A criatura emergiu, nadando em direção ao Aqueronte com uma velocidade que deixou todos perplexos. E desta vez, ela estava indo para matar.
“Agora!” Esme gritou.
O comando desencadeou uma tempestade. As flechas choviam, assobiando pelo ar e acertando em cheio. Lanças também choviam, e Althea, que era naturalmente uma profissional quando se tratava de manejar flechas, mirou na criatura e a acertou diretamente na coluna. A sereia gritou, um som agudo o suficiente para arrepiar os ossos, mas as flechas continuavam caindo.
Uma escada de corda já havia sido lançada em um lado seguro, enquanto Aqueronte a agarrava, puxando-se para cima enquanto a investida continuava.
Flecha após flecha mergulhava nas profundezas da água sem errar, perseguindo a besta enquanto ela se debatia e gritava – até que, finalmente, o mar ficou silencioso.
Todos cessaram fogo após Aqueronte subir de volta no convés, ensopado até os ossos e ofegante. Nessa hora, Donovan e Lothar já haviam chegado ao local. Ele tinha aparecido antes, mas quando viu que Esme já estava liderando o grupo, ele foi em direção ao timoneiro, que estava ocupado discutindo a rota mais segura com Leonardo e Cora. Felizmente, o navio ainda não havia começado a se mover, caso contrário, quem sabe o que teria acontecido no momento em que Aqueronte caiu na água.
Seu olhar caiu sobre Aqueronte, que havia caído de joelhos, tossindo água do mar, e algo mais escuro, quase como a única substância manchando a superfície do mar. Os olhos de Donovan lingeraram nele por um momento antes de ele perguntar,
“Pode se levantar?”
“Apenas mal,” Aqueronte rascou, tentando uma risada fraca através da dor após colocar aquilo para fora de seu sistema.
Donovan não ofereceu um sorriso, mas havia um indício de alívio em sua expressão. Ele ofereceu uma firme batida nas costas de Aqueronte antes de caminhar até a borda do navio.
Ele levantou a mão, convocando Atticus e Lothar com um gesto curto. “Tragam o cadáver a bordo. E usem a rede.”
Os dois assentiram em uníssono e imediatamente foram fazer o que lhes foi pedido. Sua atenção se voltou para Esme, que ainda estava olhando para a água escurecida. Ela só se virou para ele quando sentiu sua mão em sua mão, acariciando-a gentilmente como se estivesse reconhecendo o que ela havia feito antes.
“Bom trabalho. Eu cuido daqui em diante.”
Esme deu um aceno silencioso enquanto ele se afastava, observando enquanto ele se dirigia a Lothar e Atticus, que ele havia enviado para trazer o cadáver a bordo.
O grito de alívio de todos trouxe sua atenção de volta para Aqueronte enquanto todos se aglomeravam ao seu redor. O jovem estava tentando tranquilizá-los entre tosses de que não estava gravemente ferido, mas então, Althea atravessou e o abraçou, fazendo-o ficar tenso ao sentir suas emoções através do abraço.
“Seu idiota,” ela murmurou, apertando-o mais. “Nunca faça isso de novo!”
Aqueronte permaneceu congelado. Sua expressão suavizou, por fim. Lentamente, ele envolveu seus braços ao redor dela em troca, como se apenas percebendo que ela não havia se machucado.
Todos estavam muito ocupados verificando Aqueronte para notar o líquido preto—exceto por Esme. Ela viu como a substância escura apenas manchava o mar quando a criatura emergia das profundezas. Algo estava errado.
Deslizando silenciosamente para longe, ela seguiu o rastro de Donovan até onde a tripulação havia puxado o cadáver monstruoso a bordo usando uma rede. O corpo da criatura estava rasgado e brutalizado, suas escamas reluzentes manchadas de sangue. O olhar de Esme se deslocou ao longo de seu comprimento, eventualmente se fixando na cauda, onde uma única escama prateada cintilava de forma antinatural.
“Vamos ter que abrir esta,” Donovan murmurou, seus olhos se estreitando para a sereia. “As medidas anteriores não foram suficientes. Enquanto isso, alguém me arrume um cortador. Preciso abrir essa coisa. Apenas olhando para isso—podemos dizer claramente que foi infectado com sangue demoníaco.”
“Mas não precisa entrar em contato com um demônio para ser infectado?” Lothar perguntou, franzindo a testa. “Não há marcas de mordida visíveis. Me faz imaginar o que realmente está acontecendo ao longo das costas de Mariana. Isso pode ser a prova de que alguém está por lá transformando-os em demônios. Aqueronte parecia ter consumido a água escura também…”
“Podemos ficar com as escamas?” Atticus exclamou, um pouco animado demais à vista.
O olhar inexpressivo de Donovan para ele o fez murchar no ato.
“Eu— Eu quero dizer… Já vou, Alfa.”