A Companheira Amaldiçoada do Alfa Vilão - Capítulo 228
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Capítulo 228: Quem Vence
“Então foi isso que aconteceu,” Donovan murmurou baixinho quando Esme terminou de relatar o que havia ocorrido na estalagem. Sua expressão era insondável, mas Esme podia ver o peso disso em seus olhos. Se ele quisesse ser honesto – ele havia escolhido aqueles guerreiros especificamente por esse mesmo motivo. Eles eram o tipo de homens que estavam mais do que dispostos a dar suas vidas pelo que acreditavam. E eles deram.
Mas Ultima… nunca ocorreu a ele que o bastardo apareceria. Não para Esme, pelo menos.
“Ele levou o livro,” Esme continuou em um sussurro suave. “Tudo aconteceu tão rápido durante o ataque. Eu— eu nem pensei em pegá-lo. No momento em que percebi, já era tarde demais para fazer qualquer coisa.”
Donovan se afastou da parede, apertando a mandíbula. “Então o que você pretende fazer a respeito? Tem algum plano?”
“Eu?” O olhar de Esme caiu no chão. Seus pensamentos imediatamente se encheram de culpa, cada um mais sufocante que o anterior. “Eu não sei. Estou com muito medo de pensar em qualquer coisa agora. Continuo tomando as decisões erradas. Talvez seja melhor eu parar de oferecer soluções de uma vez.”
“O que você está dizendo?” A expressão de Donovan mudou ligeiramente ao dar um passo à frente. “É isso então? Você vai simplesmente desistir e dar a Ultima exatamente o que ele quer?”
Esme balançou a cabeça suavemente, virando-se para ele com olhos cansados. “Não, não é isso que eu quis dizer. Mas as pessoas estão morrendo, Dom. Ultima está sempre um passo à nossa frente – sempre. Ele até sabia exatamente em qual estalagem estávamos hospedados. Toda vez que tentamos revidar, perdemos alguém. Como eu devo lutar contra algo assim?”
Esme desviou o olhar para a janela, observando a chuva cair em um ritmo calmo e constante. “Sabe,” ela começou, com a voz baixa, “o verdadeiro portador… ele também está ligado ao Tio Irwin. Eu aprendi tudo depois que cheguei – sobre a história deles e a verdade que Irwin estava escondendo.”
Ela se virou para encarar Donovan, sua expressão preocupada. “Tia Clandestina me contou a verdade. O verdadeiro portador é um Morgrim, como você. E por causa de sua conexão com Irwin, isso o torna um também. Agora explica tanta coisa… seu estado enfermo… o declínio. Ele pode estar sofrendo do mesmo problema que seu pai lutou tanto para escapar.”
Donovan abriu a boca para falar, mas ela o interrompeu gentilmente.
“Dado o quanto sua linhagem está fraturada, suponho que foi fácil para ele desaparecer no pano de fundo. Ninguém nunca questionou tanto sua linhagem, porque sua família… eles nunca agiram realmente como uma.”
Aquelas palavras afetaram Donovan mais do que ele esperava. Ela estava certa, e ele sabia disso no fundo. Sua relação tensa com Leonardo era outra questão. Mesmo assim, ele não podia acreditar que havia perdido algo tão significativo. Sempre soube que Irwin estava doente, mesmo antes de o homem admitir para ele que estava, mas nunca teria adivinhado a causa.
“Seu pai e Irwin eram parentes,” Esme continuou. “Isso por si só torna Irwin um Morgrim, o que significa que ele está vulnerável à maldição – uma que seu pai dobrou o tempo e o destino tentando evitar.”
“Irwin é—”
“Um Morgrim. Sim,” ela confirmou suavemente.
“Então, por que ele não–”
“Porque Ultima está planejando isso há muito tempo,” Esme interrompeu. “Ele tem jogado este jogo em silêncio, e agora… a bola está no campo dele. Não culpo Irwin por esconder algo tão importante, não entendemos a situação em que ele estava naquele momento, então não podemos apontar dedos ainda.”
Ela pausou antes de acrescentar, “Ultima me disse que há algo dentro de mim – um lobo – que ele quer. Disse que é a única coisa que está impedindo-o de ascender… de se tornar um deus.”
As pupilas de Donovan se dilataram, “Você tem um lobo?”
“Não tenho certeza,” Esme balançou a cabeça. “Não posso confiar nas bobagens que Ultima está espalhando, mas que tipo de lobo faz alguém ascender? Assim? Para algo divino?”
Donovan se aproximou, acomodando-se ao lado de Esme na borda da janela. Sua voz suavizou. “Ultima joga jogos mentais, claro. Mas se ele diz que você tem um lobo, talvez haja alguma verdade nisso. Você conseguiu ler o livro antes de ele ser levado? Lembra do que estava dentro?”
O olhar de Esme se voltou para Donovan, e por um momento, as lembranças pareciam arrastá-la para baixo.
“Sim… havia um ritual,” ela respondeu suavemente. “Na minha família, havia uma profecia ligada à nossa linhagem. Eles acreditavam que poderia ser interrompida se meu pai convocasse algo chamado lobo de sangue. Nunca tinha ouvido falar disso antes. Mas foi convocado por ordem do rei. Meu pai tentou prendê-lo, mas durante o ritual, algo deu errado. O espírito do lobo se libertou naquela noite, e ele atacou. No meio do caos, foi quando…”
Ela pausou, respirando fundo. “…ele me encontrou. Não sei como, mas eu o absorvi. Ou talvez ele me consumiu em vez disso. Tenho estado doente desde então. Acho que a razão pela qual ninguém sabia era porque no livro, não estava indicado que o lobo me escolheu, eu simplesmente o vi por mim mesma. Não posso dizer se ainda está dentro de mim, e uma parte de mim espera que não esteja.”
“Isso não é missão impossível,” Donovan disse suavemente enquanto puxava Esme, segurando sua mão na dele. “De uma forma ou de outra, faremos as coisas darem certo. Há momentos difíceis na vida em que enfrentaremos desafios, e as escolhas que teremos que fazer nesses momentos são igualmente insuportáveis, mesmo que signifique perder outros. A morte deles não deve ser nossa fraqueza, mas uma razão para continuarmos.”
Ele gentilmente afastou uma mecha de cabelo do rosto dela, guiando seu olhar para encontrar o dele. “Você deve estar cansada.”
Esme se recostou nele, envolvendo os braços em volta de sua cintura. Ela pousou a cabeça contra seu peito.
“Estou bem,” ela murmurou. “Aqui é onde eu preciso estar.”
Um sorriso surgiu em seus lábios, e ele desejava poder ficar ao lado dela e partir com eles ao amanhecer. Mas, além do fato de saber que ela o repreenderia se ainda o encontrasse ali, ele precisava fazer perguntas ao marinheiro com Leonardo.
Pensando em tudo que ela lhe contou, ele se perguntou sobre qual profecia ela falava.
—–
“Um se erguerá com um coração dividido em chamas,
Carregando a ruína em nome de um amante.
Quando as estrelas chorarem e os rios secarem,
O mundo terminará com um beijo ou um choro.
Para salvar a luz, o amor deve cair—
E um deve morrer para salvar todos.”
Ultima estalou a língua quando leu a profecia, e ele rasgou o livro ao meio. Seus olhos violetas brilharam com uma intenção cruel enquanto ele estava à beira do topo da montanha.
“Vamos ver quem vence no final da corrida, você ou eu, deusa da lua.”