A Companheira Amaldiçoada do Alfa Vilão - Capítulo 221
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Capítulo 221: Permaneça Enterrado
Quando Revana abriu os olhos, seu olhar se fixou em Esme, que estava ocupada enfaixando seu ferimento.
Houve um alívio instantâneo nos olhos de Esme no momento em que viu que Revana havia acordado. Ela rapidamente se levantou, pressionando-a suavemente para baixo antes que pudesse sentar-se.
“Não se mova,” Esme instruiu suavemente, seu olhar suavizando. “Você precisa de repouso adequado. Seus ferimentos estão cicatrizando, mas você ainda não está completamente fora de perigo. Apenas fique quieta– eu vou pegar o que você precisa.”
Revana exalou bruscamente, fechando os olhos por um breve momento antes de murmurar uma maldição. Ela só tinha ido buscar o livro de Esme — a última coisa que esperava era encontrar o verdadeiro portador. Ela nem sequer percebeu quem ele era quando o viu lá, segurando o livro que ela tinha vindo até aqui para buscar.
Um único chute.
Foi tudo o que bastou para deixar seu corpo quebrado e machucado. A força pura disso a lembrou do que Donovan era capaz com um único golpe, mas isso… isso foi muito pior. Os pequenos cortes que ela sofreu ao atravessar uma janela de vidro não doíam mais, mas ela teria alguma dificuldade para se levantar agora.
Soltando um suspiro, seus olhos se voltaram para a janela da carruagem, observando enquanto a paisagem passava borrada. Eles ainda estavam descendo a colina, e até esqueceram que estava chovendo devido ao caos. O movimento constante da carruagem parecia antinatural depois do que eles acabaram de escapar.
Ela se virou para Esme, que guardava silenciosamente o pano ensanguentado e os frascos que usara para tratar seus ferimentos. Os movimentos eram precisos, quase mecânicos, como se manter-se ocupada mantivesse a dor afastada.
“O que aconteceu com o Verdadeiro Portador?” A voz de Revana estava rouca, incerta enquanto perguntava. O silêncio em sua fuga era inquietante, e seus instintos já estavam em alerta.
Esme fez uma pausa diante da pergunta, seus dedos apertando a borda de sua bolsa. Ela exalou bruscamente antes de virar o olhar para a janela.
“Ele não nos seguiu,” disse ela, sua voz oca. “Ele simplesmente… parou.” Ela balançou a cabeça, como se tentasse entender ela mesma. “Ninguém sabe por quê.”
Ela então se virou para Revana, buscando em seu rosto. “Mas isso não importa mais. Ele matou todos eles. Eu não consegui parar. Eu simplesmente fiquei lá e talvez, mesmo se tivesse feito algo, não faria diferença. Eles se foram.”
A expressão de Revana permaneceu ilegível, mas suas mãos se fecharam em punhos. “Não havia nada que pudesse ser feito,” ela murmurou. “Nenhum de nós poderia prever isso. Se há algo…” ela então hesitou, como se as palavras pudessem sufocá-la antes de forçá-las a sair. “Eles estão livres agora. Livres dessa escravidão, mesmo que tenha significado morrer para escapar dela. Pelo menos morreram sabendo que tentaram.”
Esme a estudou, a luz fraca da carruagem projetando sombras no rosto de Revana. O peso da perda pressionava contra ambas, sufocante e pesado. Esme sabia que Revana estava tentando conter sua dor, permanecer composta – mas ela conhecia aquelas pessoas há mais tempo.
E agora, elas se foram.
Não apenas elas, mas inúmeras outras — vidas inocentes, sacrificadas devido a um destino que nunca esperaram. A carruagem continuava a trovejar, mas lá dentro, o silêncio parecia um véu fúnebre.
“A morte nem sempre é a resposta, é?” Esme perguntou suavemente. “Eu sei que é difícil, mas sempre há outro caminho. Você já provou isso.”
Revana soltou um suspiro cansado. “Porque não temos escolha,” murmurou. “É mais difícil quando todos dependem de você para libertá-los. Se eu tivesse o luxo de escapar, preferiria estar morta– como meus companheiros. Pelo menos então, esse peso não me esmagaria mais.”
Seu olhar afiado de repente se suavizou, e sua voz se tornou mais firme agora. “Mas se eu morrer, quem cuidará de Althea? Foi preciso muito esforço para fazê-la esquecer a morte de nossos pais. Mesmo que a liberdade não seja algo que eu vá experimentar, quero que ela tenha uma vida de verdade — uma que não seja apenas sobrevivência. Ela merece isso.”
Esme observou enquanto Revana se forçava a se erguer, seu movimento rígido de dor. A determinação cintilou em seus olhos.
“Todos têm suas razões para lutar, Esme, e isso inclui você também. Vamos torcer para que o rei seja sábio o suficiente para nos ouvir desta vez,” disse ela, sua voz tingida de fúria silenciosa. “Não vou deixar a morte do meu povo ser em vão.”
Esme alcançou sua mão, apertando-a gentilmente. “Eles não serão,” prometeu. “Vamos garantir isso.”
“Posso te perguntar uma coisa?” A atenção de Revana se voltou para Esme. “Aquele livro… O que havia nele? O que poderia ser tão importante que o verdadeiro portador se revelou daquele jeito?”
Por um momento, o silêncio se seguiu. Esme lutou para encontrar as palavras certas antes de inspirar profundamente, preparando-se.
“Foi dado a mim pela minha Tia,” ela finalmente disse. “Contém um ritual – um que minha família realizou há muito tempo. Fui informada de que carregava uma profecia. Mas antes que eu pudesse lê-lo, fui atacada. Tudo o que sei é que falava de algo chamado lobo de sangue, e eu testemunhei o ritual – como se o livro tivesse sido encantado com algum tipo de feitiço que faz alguém revisitar aquele momento específico do passado. Eu não sei que tipo de lobo espiritual é, apenas que minha família acreditava que era a única coisa forte o suficiente para parar o verdadeiro portador. Então, eles tentaram convocá-lo.”
Ela pausou, hesitando. “Meu pai fez. Mas algo deu errado. O lobo… escolheu a mim. É por isso que ele está atrás.”
Revana enrijeceu com a informação, como se sua mente estivesse lutando para processar tudo junto.
As mãos de Esme se fecharam no colo enquanto ela acrescentava, “Ele disse que é a única coisa que o impede de alcançar a Deidade.”
“Deidade?” A testa de Revana franziu. “Você quer dizer — ele quer se tornar um deus?
“É o que suas palavras implicaram.” A voz de Esme estava quase em um sussurro, enquanto se virava para guardar o frasco restante.
“Mas Esme..” Revana se mexeu ligeiramente. “Se há um lobo dentro de você, você não deveria estar feliz com isso? É uma das coisas que você sempre quis. Tem que haver uma maneira de despertá-lo, já que está adormecido dentro de você.”
“Acordar… você diz,” Esme estremeceu, como se o pensamento sozinho a machucasse. “Por quê agora?” Sua voz falhou. “Todos esses anos… essa coisa dentro de mim foi a razão da minha doença. Quase me matou. E agora – agora que estou estável, quando não preciso de um lobo para sobreviver, descubro que ainda está lá. E se eu adoecer novamente no processo de tentar despertá-lo?”
Ela soltou um suspiro trêmulo. “Não vou deixar o verdadeiro portador levá-lo. Mas o lobo permanecerá enterrado.”