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Capítulo 208: O que você está olhando?
Donovan lutava para suprimir a fúria que brotava das profundezas de seu coração. Mais do que tudo, ele não via a hora de descobrir toda a verdade.
Quem era o verdadeiro portador, se seu pai tinha um gêmeo, e se ele estava realmente vivo porque o verdadeiro portador tornou isso possível para ele. Seu maior erro havia sido fazer um pacto com o diabo quando criança, e esta escolha o amaldiçoou com inúmeras runas escuras gravadas em sua pele.
Ele estava disposto a arcar com o fardo da maldição pelo bem de todos, mas em algum momento ao longo do caminho, ele perdeu de vista por que havia escolhido tal caminho. Mas agora, com suas memórias ressurgindo, ele conseguia lembrar por que prosseguiu com isso.
O pai de Esme havia prometido poupar sua matilha, contanto que eles nunca se tornassem aquilo que seu próprio pai havia se transformado. Naquela época, ele acreditava que poderia suportar toda a dor, que era forte o suficiente para carregar o peso de tudo, contanto que salvasse seu povo. Mas tudo havia sido um engano desde o início. O verdadeiro portador conhecia sua fraqueza e aproveitou a oportunidade para quebrá-lo completamente ao oferecer aquele pacto.
Cada maldição que ele absorvia diminuía sua resistência em desafiá-la, deixando-o vulnerável ao controle do verdadeiro portador. Se Esme não tivesse intervindo a tempo, ele teria sido completamente perdido. Mas o preço que ela teve que pagar para salvar um ninguém como ele foi alto. Ela sacrificou suas habilidades de cura para salvá-lo, e infelizmente não havia nada que ele pudesse fazer para devolvê-las a ela.
Essa era outra culpa que ele carregava. No entanto, seus pensamentos se fragmentaram quando um leve toque aterrisou em sua testa. Piscando para sair de sua introspecção, ele olhou para cima, apenas para encontrar Esme parada diante dele.
“Por que você tem essa expressão no rosto?” Esme perguntou, seu olhar penetrante captando a rápida carranca que cruzou suas feições antes dele disfarçá-la.
Ela suspirou, cruzando os braços. “Você não deveria continuar preso ao passado, Don. Se continuar, nunca será capaz de verdadeiramente seguir em frente. E antes que você diga— porque sei que você vai dizer— você não é o culpado por tudo o que aconteceu. Todos nós cometemos nossos erros, mas o que realmente importa é como superamos eles, como escolhemos crescer a partir deles. Você sempre me diz coisas assim, mas não parece seguir seu próprio conselho. Como as coisas vão melhorar se você permanecer preso ao passado? Vamos lá.”
Estendendo a mão, Esme ofereceu a sua. Donovan hesitou por apenas um segundo antes de um pequeno sorriso puxar seus lábios. Ele pegou sua mão, seu aperto quente e firme enquanto se erguia em sua altura total. A diferença de estatura os obrigava Esme a inclinar a cabeça levemente para trás para encontrar seus olhos, e ela instintivamente deu um passo para trás.
“Se não se importa,” ela continuou, seu tom agora mais casual. “Eu gostaria de acompanhá-lo às praias de Mariana. Nunca tive a oportunidade de visitar o reino vizinho, e com certeza, valeria a pena a experiência, não é?”
Donovan não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele estendeu a mão, pousando-a sobre a cabeça dela em um afago afetuoso. “Se você deseja vir, então será bem-vinda. Eu informarei ao Leonardo,” ele disse simplesmente. “Mas por enquanto, Lothário e eu temos outros assuntos para nos ocupar relacionados aos Malditos, já que deixamos Neville encarregado. Então, te vejo mais tarde. Me avise o que diz o resultado do teste do Dahmer quando você receber, ok?”
Antes que Esme pudesse responder, ele segurou seu rosto gentilmente, seu toque persistindo por um momento antes dele pressionar um beijo suave em sua testa. Em seguida, sem mais uma palavra, ele virou-se e caminhou até a porta.
Enquanto se afastava, seus dedos inconscientemente tocaram a pequena caixa escondida nas dobras de seu casaco.
‘Com tanta coisa acontecendo, haverá algum momento certo para dar isso a ela?’ ele se perguntou, exalando silenciosamente. Só de pensar nisso, seu coração disparava. Ele estava nervoso, e não podia negar esse fato.
Esme, enquanto isso, permanecia onde estava, seu olhar fixo na forma dele recuando até que ele desapareceu de vista. Um sorriso lento e malicioso curvou seus lábios enquanto uma ideia surgia em sua mente, e sem hesitação, ela girou sobre o calcanhar e seguiu na direção oposta.
À medida que o sol se inclinava em direção ao horizonte, lançando um brilho dourado sobre a terra, Donovan finalmente concluiu seu trabalho com Lothário e Revana. Agora, na quietude solitária de seu escritório privado, ele relaxou no sofá, ajustando-se para encontrar uma posição confortável. Mal tinha se acomodado quando se tornou consciente de uma presença familiar— uma que ele havia sentido mesmo antes do leve ranger da porta. Seu olhar se voltou para a mulher que se aproximava, atraído pela figura graciosa de Esme.
O ar da noite estava fresco e incomumente calmo, mas ela estava envolta em uma capa pesada que varria o chão, ocultando-a completamente. Algo sobre isso o intrigava.
“Você vai a algum lugar?” ele perguntou enquanto ela parava ao lado de sua mesa, seus olhos vagando sobre as páginas espalhadas de seu trabalho. Seu olhar aguço notou a maneira como suas mãos haviam apertado o tecido da capa, como se ela a estivesse segurando com cuidado deliberado. Sua sobrancelha se ergueu numa pergunta silenciosa.
“Não,” ela murmurou, e seus cílios batiam freneticamente, um gesto que só fazia sua suspeita crescer ainda mais. “Vejo que você está ocupado. Eu vou indo—”
“Espere.”
Antes que ela pudesse se afastar, Donovan já estava se levantando do sofá. Seus movimentos eram rápidos e fluidos enquanto ele cortava sua fuga antes que ela pudesse dar outro passo. Conforme ele diminuía a distância entre eles, Esme se virou para encontrá-lo diante dela, sua presença inconfundivelmente próxima. Um suspiro agudo escapou de sua garganta, e ela instintivamente recuou.
“O que você está escondendo, hm?” A voz de Donovan era um murmúrio baixo e sabedor enquanto ele arqueava uma sobrancelha em relação à capa drapeada sobre seus ombros. “Sei que fica frio aqui, mas a casa é quente o suficiente. A menos que, é claro, você estivesse planejando ir embora?”
Ele avançou novamente, tentando fechar o espaço entre eles, mas Esme instintivamente recuou até que a borda de sua mesa pressionasse contra seus quadris. Seu coração batia enquanto ele se inclinava sobre ela, sua presença uma mistura intoxicante de comando e curiosidade. Seus olhos brilhavam com algo intenso, como se ele pudesse lê-la como um livro aberto.
“Mostre-me.” Suas palavras não eram um pedido. Eram um desafio, carregadas com uma antecipação inconfundível.
Mas Esme hesitou. “Hm?”
Um sorriso lento e provocante se formou em seus lábios enquanto ele a imitava num murmúrio zombeteiro. “Hm?” Sua voz estava rica de diversão, mas havia algo mais nela que enviava uma onda de calor através dela. “Ou devo fazer as honras eu mesmo?”
O pulso de Esme acelerou com suas palavras, e ela balançou a cabeça. Mais cedo, suas intenções de provocá-lo um pouco eram ousadas demais, mas ela estava animada para tentar. Agora que estava de pé na frente dele, começou a se perguntar o que a havia possuído a levar isso adiante!
Engolindo em seco, ela baixou o olhar, seus dedos tremendo enquanto ela desfazia o fecho de sua capa. O tecido pesado deslizou de seus ombros, se acumulando a seus pés como tinta derramada, e revelou o vestido por baixo.
Renda rosa suave grudava em suas curvas, delicada e absolutamente pecaminosa. O corpete era bordado com padrões intrincados, o tecido semi-transparente sussurrava contra sua pele enquanto cascata até seus joelhos. As alças finas em seus ombros a deixavam exposta, revelando a curva graciosa de seu pescoço e clavículas, enquanto o suave inchaço de seu decote era sutilmente enquadrado.
Calor enrubescia suas bochechas enquanto o silêncio se estendia entre eles. Donovan não havia dito uma palavra. Ele nem sequer piscou. Seu olhar estava fixo nela, ardente e pesado, como se estivesse gravando cada centímetro dela em sua memória.
Esme começou a se perguntar se ele não gostava, mas então, sua língua deslizou sobre seus lábios inferiores, sua expressão escurecendo com fome inconfundível que instantaneamente a deixou fraca nos joelhos.
Talvez isso fosse uma má ideia.
“Você…” Esme começou, sua voz suave mas provocante, “você estava se alterando e eu pensei que uma pequena distração poderia—”
“Pequena?” A voz de Donovan mergulhou em algo escuro e derretido, seu olhar fixo nela com uma intensidade que a fez prender a respiração. “Você tem ideia de quanto autocontrole é necessário para não tocar em você, Esme.” Sua voz era áspera, seu controle se desfazendo. “Você tem estado tão ocupada ultimamente e eu—” Ele exalou bruscamente. “Não quero te esgotar… mas deuses, você me testa.”
Antes que ela pudesse responder, seu braço deslizou em torno de sua cintura, puxando-a contra ele com uma força que enviou calor espiralando através dela. Os planos duros de seu corpo pressionavam contra suas curvas mais macias, seu calor, seu cheiro— ele estava em toda parte.
Seus olhos vagaram por ela, escuros e consumidores, mas quando seu olhar desceu mais, Esme sentiu suas bochechas corarem ainda mais até o ponto de ter certeza de que competiria com a vermelhidão de uma maçã.
Seus lábios se entreabriram, sem fôlego. “No que você está olhando?”
Os lábios de Donovan se curvaram no canto com sua pergunta, diversão maldosa dançando em sua expressão. “Se isso realmente te incomoda,” ele murmurou, sua voz espessa de fome, “você não estaria perguntando de forma tão provocativa.”
Então, sem mais uma palavra, ele reivindicou sua boca, seu beijo profundo e inabalável enquanto ele roubava o ar de seus pulmões. Não era gentil— era fogo, uma promessa de todas as coisas que ele vinha segurando.