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Capítulo 207: Extensão de Si Mesmo
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Na manhã do dia seguinte, quando a carruagem parou diante deles, Finnian se virou para sua irmã com uma carranca relutante. “Nós realmente temos que ir?” ele perguntou, sua voz tingida de hesitação.
Ele e seus amigos já estavam prontos para partir para os Malditos como planejado, mas pela expressão no rosto de Finnian e Lucas, estava claro que nenhum deles estava ansioso para partir ainda.
Esme encontrou o olhar dele com insistência gentil. “Você tem que ir,” ela o lembrou. “Você é quem escolheu frequentar essa academia, Finn. Você não pode se dar ao luxo de relaxar mais, e o mesmo vale para você, Luca.”
Simon, que tinha estado concordando em silêncio, finalmente falou. “Sua irmã está certa,” ele disse de forma pragmática. “Já estamos atrasados no novo currículo da academia, e eu teria alcançado por conta própria se alguém não tivesse comido meus livros.” Ele lançou um olhar direto para Luca, cuja única resposta foi piscar como um cervo assustado.
Com um balanço resignado da cabeça, Simon continuou, seu tom mais suave. “Olha, se realmente queremos nos atualizar, precisamos nos concentrar e voltar. Se você pensar bem, nunca pretendemos ficar tanto tempo no Norte. Não podemos nos deixar distrair tão facilmente.”
“Viu? O Simon está absolutamente certo,” Esme afirmou, concordando com ele. Suas palavras fizeram o garoto corar de constrangimento, e ele desviou o olhar, seus dedos apertando ao seu lado.
“O resto de nós voltará em breve, mas ainda tenho assuntos inacabados para resolver aqui primeiro. Enquanto isso, cuide dos seus amigos, e vocês três devem sempre ficar juntos. Não importa o que aconteça, ficarei tranquila sabendo que vocês estarão lá um para o outro, me prometam isso.”
Ela fez uma pausa por um momento, procurando em seus rostos a compreensão. “Se precisarem de algo, não hesitem em pedir ao Neville assim que chegarem.”
Finnian simplesmente soltou um bufar, cruzando os braços em aceitação relutante. Ele hesitou por um momento antes de resmungar. “Tudo bem. Mas estaremos esperando por todos vocês.”
Com isso, ele inclinou a cabeça em uma reverência breve antes de entrar na carruagem. Luca e Simon o seguiram, trocando olhares antes de se acomodarem por dentro. Esme deu um passo para trás, observando enquanto as portas da carruagem se fechavam e as rodas começavam a girar.
Eles não estavam viajando sozinhos – vários guerreiros dos Malditos os seguiram a cavalo, e eles acenaram com a cabeça em silenciosa garantia para Esme antes de começarem sua jornada. Enquanto Esme ficava ali, seu coração se apertou de uma maneira que ela não esperava. Agora que estavam partindo, ela não podia mais negar o quanto sentiria falta deles, enquanto uma silenciosa prece se formava em sua mente, esperando que chegassem seguros aos Malditos.
“Eles estarão seguros.”
Esme estremeceu com a súbita voz atrás dela. Virando-se, ela prendeu a respiração ao perceber que era Donovan. Ele observava a carruagem desaparecer na estrada, e sua expressão estava tão calma quanto sempre.
“Kangee é mais que suficiente para alta vigilância,” ele continuou, sua voz suave, porém resoluta. “E os guerreiros garantirão a segurança deles caso algo aconteça. Você não precisa se preocupar com eles.” Ele então inclinou a cabeça levemente enquanto seu foco se voltava para ela. “Mas… há algo mais que exige sua atenção.”
O coração de Esme falhou uma batida. “Desculpe?” Sua voz saiu mais suave do que ela pretendia enquanto travava olhares com ele. “O que você quer dizer?”
Enquanto Esme retornava ao salão principal, sua respiração prendeu mais uma vez, e suas pupilas dilataram ao ver a cena diante dela. O corpo de Dahmer estava estendido pelo chão de pedra, imóvel. Quatro guardas cercavam-no, seus rostos carrancudos, mas pela imobilidade da forma de Dahmer, ele poderia muito bem ser dado como morto.
“O que– o que aconteceu com ele?” Esme perguntou enquanto dava um passo à frente, seu olhar fixo na figura sem vida de Dahmer.
Donovan aproximou-se em silêncio, abaixando-se ao lado do corpo. Ele pressionou dois dedos contra a garganta de Dahmer, procurando qualquer pulso remanescente, qualquer sinal de respiração, mas não havia nada. Apenas o frio, a rigidez implacável da morte.
“Encontrei ele assim,” ele finalmente respondeu, retirando a mão. “Mas o que você vai fazer—”
Antes que ele pudesse terminar, Esme se moveu de repente. Com um movimento rápido e preciso, ela alcançou a espada pendurada na cintura de Orion, desembainhando-a em um único movimento fluido. Sem hesitar, sem pensar duas vezes, ela cravou a lâmina diretamente no peito de Dahmer.
O som do aço perfurando a carne foi nítido no silêncio do salão. Os guardas recuaram instantaneamente, inegavelmente atônitos pelo que ela acabara de fazer. Os lábios de Donovan se entreabriram ligeiramente, sua expressão geralmente ilegível traía um lampejo de incredulidade enquanto Esmeray girava a lâmina mais fundo, um brilho frio em seus olhos azuis.
“Se ele está morto,” ela disse, sua voz soando assustadoramente calma, “então devemos ter certeza de que ele permaneça assim.”
Com isso, ela arrancou a espada e a entregou de volta para Orion, que hesitou antes de receber sua espada de volta. Ela parecia como se tivesse acabado de limpar as mãos de um inconveniente, e esse lado brutal dela os intimidava por algum motivo.
“Encontre alguém para fazer um teste nele, depois cremar o corpo, e arrumar alguém para limpar isso,” ela apontou para a mancha de sangue no chão, seu tom quase despreocupado. “Isso é tudo que importa por agora. Tenho uma reunião com o rei, e isso é muito mais importante para mim do que perder meu tempo decidindo o que fazer com um homem morto. Apenas leve-o embora.”
Por ordem dela, dois dos guerreiros avançaram para levar o corpo de Dahmer, enquanto Orion e Atticus acompanharam.
“Acho isso divertido,” Donovan refletiu, endireitando-se até sua altura total. Ele observava enquanto Esme se movia para ocupar um assento. “Eu tinha o mesmo pensamento em mente, mas você agiu primeiro.” Seu tom não carregava ressentimento, apenas pura intriga.
Enquanto Esme se acomodava, ele adicionou. “Você tem certeza de que não quer que eu a acompanhe quando você se encontrar com Lennox? Serei tão silencioso quanto possível. Você nem saberá que estou lá.”
Esme balançou a cabeça mesmo assim, mas ele podia ver o apreço brilhando em seus olhos. “Não é necessário. Além disso, preciso que você fique aqui para manter tudo em ordem enquanto eu estiver fora. Tudo ficará bem, eu prometo.”
Um pensamento de repente a atingiu. “Antes que eu me esqueça, Althea estava procurando por você mais cedo, mas você não estava por perto. Você teve a chance de vê-la?”
Donovan se acomodou no braço da cadeira dela, sua postura relaxada, porém atenta. “Vi,” ele confirmou com um leve aceno de cabeça. “Mas ela já estava dormindo. Eu ia acordá-la, mas então Aqueronte mencionou algo sobre como ela tem lutado para dormir ultimamente. Eu não queria incomodá-la.”
Ouvindo isso, Esme soltou um suspiro silencioso de alívio. “Isso é bom. Significa que o medicamento está ajudando. Você deveria tê-la visto mais cedo hoje. Ela não parecia nada com a Althea alegre que conhecemos. Demorou um pouco antes que ela finalmente abrisse sobre os sonhos que vem tendo, mas ela não divulgou os detalhes para mim.”
“Sonhos..” Donovan murmurava suavemente. “A maldição faz isso de vez em quando,” ele disse, sua voz com um toque de conhecimento tranqüilo. “Sonhos que surgem como pesadelos. Eu sugeriria que ela retornasse aos Malditos para que Neville pudesse cuidar dela adequadamente, mas duvido que ela escute. Ela herdou a teimosia de sua irmã.”
Esme fechou os olhos brevemente, afundando ainda mais na cadeira. “Já está acontecendo tanta coisa. O silêncio repentino do verdadeiro portador é outra coisa. Quem sabe o que ele está planejando.”
A mente de Esme de repente voltou para a conversa acalorada que tivera com sua tia. Ela inicialmente pensou em manter isso para si mesma, em enterrar as dúvidas antes que elas tomassem raiz. Mas se confrontasse Donovan sobre isso, e se ele assumisse que ela não confia nele o suficiente?
“Esme.”
A voz de Donovan a tirou de seus pensamentos. Ela piscou, encontrando seu olhar enquanto ele continuava. “Leonardo e eu decidimos viajar para as praias de Mariana.”
“As praias de Mariana?” Suas sobrancelhas se uniram em confusão. “Isso é no reino vizinho, não é? Mas esse lugar está infestado de magos. Por que você quer ir lá?”
“Você sabe que meu pai costumava estar doente,” ele proferiu em um tom estável. “Tão doente que procurou alguém, qualquer um que pudesse curá-lo. Eu não sei como ele conseguiu chegar tão longe, mas o desespero torna os homens imprudentes. Se magia negra foi o preço que ele teve que pagar, amaldiçoando a todos, inclusive seus próprios filhos, eu não duvido que ele estava disposto a pagar.”
Esme estudou Donovan cuidadosamente, e ela perguntou suavemente. “Mas se você for lá, o que exatamente espera encontrar?”
A mandíbula de Donovan se apertou levemente. “Já que meu pai não é o verdadeiro portador, pelo menos não da forma como inicialmente acreditávamos, eu tenho uma teoria. E se ele não foi lá sozinho? Duvido que ele soubesse o lugar exato para procurar aqueles que o transformaram. Alguém deve ter guiado ele até lá, convencido ele de alguma forma, e esse alguém poderia ser o verdadeiro portador. Se isso se provar correto, então os magos que começaram tudo isso devem saber mais do que sabemos, e mais importante ainda, como acabar com isso.”
Esme notou o estranho brilho em seus olhos enquanto ele continuava falando. “Os ataques que aconteceram até agora são claramente uma mensagem. O verdadeiro portador tem um exército além do que podemos contrapor por conta própria, e ele está nos fazendo saber isso a cada passo que damos. O pior é o fato de que ele pode passar sua maldição para quem ele escolher, transformando-os em extensão de si mesmo. Tenho quase certeza de que há mais pessoas como Alfa Thadius por aí que estão secretamente sob ele. Então, precisamos nos mover com cuidado.”
Havia algo inquietante em sua voz – algo que não pertencia apenas a ele. Uma ressonância mais profunda espreitava por baixo de suas palavras, um tom sinistro, e levou um momento para Esme perceber que era a voz de seu Alfa falando junto com a dele.
Agora, por que isso tinha que soar tão desnecessariamente atraente durante uma conversa séria??