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- Capítulo 184 - 184 Sacrifício Desconhecido 184 Sacrifício Desconhecido
184: Sacrifício Desconhecido 184: Sacrifício Desconhecido Lennox chegou bem a tempo de observar o caminho que Donovan tinha tomado, sua expressão endurecendo com determinação. Sem esperar pela opinião de ninguém, tomou uma decisão decisiva de lidar com o assunto por conta própria.
Senhora Arabella, de pé nas proximidades, congelou enquanto Lennox começava a se transformar diante dela. Seu corpo se contorcia e expandia, ossos estalando audivelmente enquanto se transformava num imponente Lican. Um rugido profundo e gutural escapava dele, e seus olhos dourados ardiam com uma feroz determinação.
Sem hesitar, ele disparou na direção que Donovan tinha tomado, suas passadas poderosas e predatórias. Se Donovan pensava que poderia escapar, Lennox estava mais do que pronto para provar o contrário. Os sentidos aguçados de um Lican eram muito superiores aos dos lobos comuns, e ele rastrearia Donovan, não importa o quão bem ele se escondesse.
Arabella rapidamente recuperou a compostura e se virou para os guardas, que estavam imóveis, carregando uma expressão atônita diante da transformação de Lennox.
Sua voz cortou o choque deles como um chicote. “Vocês vão ficar aí parados, embasbacados olhando para o seu futuro Rei como estátuas? Sigam-no! Garantam que nenhum mal lhe aconteça ou à minha sobrinha. Mexam-se — Agora.”
Sua ordem incisiva lançou os guardas em ação, e com um propósito renovado, eles correram para obedecer, seguindo Lennox enquanto o eco de seus rugidos desaparecia na distância.
Enquanto isso, Donovan tinha levado Esme à mais alta sacada do palácio, onde o ar parecia mais frio e pesado, como se compartilhasse da inquietação dela.
Com uma delicadeza que desmentia a tensão que emanava dele, ele a colocou de pé. Esme instintivamente deu um passo para trás quando teve a chance, recuando alguns passos enquanto seus olhos arregalados percorriam por ele.
Seu coração trovejava no peito, e cada batida era alta o suficiente para afogar seus próprios pensamentos. A visão dele era quase irreconhecível.
Suas garras ensanguentadas chamaram sua atenção primeiro, afiadas e manchadas com evidências de violência. Seu olhar baixou para o vestido dela, que estava manchado com listras de carmesim que não eram dela.
No entanto, era o corpo dele que a inquietava mais. Sua pele, que antes era marcada apenas por algumas runas escuras no seu pescoço, agora estava coberto por padrões sinistros que rastejavam por ele como maldições vivas. Seus olhos estavam ocos e transbordando com uma intensidade assombrosa que parecia perfurá-la.
Quando ele deu um passo em direção a ela, ela instintivamente recuou novamente, suas costas quase roçavam no parapeito. O medo, cru e consumidor, apertava seu domínio sobre ela. Donovan sempre tinha sido um enigma, mas isso era algo completamente diferente. Ele estava menos como o amigo que ela conhecia e mais como os pesadelos que seu povo cochichava.
“O que… aconteceu com você?” Sua voz era apenas acima de um sussurro, tremendo de incerteza. “Eu não fiz nada desta vez,” ela rapidamente acrescentou, suas palavras saindo num jorro desesperado.
“Eu fiquei longe, como você queria.”
“Esme,” Donovan disse o nome dela, sua voz impregnada de exaustão e algo muito mais complicado. Ele tinha esperança de que o som pudesse acalmá-la, mas parecia aprofundar seus medos. Ela estava com medo dele, e isso o atingiu mais do que ele gostaria de admitir.
Ele não estava alheio às mudanças que podem ter ocorrido. Ele podia sentir a maldição o tomando, o distorcendo em algo monstruoso. Ainda assim, ouvir a tentativa frágil dela de convencê-lo de sua inocência — de que ela não tinha feito nada para irritá-lo ou causar isso — mexia com algo frágil dentro dele.
Ele a tinha afastado pelo bem dela, convencido de que era a coisa certa a fazer. Mas agora, tudo em que ele conseguia pensar era em como corrigir isso.
“O que você está fazendo?”
A voz em sua mente ecoou penetrantemente, congelando Donovan no lugar antes que ele pudesse dizer uma palavra para Esme.
“O inimigo está bem na sua frente! Aproveite esta chance e acabe com ela agora. Vingue sua matilha e mostre ao mundo quem é o verdadeiro líder nato de Ilíria. Pare de segurar!”
As palavras insidiosas se enrolaram nos pensamentos de Donovan como um torno, instigando-o a agir. Ele fechou a mão em um punho, balançando a cabeça para dispersar a voz, mas o esforço foi em vão. De repente, uma dor lancinante irrompeu dentro dele, percorrendo seu corpo como fogo. Era tão intensa a ponto de o vapor começar a escapar de seu corpo, subindo em espirais fantasmagóricas como se sua própria essência estivesse queimando.
“Deixe-me lidar com isso!”
A voz rosnava, mais alta e insistente desta vez, mas a teimosia de Donovan não o deixava ceder.
“Não! Este é o meu corpo!” ele rugiu em desafio, lutando consigo mesmo. “Isso não é o que concordamos. Pare!”
Mas seu corpo o traiu; então, ele percebeu o erro que cometera. A maldição abriu caminho pelas suas defesas, e ele sentiu seu controle escorregando, seus membros tremendo como se não lhe pertencessem mais. Antes que ele pudesse sucumbir totalmente à intenção nefasta da maldição, um calor súbito e diferente o ancorou.
Seus olhos marejados se voltaram surpresos quando ele imediatamente sentiu a presença de Esme, a mão dela firme em seu ombro. Seu toque era constante e fundamentador, e enviou um surto de clareza através dele, como uma linha de vida contra o caos que ameaçava afogá-lo.
“O que você está fazendo?” Donovan rosnou para ela, uma mistura de aviso e vulnerabilidade gravada em sua voz. Ele odiava o quanto a presença dela o estabilizava, odiava como enfraquecia as paredes que ele havia construído com tanto cuidado. Contudo, era esse mesmo calor que o impedia de se perder completamente.
“Se você se transformar, você não vai aguentar,” Esme disse, sua voz estável apesar do tremor em suas mãos. Ela podia sentir a energia caótica irradiando dele, mais selvagem e indomada do que tudo o que ela já tinha sentido antes.
Nem mesmo quando ela curava suas feridas.
Seu coração doía ao ver ele, porque ele era alguém que tinha lutado arduamente contra o peso de seus próprios demônios, apenas para desmoronar sob a força deles.
“Você não entende,” Donovan sussurrou, seus olhos alternando entre a usual intensidade escura e uma luz feral brilhante. “É muito forte… já está… dentro de mim.”
O fôlego de Esme falhou quando ela inesperadamente viu um vislumbre de algo — ou alguém — espreitando em seu olhar. Foi breve, mas o suficiente para enviar um calafrio pela sua espinha. Essa era a primeira vez que ela entrava em contato com as coisas que seu pai havia lutado para se livrar durante toda a vida, mas olhando para Donovan, e sentindo que ele estava sendo controlado por essa mesma coisa, ela não resistiu ao impulso de ajudar, seu medo ofuscado por algo que ela não conseguia identificar exatamente.
“Eu posso ajudar você.”
“Não,” ele balançou a cabeça, sua voz mal audível aos ouvidos de Esme. “Você acabou de acordar de um longo coma, você só vai se machucar de novo. Eu preciso—”
“Eu não tenho medo da sua maldição,” Esme interrompeu, agachando-se e segurando a mão dele na dela. “Meu pai garantiu isso. Do que eu tenho medo agora é de perder meu amigo. Deixe-me ajudar, só desta vez. Você está nesse estado por minha causa. Você fez isso para me salvar, mas não deve deixar que isso o destrua como fez com os outros.”
“Ela está mentindo!!” a mesma figura com as unhas garradas se materializou atrás de Donovan, e sussurrou em seu ouvido. “Ela vai te trair eventualmente, assim como todos fizeram.”
Donovan agarrou a cabeça, a dor intensificando. “De um passo para trás um minuto!” Ele implorou, suas garras cravando no chão de pedra enquanto lutava por controle.
Mas Esme não se moveu. Em vez disso, ela colocou a outra mão sobre o coração dele. Um fraco brilho azulado emanava de sua palma, quente e reconfortante, e se espalhava por Donovan como o sol rompendo uma tempestade. A maldição se retorcia e recuava como se estivesse escaldada pela pureza do toque dela. A presença sinistra presa a ele gritou em desafio, mas o brilho só se intensificou.
A luz ficou mais brilhante, derramando-se em Donovan com uma força inexorável. Não era a energia selvagem e devoradora da maldição, mas era algo completamente diferente. Era estável e pura, uma força tranquila que dissolvia o caos, desfazendo a escuridão como um nó desamarrado. Ele podia sentir a essência dela, calma e inabalável, fluindo nele e substituindo seu tormento por uma serenidade inabalável.
“Espere… você vai perder seu poder se continuar. Não faça isso por mim.” Donovan murmurou, mesmo sentindo a maldição enfraquecer.
“Há uma coisa que os Montague nunca falham em fazer,” Esme abriu os olhos. “Nunca falhamos em cumprir.”
A maldição uivou em desafio, sua fúria palpável. O padrão intrincado que Donovan havia gravado no pulso de Esme pulsava com luz, e espelhava o brilho no próprio pulso dele. As runas que haviam tomado o corpo de Donovan finalmente diminuíram, e ele sentiu a maldição recuando como uma fera ferida. Porém, ela não se foi silenciosamente. Parecia arrancar algo não apenas de Donovan, mas de Esme também.
O brilho radiante de Esme começou a diminuir, sua força se esvaindo com ele. Ela balançou um pouco, exaustão a dominando enquanto ela desabava. Donovan sentiu o corpo dela ficar mole em seus braços, mas antes que ele pudesse reagir, um rosnado baixo e gutural de um Lican rasgou o ar.
A última coisa que Donovan sentiu antes de desabar foi o peso de Esme contra ele. Eles tinham ambos dado algo sem saber.
Quando ele abriu os olhos de novo, ele se viu encarando um teto desconhecido.