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- Capítulo 167 - 167 Um Menino em uma Gaiola 167 Um Menino em uma Gaiola
167: Um Menino em uma Gaiola 167: Um Menino em uma Gaiola Levantando-se do sofá, Esme pôs-se de pé graciosamente e dirigiu-se à porta. Hesitou por um momento, espiando cuidadosamente para o corredor. Estendia-se diante dela, silencioso e desolado, sem sinal de vida à vista.
A sensação de vazio era perturbadora, mas permanecer na sala não resolveria o seu problema — ela precisava desesperadamente de água para acalmar a garganta.
Determinada, Esme adentrou o corredor, e o eco fraco de seus passos era o único som que a acompanhava.
Ela pensou em encontrar uma empregada para ajudá-la, mas à medida que percorria os corredores mal iluminados, suas esperanças diminuíam. O longo passadiço levava a um arco, mas a estranha quietude persistia. Não havia uma alma por perto.
Finalmente, Esme deu de cara com a cozinha. Grata pelo alívio, pegou um copo, encheu-o de água e bebeu profundamente. O primeiro copo desapareceu em segundos, e sua sede foi aliviada após esvaziar o copo pela terceira vez.
Enxugando a boca, Esme olhou ao redor da cozinha vazia. Ela se perguntava para onde todos haviam desaparecido, e por um breve momento, considerou procurar seu pai, apenas para perceber, com uma pontada de frustração, que não sabia onde a reunião do conselho estava sendo realizada. Pior ainda, ela não conseguia lembrar o caminho de volta para o quarto que acabara de deixar.
“Eu não pensei em tudo isso”, Esme percebeu imediatamente que se os guardas voltassem e não a encontrassem ali, eles poderiam entrar em pânico e relatar sua ausência ao seu pai. Ela estava tão sedenta que não havia considerado as consequências de sair do quarto sem avisar.
Colocando o copo de volta na mesa, Esme refez seus passos cuidadosamente, mas antes que pudesse dar mais do que alguns passos, esbarrou em uma figura que entrou em seu caminho. Era um homem careca, vestido no traje distinto da Corte Real. Seu semblante severo e porte régio não deixavam dúvidas em sua mente de que ele era um membro do conselho do rei.
“Crianças não deveriam andar desacompanhadas”, ele comentou, e seu tom era cortante, temperado com uma pitada de desaprovação.
Esme rapidamente baixou a cabeça, oferecendo um rápido pedido de desculpas. “Eu… eu não te vi”, ela gaguejou, sua voz vacilante.
No começo, ela estava ansiosa para encontrar alguém, esperando perguntar sobre o paradeiro de seu pai, mas agora a hesitação a dominava. A presença austera do homem e seus olhos penetrantes a faziam questionar se deveria falar alguma coisa.
“Se você está procurando seu pai, não vai encontrá-lo aqui”, disse o homem, sua voz firme, mas baixa o suficiente para atrair o olhar de Esme para ele. Ele gesticulou pelo corredor à direita. “Ele não conseguiu te encontrar, então foi por aquele caminho. Se você continuar reto, deve encontrá-lo. O palácio não está seguro agora, há um ser amaldiçoado sob nossa custódia, então quanto mais cedo você encontrar seu pai, melhor.”
“Obrigada,” Esme respondeu, com um pequeno sorriso, uma mistura de nervosismo e apreciação evidente em seu rosto antes de seguir na direção indicada.
Ela levantou a barra do vestido para evitar tropeçar enquanto acelerava seus passos. Seu coração ainda batia acelerado pela tensão anterior, e o comportamento do homem a perturbava. No entanto, sua explicação calma sobre o paradeiro de seu pai a impressionou.
Recusando-se a permanecer assustada, ela lutou contra a crescente fadiga que invadia seus membros. Quanto mais avançava, mais escuro o corredor se tornava, enquanto as sombras se aprofundavam a cada passo.
Ela parou abruptamente, olhando por cima do ombro. O contraste marcante entre a área fracamente iluminada que deixara para trás e a escuridão opressiva à frente era impressionante. Ela ficou momentaneamente congelada, enquanto a inquietação começava a se instalar.
Chegando à conclusão instintiva de que não deveria estar ali, Esme se assustou com o som agudo e súbito da porta se fechando atrás dela. Sua respiração falhou enquanto suas pupilas se dilatavam em alarme, e ela estendeu a mão instintivamente, puxando a maçaneta da porta. Ela não se mexeu.
Ela nem sequer havia percebido que havia uma porta ali. Isso explicava a súbita mudança na iluminação. Mas como a porta se fechou de repente? Ela não sentiu um vento.
“Olá? Tem alguém aí?” Ela chamou, sua voz aguda com inquietação. Ela bateu o pequeno punho contra a pesada madeira, mas o silêncio que respondeu apenas aprofundou sua ansiedade.
Seu coração acelerou enquanto ela se virava de volta para o espaço mal iluminado. Parecia rondar ao seu redor, e a escuridão opressiva se estendia como um véu sufocante sobre o caminho à frente. Desesperada por luz, Esme avistou uma tocha montada na parede, apenas fora de alcance.
Avistando um barril próximo, ela o arrastou contra a pedra fria, seu peso raspando com um eco perturbador. Cuidadosamente, ela subiu nele, equilibrando-se precariamente enquanto se esticava na ponta dos pés. Seus dedos roçaram a tocha, e com um puxão determinado, ela a soltou.
A chama oscilante iluminava seu entorno, mas fazia pouco para acalmá-la. Ela lançava mais um olhar para a porta selada, esperando que quem a trancou percebesse que ela estava presa ali. Mas não, isso não aconteceu.
Sua garganta apertou, e o calor subindo por seu corpo a lembrava da urgência de sua situação. Ela precisava de seu remédio, e logo.
“Como é que eu vou sair daqui?” Esme perguntou em voz alta, sua voz cheia de uma mistura de incerteza e medo. Segurando a tocha firmemente com ambas as mãos, ela avançou. O conselheiro a tinha assegurado que ela encontraria seu pai aqui, mas o silêncio era opressivo, e o vazio ao seu redor roía sua resolução.
Seu pai já havia partido? Ou o conselheiro havia mentido?
Esme engoliu em seco. A tocha oscilava enquanto seus passos aceleravam, lançando sombras que dançavam sinistramente pelas úmidas paredes de pedra. Sua respiração falhou quando o brilho iluminava gaiolas maciças alinhando o espaço cavernoso. A maioria parecia vazia, mas seu tamanho puro a fazia revirar com inquietação. Seja lá o que fosse esse lugar, ela tinha certeza de que não deveria estar ali.
O caminho parecia interminável, torcendo e virando, apenas para levá-la a um beco sem saída. Sempre que ela encontrava outro corredor ramificado, um senso quase sufocante de pavor emanava dos túneis mais escuros, congelando-a no lugar. Ela não ousava se aventurar por eles.
Seus olhos ardiam com lágrimas enquanto o desespero começava a se infiltrar.
“E se eu não conseguir encontrar o caminho de volta? E se eu nunca mais ver o pai?” ela só queria água, mas acabou se perdendo no processo. Seu pai ficaria preocupado doente, tudo por causa do seu erro.
“Tem alguém aqui?!” A voz de Esme ecoava na vaziez, apenas para ser ecoada de volta. Estava assustadoramente silencioso, e seus joelhos dobraram sob ela. Um calor febril passava pelo seu corpo enquanto sua visão se turvava, e ameaçava dominá-la.
“Por favor, alguém?” ela chamou novamente, sua voz falhando.
Seu coração parou quando um zumbido fraco atravessou o silêncio. Sua respiração prendeu enquanto ela virava a cabeça abruptamente, procurando sua fonte. O espaço, no entanto, permanecia desprovido de qualquer movimento, nenhum rosto, nenhuma figura — apenas a melodia assombradora.
O zumbido persistia, carregando uma melodia suave, quase reconfortante. Um lampejo de alívio agitou seu peito, enquanto sua mente frenética saltava para a conclusão de que poderia ser um guarda fazendo rondas. O pensamento racional foi o suficiente para estabilizar suas mãos trêmulas enquanto ela segurava mais firmemente sua tocha.
Reunindo o resto de sua força, Esme levantou-se e se atreveu a seguir o som. Quanto mais perto chegava, mais alto o zumbido crescia, até preencher o ar ao seu redor, palpável e inegável.
Virando uma esquina, Esme congelou quando a luz de sua tocha iluminou uma gaiola, e dentro dela, um garoto estava sentado em silêncio, seus lábios rachados entreabertos enquanto ele entoava a melodia.
“É um garoto,” Esme piscou em perplexidade.
Ele estava encostado na parede fria e áspera, suavemente entoando uma melodia irreconhecível. Uma venda escura cobria seus olhos, e seu corpo exibia marcas de feridas profundas e irritadas que pintavam sua pele de sangue e sujeira. A maioria parecia marcas de garras, ainda frescas, e isso fazia a pele de Esme se arrepiar de descrença. Seu cabelo outrora impecável pendia em mechas emaranhadas e sujas, listrado de carmesim ressecado, enquadrando seu rosto em sombras.
Cada centímetro dele parecia contar uma história de tormento.
Esme simplesmente congelou, sua respiração prendendo enquanto seus olhos arregalados pousavam sobre ele. A visão de sua forma frágil e ferida a atingiu como um golpe. Ela detestava a vista de sangue, e ele estava encharcado dele — tanto novo quanto velho.
O que ele estava fazendo aqui, quando ele claramente precisava de cuidados?
Reunindo sua coragem, Esme saiu do canto sombreado onde estava escondida, seu movimento hesitante. O zumbido do garoto de repente falhou, fazendo-a pausar. Ele inclinou a cabeça levemente, como se pudesse sentir sua presença.
Olhando ao redor, Esme percebeu com um aperto no coração que ele estava completamente sozinho aqui nesta escuridão. Ela se aproximou de sua gaiola, a luz trêmula da tocha vacilando contra a grade. Ela colocou a tocha de lado e agachou-se cautelosamente, sua voz suave, mas insistente enquanto perguntava: “Você está bem?”
Seus olhos o examinavam, sua preocupação se aprofundando à vista de suas feridas, algumas ainda exsudando sangue.
No entanto, o garoto enrijecia ao som de sua voz, seus ombros se contraindo enquanto ele sussurrava roucamente, incredulidade espessa em seu tom. “Uma criança? É… uma criança? O que uma criança está fazendo aqui?”
Os olhos de Esme se arregalaram quando ela notou os afiados caninos brilhando de sua boca. Seus instintos se inflamaram, e ela recuou alguns passos. Seu coração batia quando ele sacudiu a cabeça e gritou: “VÁ EMBORA! SAIA DAQUI!”
Seu surto inesperado a atordoou por completo. Sem pensar, ela recuava ainda mais, seus olhos arregalados caindo sobre seus dedos garrados. Ele rasgava implacavelmente seus próprios braços, deixando novos cortes em sua esteira.
“Não! Eles te enviaram aqui, não foi?!” Ele rugiu, sua fúria inconfundível. “Saia daqui! EU DISSE SAIA!!” seus gritos logo se transformavam em soluços angustiantes que cortavam o ar como uma lâmina. “Eu não quero machucar ninguém, eu não estava em mim. Por que eles não entendem?”
O olhar de Esme piscava para as marcas profundas em seu pescoço, espalhando-se como veias sinistras e escuras pelo seu rosto. A visão torcia seu estômago, mas ela não conseguia desviar o olhar.
“Fome…” ele murmurava, “tão… tão… faminto,” ele balançava a cabeça para frente e para trás. “Me tire daqui, as pessoas, essas vozes… estão me enlouquecendo. Por favor, eu preciso da sua ajuda!” ele se lançava em direção à entrada da gaiola, seus dedos se enrolando ao redor das grades enquanto ele se pressionava mais perto.
Esme caía para trás em sua tentativa de recuar, seu pulso martelando em seus ouvidos. Cada fibra de seu ser gritava para ela correr, mas suas pernas pareciam pedra, recusando obedecer.
Ela engasgava quando a porta da gaiola rangia aberta, e ele cambaleava para fora. Seus passos eram incertos e descoordenados, e ele cambaleava em sua direção. Esme imediatamente se encolhia, fechando os olhos com força e virando a cabeça para o lado, com medo de ele a machucar, mas ela imediatamente congelava quando seu peso caía para a frente, sua cabeça pousando suavemente em seu colo enquanto ele desmoronava no chão.
A figura inconsciente estava completamente imóvel, sua respiração superficial, e Esme permanecia congelada, seus olhos pousavam sobre a figura que ainda tinha lágrimas frescas correndo por sua bochecha molhada.