A Bruxa Amaldiçoada Do Diabo - Capítulo 62
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62: Pulando do Penhasco 62: Pulando do Penhasco Morpheus estava em sua forma humana, sentado descontraído em um dos grossos galhos de uma das árvores mais altas de um pico próximo. Suas costas recostadas no grosso tronco da árvore, um dos seus braços dobrado atrás de sua cabeça enquanto o outro brincava displicentemente com uma folha. Ele parecia um vadio, uma perna esticada relaxadamente com a outra dobrada enquanto olhava sem expressão para o céu.
Sua visão periférica captou um movimento, e a princípio, ele pensou que fosse algum tipo de animal da floresta procurando comida. Entretanto, ele percebeu que era uma pessoa e uma inesperada, por sinal.
‘O que essa humana está fazendo aqui?’
Ele a observou com diversão, acompanhando cada movimento dela. Viu ela tentando alcançar uma fruta na ponta dos pés, mas quando não conseguiu, assistiu quando ela desistiu.
‘Que criatura engraçada,’ ele pensou e então reparou o quão pequena ela parecia em sua compleição. Um corpo fino e frágil coberto por roupas largas, e essas duas tranças a faziam parecer ainda mais jovem do que quando ele a viu pela primeira vez.
‘Ela é mesmo uma adulta? Até as crianças do meu clã podem pesar mais que ela. Mas de novo, os humanos são realmente menores, suas fêmeas mais fracas,’ ele concluiu. ‘Melhor você ser uma adulta, mas mesmo que seja uma criança, isso não muda o fato de que eu vou usá-la contra ele. Culpe sua má sorte por estar envolvida com aquele homem.’
Depois, Morpheus a viu caminhando em direção à beira do penhasco. ‘Ela não tem medo de vir aqui novamente depois de cair naquela noite? Não sei se é corajosa ou se não aprendeu sua lição.’
A mulher simplesmente ficou parada na borda do penhasco, a cerca de quatro ou cinco passos de onde ela caiu da última vez, aparentemente olhando fixamente para o nada.
Morpheus a observou por um tempo enquanto continuava descontraidamente deitado no galho.
‘No que ela está pensando? Está apreciando a vista da floresta do topo do penhasco? Um pouco ousada, eu diria.’
A visão de uma águia já é impressionante por si só, e como o dono da visão mais aguçada entre os de sua espécie, era fácil para Morpheus ver os detalhes do corpo dela. Seu rosto tinha cicatrizes mas seus olhos ainda eram como água. Não havia medo em seus olhos, embora ele também não pudesse ler as emoções por trás deles.
Morpheus não pôde evitar de acenar com a cabeça apesar de si mesmo. Como um guerreiro, ele apreciava pessoas com grande compostura, pois o autocontrole é uma qualidade que os guerreiros precisam se algum dia tiverem que enfrentar batalha.
‘Linda…’
Embora não se pudesse ver exatamente como ela era devido às suas cicatrizes de queimadura, ele a achou adorável. Apenas aqueles olhos eram suficientes para fasciná-lo.
Ele não pôde evitar de inclinar a cabeça, confuso com seus próprios pensamentos. ‘Eu me pergunto o que exatamente nesses olhos que acho lindos. Me pergunto como eles parecem quando ela está feliz…’
Foi então que ele viu uma borboleta delicada voando ao redor dela, chamando sua atenção, e ela levantou a mão para tocá-la. Houve finalmente uma mudança em seu comportamento silencioso.
‘Ela gosta de borboletas?’ ele pensou e fez algo com a mão, fazendo com que um vestígio de magia sônica escapasse de suas pontas dos dedos.
Logo depois, vários insetos nas proximidades tornaram-se mais ativos, e junto com eles havia borboletas coloridas se movendo de um lado para o outro. Como se atraídas pela presença de Ember, essas borboletas se moveram em direção a ela e dançaram alegremente ao seu redor, como se cumprimentassem uma amiga. Seus olhos verdes brilharam e seus lábios se curvaram em um pequeno sorriso, como se ela tivesse visto algo que ansiava ver.
Isso deixou Morpheus perplexo. Ele podia ver como seus olhos ficaram úmidos, e até aquele sorriso parecia doloroso, como se ela estivesse à beira de chorar.
Ao vê-la assim, Morpheus se sentou ereto no galho da árvore onde estava deitado, seu rosto pensativo. Ele não pôde evitar de estudar aquela mulher mais uma vez.
‘Eu esperava que ela sorrisse,’ ele concluiu, ‘mas por que parece que ela está chorando? Um sorriso repleto de dor. Não a dor de suas feridas mas…parece ser a dor de seu coração…’
Pesar.
Morpheus entendeu. Como alguém que também perdeu pessoas muito preciosas para ele, ele sentiu que entendia o sorriso dela.
‘Ela está lembrando de alguém que perdeu?’
Ele balançou a cabeça para se livrar desses pensamentos preocupados sobre ela. ‘Eu não posso mostrar simpatia por ela. Eu preciso dela para o meu próprio propósito. Me desculpe, humana, mas você pode ser a única chave.’
Grunt! Grunt!
Seus pensamentos foram perturbados pelo resmungo inquieto feito pelo cervo que a acompanhava. Ele entendeu o que o cervo estava dizendo. Ele estava chamando ansiosamente pela humana para voltar.
O vento forte aumentou, fazendo Morpheus fechar os olhos por um momento, e quando ele os abriu novamente, Ember já estava parada na beira do penhasco.
‘O que essa humana—’
Antes que ele pudesse terminar sua pergunta, Ember já havia se jogado do penhasco.
No momento seguinte, um par de grandes asas se abriu em toda a sua extensão atrás de suas costas fortes e musculosas. Sem hesitar um momento sequer, ele desceu o penhasco em uma velocidade que desafiava o senso comum, resultando em uma forte lufada de vento que perturbou tudo em seu caminho, desde os galhos balançantes das árvores até as folhas secas e gravetos no chão da floresta.
——-
Depois que as borboletas se afastaram dela, Ember sentiu o peso dentro de seu peito se afastar com elas. Era uma despedida simbólica em sua mente.
‘Gaia, eu não acho que consigo suportar mais. Nossa vida na montanha era dura, mas era suportável porque eu tinha você. Você me protegeu a vida toda e até se sacrificou por mim. Mas…’
Ela lembrou-se da bela cidade, da gentil Leeora, do recém-assado pão cheio de afeto.
‘…mas eu estou te decepcionando. É tão solitário sem você. Todos os seus esforços para me proteger são inúteis, uma vez que você não está aqui ao meu lado. Me desculpe, Gaia, me desculpe…’
Ela soltou um suspiro trêmulo enquanto olhava para baixo do topo do penhasco. A altura vertiginosa a fazia querer recuar e correr. Seu coração tremia ao lembrar o terror que sentiu quando caiu deste mesmo penhasco.
Mas ela não recuou.
Ela tinha firmado sua resolução.
O único arrependimento que tinha era ser incapaz de cumprir as palavras de Gaia.
‘Você me disse para permanecer viva custe o que custar, mas eu não consigo fazer isso. É doloroso demais permanecer viva. É doloroso demais estar sozinha. Espero que você me perdoe quando nos encontrarmos de novo em outro mundo, em outra vida.’
Ela fechou os olhos enquanto dava um passo à frente, apenas para se deixar mergulhar penhasco abaixo. Em vez de lágrimas, havia um sorriso aliviado, um sorriso tranquilo, em seu pequeno rosto.
‘Finalmente, meu sofrimento vai terminar—’