A Bruxa Amaldiçoada Do Diabo - Capítulo 468

468: Deixando o Reino 468: Deixando o Reino “Está bem, pode falar. Acho que minha vida pode durar até você terminar,” Morpheus respondeu calmamente.

“Se ela deixar este reino, ela não sobreviverá por muito tempo. Os inimigos que a procuram vão encontrá-la sem a minha proteção ao redor dela, e a perderemos para sempre. Não sabemos o que fariam com ela. Não podemos permitir que ela parta, e você é o único que pode impedí-la,” Draven explicou.

“Não sou importante o suficiente. Se ela não ouve o homem que ama, por que me ouviria também?”

“É por causa da sua estupidez que ela pensa que é um perigo para todos ao seu redor e sente que deve se afastar de todos. Ela não voltará a menos que encontremos uma solução para estabilizar o núcleo dela.”

“Então vá e encontre-a em vez de perder tempo comigo.”

“Você é a solução; é por isso que estou aqui. Você acha que eu quero ver a sua cara depois de como você machucou minha companheira?”

“O que eu posso fazer?”

Draven cerrava os punhos para se controlar pelo que estava prestes a dizer. “Você tem que marcá-la e fazê-la sua companheira. Outro vínculo com uma besta divina ajudará a estabilizar o núcleo dela.”

Morpheus ficou atônito por um momento, mas depois riu. “Você está inventando isso para me fazer concordar, para poder impedir sua companheira.”

Draven rangeu os dentes, querendo socar essa irritante águia mesmo à beira da morte. “Você sabe bem se consigo mentir ou não. Você acha que estou feliz em compartilhar minha companheira? Se pudesse, não permitiria nem que você olhasse para ela, mas…” Draven fechou os olhos, pois este não era o momento de perder a calma.

“Você é quem bagunçou tudo e nos trouxe a esta situação indesejada que nenhum de nós quer. Se você não tivesse interferido e mudado o meu destino, teria sido eu a ser esfaqueado pela arma divina e depois protegido pelo fogo do inferno de Ember. Mas você… você fez tudo errado desde o início só para realizar seu próprio desejo de morrer, e mesmo agora você está sendo teimoso só porque quer morrer.

“Seu desejo de morrer nos trouxe até aqui hoje, então de jeito nenhum vou deixar você realizá-lo depois de nos colocar nesta situação. Você tem que compensar por isso, Morpheus. Está me ouvindo? Você tem que marcá-la, não por você, mas por ela. Você tem que criar um vínculo com ela, apesar de nenhum de nós gostar disso.”

Morpheus ficou sem palavras por um tempo. “Confie em mim, eu não esperava que ela me salvasse. Se eu soubesse que isso aconteceria, não teria mudado seu destino. Se soubesse que você seria salvo por ela, não teria tomado o seu lugar.”

“Eu sei, mas agora você tem que corrigir seus próprios erros. Se você não fizer isso, e se ela sofrer assim que partir e cair nas mãos do inimigo, eu vou arrastar sua alma para fora do inferno e fazer você assistir a mulher que você ama sofrer. Vou fazer você assistir até que fique apenas com arrependimentos por ter rejeitado e machucado ela. Não serei o único a sofrer aqui.” Draven levantou-se. “Amanhã de manhã, ela partirá. Se você ainda se importa com ela, aparecerá e a impedirá.” Com isso, Draven desapareceu para retornar a sua companheira.

Áureus, que tinha ouvido a conversa, agachou-se ao lado de seu tio silenciosamente.

“Tudo o que eu queria era proteger aqueles a quem me importava e depois morrer. Por que tudo tem que acabar assim, onde agora só tenho arrependimentos?” Morpheus murmurou, com lágrimas descendo pelos cantos dos olhos.

“Você não fez nada de errado, tio,” Áureus falou. “Se eu tivesse uma visão onde visse Drayce e Seren sendo prejudicados, eu faria o mesmo e os protegeria com tudo que posso. Você não esperava que essa variável aparecesse, e isso não é sua culpa.”

Morpheus riu amargamente. “Só você, que mal me conhece, me entende.”

“O que você planeja fazer amanhã?” Áureus perguntou.

“Vou confiar que Draven não deixará ela partir.”

“Você não vai fazer o que ele pediu?”

“Ele está desesperado para impedir Ember, então está pronto para fazer qualquer coisa por isso. Mesmo que eu não a impeça amanhã, Draven encontrará um jeito. Não estou preocupado.”

“E se você estiver errado?” Áureus perguntou. “E se ela realmente acabar partindo?”

“Ela não vai. Deixe-me descansar agora,” Morpheus fechou os olhos. “Você deveria sair ao invés de ficar entediado ao meu lado. Pode dizer, eu não estou morrendo, pelo menos não hoje.”

“Estou bem.”

“Mas eu estou pedindo para você me deixar sozinho. Saia e voe pelo reino por um tempo. Você se sentirá melhor,” Morpheus insistiu.

Áureus levantou-se, “Embora eu apoie a sua decisão de mudar o destino para protegê-los, não apoio o que você está fazendo agora.” Com isso, ele saiu para seguir as instruções do tio.

Assim que abriu suas asas, ele ouviu os gemidos de dor de Morpheus. Áureus sabia por que Morpheus insistiu para que ele partisse. Respeitando seus desejos, ele voou, dando ao tio um tempo sozinho para lidar com seu próprio tormento.

—-
Na manhã seguinte, na fronteira do reino, Ember estava pronta para atravessar sozinha. Ela rejeitou a oferta de Draven para levá-la aonde queria ir, decidindo encontrar seu próprio caminho de forma independente. Draven estava machucado ao vê-la partir, e cada líder e ancião do clã presente sentia-se mal por ambos.

“Senhorita Ember, você realmente não precisa partir,” Halifax disse. “Nenhum de nós a odeia por ser humana. Nós a aceitamos há muito tempo como cidadã deste reino, e a vemos como uma de nós.”

“Obrigada, ancião, mas eu tenho que ir,” Ember respondeu educadamente. “Sou grata a todos vocês por me deixarem ficar aqui por tanto tempo, mas não desejo ser uma ameaça para nenhum de vocês.”

“Não a culpamos pelo que aconteceu no dia de luto, e aceitamos que foi culpa de um dos nossos. Não a culpamos pelo que aconteceu com o comandante e sua morte iminente. Sabemos que você tentou, e somos gratos por isso. Todos desejamos que você reconsidere sua decisão. Você é a companheira do nosso rei, e estamos até prontos para aceitá-la como nossa Rainha. Na verdade, já a consideramos nossa Rainha.”

Ember se emocionou com essas palavras, mas não estava pronta para mudar sua decisão. “Muito obrigada por essa honra, anciãos. Este é o único lugar que me deu a sensação de ser aceita e desejada. Sempre guardarei este lindo lugar em minhas memórias.”

Evanthe sentia-se mal por ambos e amaldiçoava Morpheus por ser tão teimoso em marcar Ember. Com os olhos úmidos e um leve sorriso nos lábios, ela olhou para Draven, que estava ao seu lado. Com o coração pesado, ele caminhou com Ember em direção à fronteira. Cada passo parecia um espinho perfurando seu coração, seus olhos vermelhos brilhando de umidade.

Justo quando eles alcançaram a fronteira, ele apertou a mão dela mais forte, impedindo-a de continuar andando. Ela olhou para ele, apenas para se encontrar abraçada em um forte abraço. Um sussurro abafado escapou dos lábios dele, “Por favor, não vá.”

Ele tentou ser forte, sabendo que ela não mudaria sua decisão, mas naquele momento, tudo o que ele queria era segurá-la. Ela o abraçou de volta, suas próprias lágrimas se recusando a parar. “Eu vou esperar por você para vir até mim com uma maneira de consertar o meu núcleo infernal destrutivo. Não demore muito.”

Draven só pôde assentir enquanto eles se soltavam. Ele enxugou as lágrimas do rosto dela. “Vou fazer tudo o que posso para encontrar uma maneira. Virei buscá-la em breve.”

“Eu confio em você,” ela disse com um sorriso gentil. “Eu tenho que ir agora.”

Embora relutante, Draven soltou sua mão e a observou virar as costas para ele e partir.