A Bruxa Amaldiçoada Do Diabo - Capítulo 394

394: Você é uma Princesa 394: Você é uma Princesa Apesar de fazerem paradas entre as teleportações por causa da Ember, permitindo que ela descansasse brevemente toda vez para garantir a condição do seu corpo, levou horas até que chegassem ao Reino de Valor. O sol já havia se posto quando eles pararam nas montanhas limítrofes da cidade capital.

Na escuridão da noite, a cidade estava calma, as ruas quase vazias, muitos dos moradores da cidade  dormindo em suas próprias casas.

“Chegamos,” Draven informou a ela enquanto a colocava de pé.

Ember olhou à frente em direção à cidade. Sob o céu noturno, as luzes da cidade pareciam vagalumes cintilantes. Ela parecia grande, os edifícios se espalhavam pelo horizonte, parecendo demais para ser absorvido em um único olhar.

No meio da cidade, havia uma presença iminente, um complexo do palácio dezenas de vezes maior do que o de Agartha.

De onde estavam, Ember podia ver além das muralhas, e os edifícios e jardins dentro permaneciam iluminados apesar de ser noite profunda.

“Isto é Valor?” ela perguntou.

“É a cidade capital e aquele é o palácio real,” ele explicou.

‘A capital…’
Nos livros, dizia-se que a capital era a cidade mais magnífica de cada reino. Não era apenas a mais bela, mas também a mais animada, já que era certo ter a população mais densa também.

Este era o local onde as pessoas e famílias influentes se reuniam, o centro da nação.

Quase duas décadas de sua vida foram passadas em Valor, mas como ela permaneceu apenas naquela montanha morta, ela nunca havia visto tal cena maravilhosa antes.

‘A capital deve ser mais incrível durante o dia, certo?’ Expectativa brilhou no rosto de Ember. “Por que estamos aqui? Minha família mora na cidade capital?”

“Sim,” ele respondeu. “Se você estiver se sentindo bem, podemos entrar na cidade.”

“Você sabe em qual casa eles moram?” ela perguntou, nervosa.

Ember começou a imaginar um cenário — um homem e uma mulher mais velhos acordando da cama, aterrorizados ao descobrir que um par de intrusos de repente apareceu dentro do quarto deles.

Draven não poderia estar planejando encontrar seus pais dessa maneira, certo? Ele não seria tão rude… certo?

“Sim, mas antes disso, preciso te mostrar algo, e para isso, precisamos ir  até o palácio.”

“Palácio?”

“Hmm,” ele respondeu e a abraçou novamente, apenas para desaparecer da montanha e aparecer em cima da muralha do palácio, onde grupos de guardas reais estavam patrulhando.

Ember imediatamente enterrou seu rosto no peito de Draven assim que viu os guardas. Draven achou a reação dela adorável. Como se ela pudesse se esconder assim.

“Eles não vão nos ver…” Draven disse, apenas para ter sua boca coberta pela mão dela. Ele ouviu ela sussurrar como uma ladra.

“Eles vão te ouvir. Abaixe a voz.”

Ele retirou sua mão de sua boca. “Confie em mim. Você não precisa se esconder assim.”

“Por que estamos aqui?” ela sussurrou novamente.

Draven sinalizou para ela olhar para as bandeiras presas à ameia de pedra, assim como as bandeiras fixadas nas torres.

Com a iluminação das tochas acesas nas paredes, assim como as lanternas carregadas pelos guardas patrulhando,  Ember pôde ver o design bordado nas bandeiras. O brasão era familiar para ela.

“É… o design que tenho naquele tecido de seda,” ela disse e olhou novamente para Draven. “Por que está na bandeira do palácio real?”

“Acho que você pode adivinhar por quê,” ele respondeu.

Ember engoliu em seco e olhou novamente para a bandeira. “Como essas bandeiras estão no palácio real, então deve ser o brasão da família real governante, não é?”

“Você está certa,” ela ouviu ele dizer.

Enquanto ela olhava para aquelas bandeiras mais uma vez, suas próximas palavras foram murmuradas tão suavemente, o vento parecia levá-las embora.

“O que você está tentando insinuar, Draven?”

“Exatamente o que você pensa.”

Emoções complicadas surgiram em seu rosto, e ela apertou o braço dele. “Você está tentando me dizer que sou parte da família real de Valor?”

“Sim.”

“Você realmente acha que vou acreditar nisso?”

“Você tem que acreditar, porque é a verdade.”

“Você parece tão certo disso. Há quanto tempo você está ciente disso?”

“Há algum tempo”, ele respondeu vagamente. “Eu precisava saber tudo sobre minha companheira.”

“Então por que você não me contou antes?”

Havia culpa na voz dela, meio insatisfeita, mas Draven sentiu que ela não o dizia realmente.

“Porque você nunca me perguntou. Eu não queria interferir.”

“Então por que agora?”

“Eu senti que é a hora certa para você saber de tudo.”

“Tudo?”

“Que você é a filha do Rei de Valor, a única princesa da Família Real de Valor,” ele respondeu.

Filha do Rei.

Uma princesa real.

A única princesa.

Ember soltou-se dele por reflexo e se afastou, balançando a cabeça. Ela sentiu como se estivesse ouvindo algo errado. Draven estava apenas brincando com ela…?

“Não pode ser. Como posso ser uma princesa? Eu sou apenas… apenas… eu sou…”
Se ela é a única filha do homem mais poderoso deste reino, não deveria ser mimada por sua família, crescendo sob o olhar amoroso do povo, como todas aquelas princesas nos livros?

Draven estendeu a mão em direção à sua companheira chocada e segurou a mão dela. Seus olhos úmidos ainda estavam em choque, mas um sentimento de traição podia ser visto crescendo neles.

“É a verdade, Ember. Você é a princesa real deste reino. Você acha que eu mentiria para você?”

“T-Talvez você esteja apenas enganado.”

“Não estou. O que estou dizendo é a verdade que confirmei pessoalmente.”

As lágrimas que ela vinha segurando caíram de seus olhos. “Se… Se eu sou uma princesa, por que…? O que eu estava fazendo naquela montanha maldita? Por que me deixaram lá para viver pior que um animal? Mesmo que eles não me queriam, eles pelo menos poderiam garantir uma vida onde eu tivesse minhas necessidades básicas… Eu não tinha que… Eu… Eu não acredito!”

“Você tem que acreditar,” ele disse enquanto segurava seu rosto em suas mãos e seus polegares enxugavam as lágrimas de suas bochechas.

“Eu… Eu pensei que meus pais estivessem mortos, que foi por isso que minha babá e eu fomos forçados a viver daquela maneira para evitar inimigos,” ela soluçou. “Então, meus pais são o atual Rei e Rainha de Valor? Por que eles me abandonaram? Eles não me queriam?”

“Após seu nascimento, você foi marcada como uma criança amaldiçoada. Eles não podiam te matar, então te deixaram naquela montanha.”

“E-Eu sou amaldiçoada?”

“Não, você não é, Ember.”

“Então por quê? Eu sei que me chamam de bruxa malvada. É por isso que este reino me odiava e queria que eu morresse? M-Mas eu sou humana e nunca machuquei ninguém—”
“Humanos temem o que eles não entendem.”

“Minha família, eles queriam que eu morresse?”

Draven sabia que isso iria machucá-la e respondeu, “Talvez nem todos. Os que ajudaram a queimar aquela montanha eram os soldados reais, então isso significa que pelo menos alguém da família real queria. ”
“Minha família, minha mãe, meu pai… todos eles queriam que eu morresse?”