A Bruxa Amaldiçoada Do Diabo - Capítulo 384

384: Cozinhando 384: Cozinhando Draven cozinhando.

Fora do quarto havia uma pequena área de jantar com uma cozinha, e seu companheiro semi-nu estava de costas para ela, ocupado cozinhando. 
Ela esfregou os olhos com a mão, tentando verificar se estava sonhando ou não.

‘Ha ha, claro que isso é um sonho. Do contrário, não faz sentido. Meus sonhos têm sido tão estranhos ultimamente. Preciso sair dele.’ 
Ela beliscou o braço, apenas para reclamar de dor. 
“Ai, isso dói—”
Draven a ouviu e olhou em sua direção. Vendo sua expressão distorcida, ele caminhou em direção a ela com uma concha na mão. “O que aconteceu?”

Ela piscou várias vezes para ele. A mistura de seu cheiro de floresta, fumaça e caldo delicioso a fez olhar para ele atordoada. “É… não é um sonho?”

Ele olhou para o local vermelho no braço dela onde ela havia se beliscado e esfregou delicadamente o lugar com o polegar. “Não é um sonho.”

Ela mudou o olhar para a mesa onde podia ver peixe fresco assado, e outras comidas preparadas. “Você sabe cozinhar?”

Ele assentiu. 
Ela passou por ele e foi verificar os itens na mesa. Além do peixe assado, havia também ensopado de legumes e pão, algumas frutas cortadas, e ele parecia estar no meio de fazer sopa de cogumelos no fogão.

“Não posso acreditar. Até eu não sei cozinhar tudo isso além do básico. Como você—”
“Depois de viver por milhares de anos, se eu não soubesse cozinhar, seria uma vergonha”, ele respondeu casualmente e voltou a verificar a sopa de cogumelos no fogão. 
“Oh, bem, eu acho que faz sentido”, ela disse e se moveu para ficar ao lado dele na frente do fogão. “Posso provar?”

“Por que você não senta e espera eu terminar?” ele ofereceu, gesticulando para que ela fosse para a mesa. Duas cadeiras estavam colocadas ao redor dela, perfeitas para apenas os dois.

Apesar de sua relutância, Ember assentiu e estava prestes a deixá-lo cozinhar, mas no momento em que ela se virou, seus pés se enredaram numa confusão com o longo lençol que usava para cobrir o corpo. 
Felizmente, Draven a pegou a tempo. 
Sua mão moveu para onde ela estava segurando o lençol. Ela entrou em pânico. “Nós já fizemos tantas vezes! Não podemos—”
“Eu sei. Só estou ajudando você a prender isso para que você não caia de novo”, ele respondeu sem nenhuma mudança em sua expressão, e Ember se sentiu envergonhada por duvidar de suas intenções. 
Com o rosto corado, ela permitiu que Draven envolvesse o lençol adequadamente ao redor dela e apertasse o nó na frente do peito dela. 
Ember sorriu com a consideração dele. Draven sempre foi tão cuidadoso? Era além do esperado. Parecia que ela tinha muitos preconceitos sobre seu companheiro, e desta vez, ela estava conhecendo seu verdadeiro rosto e seus muitos lados um a um. Tudo o que ela precisava era confiar nele e se abrir para ele, o que ela já tinha feito e agora eles começaram a ser como um casal apaixonado. 
Ember sentou-se na cadeira que Draven tinha arrumado para ela. Sob seu olhar impressionado, ele também terminou de fazer a sopa de cogumelos e, após levá-la para a mesa, até arrumou a mesa, dispondo tigelas de madeira, pratos e utensílios na frente de Ember, bem como na dele. 
Após sentar-se, ele percebeu que Ember estava olhando para baixo, para a mesa. “Este lugar não tem muitos utensílios de mesa, então temos que nos virar apenas com estes.”

“Oh, não, não é isso—”
As palavras dele a trouxeram de volta à realidade, e ela percebeu que havia um mal-entendido. Ela estava atordoada porque ainda achava difícil acreditar nos pratos normais recém cozidos na mesa. Deixando a aparência de lado, o cheiro era suficiente para fazer sua boca salivar.

“Na minha caverna, às vezes até comemos na mesma panela de barro onde cozinhamos nossas refeições. Comparado a isso, ter pratos de madeira separados é muito melhor”, ela respondeu enquanto começava a escolher qual prato provar primeiro. 
Vendo sua hesitação, Draven decidiu por ela. Ele passou a ela uma tigela de sopa junto com uma colher de madeira. “Você pode experimentar isso primeiro.”

Ela aceitou imediatamente a sopa quente, mexendo-a com a colher para esfriá-la o suficiente para que pudesse provar. A primeira colherada e sua expressão se iluminou—ela esperava que fosse gostoso, mas para sua surpresa, estava melhor do que o esperado. Ela sentia como se estivesse comendo a melhor coisa do mundo. 
Fosse porque realmente estava faminta, ou porque foi pessoalmente cozinhado por seu companheiro, ela não podia dizer. 
Ela olhou para Draven com olhos brilhantes. “Está tão gostoso! Até melhor do que o que eles fazem no palácio.”

Draven podia ver o afeto dela pela comida já que ela sempre era assim. Ele simplesmente sorriu antes de colocar arroz no prato dela. “Coma isso também.” Depois disso, ele colocou um dos peixes assados no prato dele e desossou para ela poder comer diretamente sem se dar ao trabalho de separar dos ossos do peixe. 
“Mmm! Tão saboroso! Como o seu peixe assado pode ter um gosto tão diferente do que Erlos fez? Está muitas vezes melhor!” 
Ela continuou a comer enquanto o elogiava mas depois percebeu que era a única comendo. Seu companheiro nem sequer tinha dado uma única mordida, ocupado servindo-a pouco a pouco, colocando mais comida no prato dela.

“Por que você não está comendo, Draven?”

“Você pode comer primeiro”, ele disse e adicionou mais peixe no prato de madeira dela. 
Ela colocou peixe em uma colherada de arroz e ofereceu a ele. “Eu vou te alimentar.”

Draven não disse ‘não’ e abriu a boca para ser alimentado por sua companheira. Vê-la sorrir como se tivesse realizado uma grande façanha era um sentimento aquecedor. 
“O que você acha? Este peixe está saboroso, certo? O segredo é colocar temperos especiais além do sal? Você tem que me dizer”, ela disse e o alimentou novamente. 
Uma simples brincadeira, uma troca doce, Ember percebeu que estavam agindo como o marido e a mulher nos romances que ela havia lido no passado. Apenas a situação estava invertida, porque era o marido que cozinhava e a mulher que elogiava. Ainda assim…

‘Eu não teria de outra maneira’, ela não pôde deixar de pensar em seu coração.