A Bruxa Amaldiçoada Do Diabo - Capítulo 109

109: Girar ao Redor 109: Girar ao Redor ‘Essa criatura perdeu a cabeça, mas eu não posso. Preciso me controlar.’
Ele se afastou dela mais uma vez, mantendo-se a mais de um braço de distância, e ela parou de segui-lo, seus olhos fixos em seu corpo que estava visível sobre a água.

‘Tão ousada!’
Ele franzia a testa para sua audácia.

“Vire-se!” ele ordenou com uma voz alta e arrepiante, efetivamente trazendo-a de volta à realidade.

Ember sacudiu a cabeça como se alguém a tivesse esbofeteado.

“Eu disse para você se virar!” ele estalou quando ela não obedeceu imediatamente sua ordem.

Com o rosto inteiro corado de vermelho em uma mistura de horror e constrangimento, Ember quase deslizou de volta para a piscina após se virar tão rapidamente. Draven aproveitou a chance para sair da água. Ele tinha certeza de que, se não a tivesse mandado, ela teria admirado descaradamente seu corpo nu.

Ele pegou o roupão de seda que estava à espera ao lado e o vestiu. Após assegurar o cinto em sua cintura, ele ordenou, “Saia.”

Aquela câmara inteira estava repleta com o forte cheiro dela e ele queria que ela fosse embora antes que perdesse o controle.

Tremendo de medo, Ember seguiu quietamente o que ele disse. No entanto, ela mancava, já que um de seus tornozelos estava latejando de dor.

Ele a viu sair da piscina com os braços apoiando seu corpo e somente depois que ela se levantou, ele percebeu que havia algo errado com a forma como ela estava de pé.

‘Ela machucou a perna?’
No entanto, sua mente estava distraída por outra coisa que ele notou. Sua pequena companheira estava encharcada da cabeça aos pés, aquele vestido azul pálido colando em seu corpo esguio. Para a surpresa de ninguém, ele descobriu que a visão interferia em seus sentidos mais uma vez.

Conforme ela dava passos em direção à porta, ele não perdeu o grito de dor que ela soltou ao ter que colocar peso sobre uma de suas pernas.

Ele queria rosnar de frustração.  ‘Como uma humana tão frágil e fraca ousa ser minha companheira?’
A raiva era a chave para suprimir seus impulsos e ele a usava de todas as formas possíveis.

Ele caminhou em direção a ela e parou na sua frente. Ela olhou para cima, mas antes que pudesse entender suas intenções, ela foi tirada do chão. Ela estava em seus braços e ele se movimentava para levá-la para fora da câmara pessoalmente.

Ela instintivamente se agarrou a ele por causa daquela elevação repentina. Ela mais uma vez se viu encantada por seu agradável aroma, mas desta vez, ela não perdeu o controle. Ela olhou para o rosto dele, que estava desprovido de quaisquer emoções, seus olhos vermelhos simplesmente olhando para a frente.

Segurando sua respiração para evitar sentir qualquer coisa, Draven carregou a pequena companheira rebelde para fora da câmara lateral, mas ele não parou ali. Saiu de seu aposento e a levou direto de volta para suas próprias acomodações.

Não havia maneira dele mantê-la em sua câmara. Ele sentia que se a deixasse ficar por mais alguns minutos, ele enlouqueceria, mas ao mesmo tempo, ele não podia deixá-la caminhar com o pé machucado.

Quando Draven saiu de seu quarto, acontece de ser a hora em que os servos normalmente fazem suas tarefas de limpeza nesta parte do palácio. Neste horário do dia, o Rei normalmente estaria em seu escritório ou em algum lugar fora do palácio, portanto eles não esperavam vê-lo emergir de seu aposento, muito menos testemunhá-lo carregando uma humana encharcada nos braços.

O punhado de servos que estavam limpando as janelas ao longo do corredor ficaram chocados ao ver essa visão inacreditável, ao ponto de negligenciarem ver o rastro bagunçado de água deixado no chão. Eles estavam muito animados para ver o ato íntimo de seu rei carregando sua companheira.

Diante da estranha aparência em que o casal se encontrava, não demorou muito para que suas mentes pensassem que seu rei estava tendo momentos agradáveis com sua companheira, ou então não haveria motivo para o Rei alterar sua agenda repentinamente, nem para ele sair de seu aposento apenas de roupão. Além disso, como sua companheira estava encharcada de água, isso implicava o impensável.

Quando eles chegaram à ala sudoeste do palácio, Ember viu Reya e Clio esperando fora de seu quarto. No momento em que as duas criadas viram o Rei carregando sua companheira, elas correram em sua direção, mas assim que elas se afastaram da porta, ela se abriu sozinha, significando o humor do Rei.

Ember não pôde evitar tremer de medo. Ela tinha um pressentimento de que o Rei estava muito bravo com ela, talvez porque ela o perturbou ou porque ela invadiu seu quarto. Talvez fosse uma combinação de ambas as razões. Isso a fez se sentir envergonhada de seu comportamento.

‘Ele deve estar decepcionado comigo. Ele e seu povo me trataram tão bem, mas eu fui rude em troca…’
Ele a colocou na cama, e a próxima coisa que Ember soube é que ela já estava envolta em um cobertor grosso. Só então ela percebeu que estava sentindo frio depois de cair da piscina. Ela tinha estado tão confortável em seu abraço quente enquanto ele a carregava que tinha esquecido que estava encharcada da cabeça aos pés em primeiro lugar.

Draven não a olhou enquanto mal se continha e deu meia volta para sair depois de instruir os servos. “Seu tornozelo está machucado. Certifiquem-se de tratá-lo e manter o quarto mais quente do que o habitual.”

Ember ouviu suas instruções para os servos e não sabia o que pensar a respeito. Na superfície, ele agia como se a odiasse, mas depois agiu com cuidado também.

Seus pensamentos foram interrompidos pela entrada das duas criadas. Uma delas foi atendê-la enquanto a outra ia para a lareira.

“Senhorita Ember, como você está se sentindo? O que aconteceu?” Reya perguntou, vendo-a encharcada e envolvida no cobertor.

Clio repreendeu a prima. “Vá buscar uma toalha e um vestido novo para a Senhorita trocar primeiro!”

“Ah, com certeza, com certeza!”

Ember narrou o que aconteceu enquanto as duas criadas a ajudavam a trocar de roupa e secavam seu cabelo.

“Parece que eu irritei Sua Majestade mais uma vez,” Ember murmurou, enquanto Reya secava seu cabelo. Elas estavam agora em frente à sua penteadeira.

Reya ofereceu seu sorriso através do espelho. “Tenho certeza de que Sua Majestade não está zangado com você. Se eu for ser honesta, é mais provável que ele esteja preocupado com você, já que ainda está tão fraca, Senhorita Ember. Ele não deixou instruções pensando que o frio poderia afetá-la? Nunca pensei que o Rei pudesse ser tão atencioso.”

“Você acredita nisso?” Ember perguntou.

“Sim, Senhorita.” Reya assentiu. “Você é a companheira dele, então é claro que ele se preocupa com seu bem-estar.”

“Ser ‘companheira’ é algo tão especial?” ela perguntou.

Clio, que trouxe um cobertor novo para a cama, respondeu desta vez. “Claro que é especial. Uma pessoa só pode ter uma companheira na vida, e o Rei escolheu você. Isso significa que a Senhorita Ember é muito especial para Sua Majestade.”

Ember assentiu com a cabeça, sua mente vagueando enquanto ela lembrava do que acabara de acontecer.

‘Ainda assim, acho que é melhor me desculpar com ele.’