A Armadilha da Coroa - Capítulo 101

101: Me Traindo 101: Me Traindo Dentro de sua própria tenda, Xenia ainda estava ocupada demais tentando se entender. As palavras do Rei Demônio continuavam se repetindo em sua cabeça, e ela não sabia se deveria acreditar nelas ou não.

‘Que tal isso? Eu me retiro e encerro esta guerra contra Ebodia. Em troca, você me dará sua linda irmã como esposa. Eu terei a Princesa Xenia, e não atacarei mais Ebodia. Não é uma troca justa?’
“Uma troca justa…” Xenia sussurrou vazia, enquanto se sentava à beira da cama. “Talvez…”
“Minha Senhora, eu não sei exatamente o que aconteceu naquela tenda, mas você não parece bem,” Jayra comentou casualmente enquanto examinava rapidamente seu pulso. “Seja lá o que for, você provavelmente estará melhor se esquecer isso.”

Ao ouvir sua amiga, Xenia a olhou intensamente e perguntou, “O Rei Demônio nunca voltou atrás em sua palavra, certo? Há algum registro de que ele tenha feito isso?

Jayra fez uma pausa para olhar para Xenia, como se não acreditasse no que acabara de ouvir. Com uma expressão preocupada, ela perguntou hesitante, “O que você está tramando desta vez, Xenia?”

Xenia mordeu seu lábio inferior tremendo enquanto sussurrava, “Eu ainda posso acertar as coisas… Eu posso evitar que essa guerra aconteça e salvar muitas vidas inocentes de serem mortas.” Ela respirou trêmula, “Ele… ele disse que não atacaria mais Ebodia se eu me tornasse sua esposa, mas…”

Jayra levantou as sobrancelhas enquanto esperava pacientemente que sua amiga continuasse. Não havia utilidade em interrompê-la agora. O melhor que podia fazer era lhe emprestar um ouvido atento.

“Mas me pergunto se vale a pena correr o risco,” Xenia suspirou. “Você conhece alguém que saiba o suficiente sobre os reinos que sucumbiram a Helion? Podemos reunir informações suficientes deles para saber o que aconteceu depois que se renderam?” Xenia perguntou com um tom hesitante.

Ela só precisava de uma resposta positiva. Se houvesse qualquer indicação de que valeria a pena, então ela nem pensaria duas vezes antes de se sacrificar.

“Hmm… Você não está confiante de que podemos vencer esta guerra, então?” Jayra perguntou.

“Bom, eu sei que podemos vencer, mas não estou confiante o suficiente de que não perderemos muitas vidas inocentes no processo,” Xenia se explicou. “Eu quero dizer, não seria melhor se pudéssemos resolver esta questão sem ver vidas inocentes sendo apagadas por toda essa luta?”

Xenia tinha emoções misturadas sobre a situação atual, e ela sabia por certo que Ezequiel também estava preocupado com ela. Ele provavelmente já estava pensando nela fazendo outra atitude imprudente que só acabaria se machucando no processo. Heh… Seu irmão tinha razão em se preocupar…

Contudo, ela gostaria de pensar que estava tentando fazer o seu melhor para equilibrar tudo. Ela queria ter certeza de que seu possível sacrifício não seria em vão, se ela decidisse correr o risco, é claro.

Um suspiro pesado saiu dos seus lábios antes de ela adicionar, “Você acha que vale a pena correr o risco de se casar com o Rei Demônio? Eu posso casar com ele e matá-lo enquanto ele dorme ou algo assim. Assim, eu serei capaz de parar seus atos malignos de vez.”

Tão rápido quanto Xenia soltou a ideia, Jayra foi rápida em repreendê-la. “Você está louca?! Rei Devon é um demônio poderoso. Você estará morta antes mesmo de conseguir arranhar alguém como ele.”

Com o sermão de sua amiga, Xenia apenas deu um leve sorriso e respondeu, “Ei… Você disse antes que mulheres têm algumas vantagens-chave sobre os homens; que de muitas maneiras, nós podemos ser a fraqueza deles.”

“Ah, sério, Xenia! Pare com isso já,” Jayra implorou preocupada, envolvendo Xenia em seus braços no intuito de confortá-la. “Você está realmente me assustando agora.”

Sentindo o abraço de sua amiga, Xenia sentiu um nó se formar em seu peito. A culpa de ver os olhos da amiga se enchendo de lágrimas era quase forte o suficiente para fazê-la chorar.

“Darius… Ele esmagou aquele homem há pouco,” Xenia relatou fracamente. “Tenho certeza de que ele e Ezequiel vão elaborar algum tipo de plano que me tire dessa guerra… No máximo, eles provavelmente me levarão até Cordon e me trancarão lá…”

Jayra riu amargamente, seus lábios relutantemente se curvando. “Olha só você, ficando melhor em analisar coisas assim,” ela suspirou. “Ainda assim, não temos certeza se isso vale a tentativa. E se não valer? Já pensou nas consequências de não funcionar?”

Em resposta, Xenia simplesmente sorriu e rebateu. “E olhe para você… Sem palavras para tentar me convencer a não fazer, não é?” ela escarneceu vazia. “No fundo, você sabe que eu tenho um ponto válido. O Rei Demônio parece ter gostado de mim, e eu posso usar isso a meu favor. Ele vai poupar toda a gente assim que eu for com ele, então eu vou matar-”
“Absurdo!!!”

As palavras dela nunca saíram pois ela se virou para a fonte da interrupção. Era Darius, e ele havia aparecido repentinamente diante delas, sem sequer alertá-las de sua presença. Talvez ela e Jayra estivessem tão absorvidas em seus pensamentos que nem perceberam o Rei Lobisomem entrar em sua tenda.

Olhando para ele, Xenia engoliu em seco ao ver o quanto o rosto de Darius estava escuro. Estava muito mais sombrio que o próprio mau tempo.

“Você não fará tal coisa. Você já foi prometida a mim pelo seu reino, e agora você está pensando em me trair para se oferecer ao Rei Demônio?” Darius perguntou incrédulo. “Quantas vezes tenho que dizer que sua vida não lhe pertence mais?!”

Sem esperar por uma resposta, ele então olhou para Jayra com uma expressão carrancuda e disse friamente, “Nos deixe. Ninguém deve entrar nesta tenda sem a minha permissão.”

Sem dizer uma palavra, Jayra deixou a tenda rapidamente. Sozinha, Xenia sentiu seu coração bater mais forte ao ver o olhar intenso de Darius cravado em seus olhos.

Ele estreitou os olhos para ela e repreendeu, “Como você pode estar tão assustada com esse Rei Demônio quando a ira do Rei Lobisomem é muito superior? Você tem ideia do que posso fazer uma vez que minha companheira caia nas mãos de outro homem? Você acha que não sou impiedoso ou cruel o suficiente para poupar o seu reino da minha ira uma vez que você fuja de mim, Xen? Você está me subestimando?! Sou apenas uma piada para você, Xen?!”

Darius cerrava os dentes enquanto ameaçava Xenia com toda sua força. Ele estava apertando tanto os punhos que chegou a sangrar suas palmas. Sua raiva estava fervendo, e ele tinha dificuldade em controlar seu furor.

Enquanto isso, Xenia piscou diante das palavras do rei. Ela estava sem palavras ao ponto de acabar mordendo a parte interna da bochecha, sua mente girando desesperadamente sobre quais palavras seriam a escolha certa a dizer para Darius.

Ela ainda podia sentir sua intensa raiva apesar dele tentar tanto controlá-la. Seu rosto estava tão vermelho, e ela não pôde deixar de se preocupar. Ela realmente não queria que ele ficasse bravo com ela.

“Você está bravo?”

Seus olhos se arregalaram, e sua boca imediatamente se fechou ao perceber que tinha expressado seus pensamentos em voz alta.

A carranca de Darius se aprofundou enquanto ele exclamava, “Bravo?! Bravo é pouco, Xen! Eu estou mais que bravo! Estou ansioso e frustrado com o que acabei de ouvir sair de seus lábios! Estou ficando louco agora! Tudo o que quero é ir imediatamente para o acampamento Helion mais próximo e matar o Rei Demônio neste instante!!!”

“Não, por favor, não faça isso,” Xenia exclamou, aterrorizada. Ela não queria que Darius agisse por impulso assim. Ela não queria vê-lo se machucar.

“Eu não posso fazer isso, mas você pode, Xen?” Darius zombou. “Você está dizendo que é mais capaz de matar o Rei Demônio do que eu, hein?”

Houve um segundo de silêncio ensurdecedor entre eles antes de Darius decidir quebrar o impasse enlouquecedor.

“Então me conte sobre esse grande plano seu. De você me trair.”

“T-Trair?!” Xenia esbravejou.

“Como mais chama isso, Xen? Eu sou seu futuro marido, e aqui está você planejando me trair e fugir para o diabo,” Darius apontou. “Você prometeu para mim que nunca fugiria de mim, mas olha só você agora, já ocupada pensando em quebrar essa promessa.”